Aracaju/SE - O Ministério Público Federal do Trabalho, por meio da Procuradoria Regional da 20ª Região, em Aracaju, instaurou procedimento preparatório de investigação para apurar a posição da empresa Gol Transportes Aéreos Ltda., no caso da agressão racista praticada pela médica Ana Flávia Pinto contra o supervisor da companhia, Diego José Gonzaga, em outubro passado.
O Procurador Mário Luiz Vieira da Cruz - cuja intervenção foi pedida pela Ouvidoria da Seppir - já marcou audiência para esta quarta-feira (16/12), e deu a Gol prazo de 10 dias para que informe o endereço do funcionário vítima da agressão.
Audiência Pública
A abertura do procedimento foi anunciada nesta segunda-feira (14/12) em audiência pública, no Auditório da Secretaria da Inclusão Social, no Bairro São José, e que contou com a presença do ouvidor da Seppir, advogado Humberto Adami.
Além de Adami, a audiência contou com a presença da delegada Georlize Teles, coordenadora do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), da Secretaria de Segurança de Sergipe, e do coordenador de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado, Pedro Neto.
A delegada Georlize anunciou que já está concluindo o inquérito que deverá indiciar a médica por crimes previstos na Lei 7.716/89.
Descontrole e agressão
A agressão aconteceu no momento em que Ana Flávio Pinto foi impedida de seguir viagem para Buenos Aires, por ter chegado atrasada ao embarque. Recém-casada, ela chegou ao aeroporto, acompanhada do marido, quando o avião ainda estava no páteo, mas já com portas fechadas para a decolagem.
Descontrolada invadiu o balcão do check-in e passou a xingar os funcionários, dizendo “serem um bando de analfabetos, mortos de morto sem dinheiro nem para comprar feijão" e arrematou dirigindo agressões de natureza racial contra Diego. "Esse nego", disse aos gritos em tom ofensivo e depreciativo.
"Expliquei que eles seriam encaixados para embarcar no voo da tarde, mas ela queria embarcar naquele voo, mas não adiantou", contou Gonzaga.
O vídeo mostrando o descontrole e as agressões acabou indo parar no Youtube e já tem mais de 100 mil acessos. Segundo a delegada Georlize, o vídeo será usado como prova. "Todas as provas são fundamentais, mas o vídeo é uma boa prova. Acredito que a perícia não será necessária", informou Georlize. A previsão é que o inquérito policial seja concluído em um prazo mínimo de 30 dias.
O advogado da médica, Emanuel Cacho, disse que a médica estava emocionalmente estressada e perdeu o controle o controle ao saber que não poderia passar a noite de lua de mel em Buenos Aires, conforme programara. “Ela pede desculpas as pessoas e a sociedade pelo que ocorreu”, disse Cacho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário