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Cachoeira do Sul, Rs, Brazil
Fundada em 19 de Junho de 2000, com objetivo de pesquisar, resgatar e incentivar a cultura e os costumes da raça negra através de atividades recreativas,desportivas e filantrópicas no seio no seu quadro social da comunidade em geral, trabalhar pela ascensão social, econômica e politica da etnia negra, no Municipio, Estado e no Pais.

domingo, 30 de novembro de 2008

Micael Borges, o primeiro protagonista negro de "Malhação": "A história está mudando!"


Ele está há 15 anos fazendo teatro no grupo Nós do Morro e em 2009 irá experimentar algo totalmente diferente: atuar na televisão e encarar o desafio de interpretar um dos personagens principais da nova temporada de "Malhação".

Micael Borges será o primeiro protagonista negro da novela teen e disse estar feliz não só pela chance que lhe foi dada, mas também pelo novo rumo que "Malhação" está tomando.

"A história está mudando, os personagens estão mudando, está tudo ficando cada vez mais real, mais legal e eu fico feliz de fazer parte desse momento", disse o ator em entrevista para o site da CAPRICHO.

Quantos anos você tem, Micael?

Tenho 19. E faço teatro há 13 anos.

Nossa... Você já subiu no palco bebê então...(risos)

Comecei bem cedo, com 6 anos de idade. O ator Thiago Martins, meu amigão, me chamou na época. Somos irmãos praticamente. Fomos criados juntos. Depois da minha primeira peça, me apaixonei pelo palco. É amor mesmo. Teatro é a minha casa. Agora é a vez da televisão...

Se o teatro é sua casa, o que é a televisão agora?

Acho que ela é algo novo, excitante, diferente. Estou adorando. É tudo novo pra mim e isso é muito legal. Tô feliz pra caramba. Cada dia eu aprendo uma coisa nova e vou ter um personagem bem legal. Já tinha feito o teste duas vezes para a "Malhação", mas só agora consegui entrar. Tô ansioso.

Você sempre assistiu "Malhação"?

Era um fã da novela?Claro! Via muito e até hoje assisto. É legal. Trata de assunto que interessa os jovens. Gostava muito e ainda gosto. Lembro até da época que o André Marques fazia o Mocotó (risos)...

E te incomodava o fato dos galãs serem sempre brancos ou loirinhos de olhos azuis?

Não incomodova não. Não era uma coisa que me fazia sentir excluído, mas eu sempre sentia falta de uma mistura no elenco. Aquilo não parecia Brasil. Mas do ano passado pra cá tudo começou a mudar. Quando eu percebi isso, achei muito legal.
E agora você é o primeiro protagonista negro da "Malhação"...Pois é! Eu nunca esperava ser um dos protagonistas. A história está mudando, os personagens estão mudando, está tudo ficando cada vez mais real, mais legal e eu fico feliz de fazer parte desse momento.. Mas apesar do meu tom de pele, não sei se posso dizer que sou negro.

Por quê?

Ih... A história é longa... Assim como a maioria dos brasileiros, na minha família existem negros, brancos e índios. A minha mãe é branca, tenho um irmão branco dos olhos claros, a outra irmã é mulata, o meu irmão mais novo é branco e o meu pai é negro. Por isso eu sou assim. E a parte indígena é da minha bisavó. Quando falam isso, que sou o primeiro protagonista negro, eu acho positivo mesmo assim. Porque também sou negro (risos). Eu represento essa parte agora. Conta um pouco como vai ser o seu personagem Luciano, em "Malhação"...Ele é filho de pescador, vive na praia, trabalhando e sempre apaixonado (risos). Na trama, ele se apaixona pela melhor amiga e vai ter que lutar pelo amor dela com o personagem interpretado pelo Daniel Dalvin. Você encontrou alguma semelhança entre o Luciano e você?Ele tem humildade e eu também sou assim. Ele também batalha muito pra ter as coisas dele. Desde pequeno, sempre fui assim. Comprei meu apartamento, meu carro e vou comprar apartamento pra minha mãe com o meu dinheiro. O Luciano também é assim. Ele trabalha com turistas na ilha e ganha o dinheiro dele.
Os atores de televisão já estão te dando dicas para lidar com o sucesso?

A gente teve uma conversa com o diretor, Marcos Paulo. Ele disse pra gente tomar cuidado com isso ou aquilo. Disse pra gente ter muita disciplina, fé, respeito, humildade e generosidade. Isso pra mim vai ser fácil. Eu sempre segui isso desde pequeno. Todos nós do grupo Nós do Morro somos ensinados assim. Isso é algo que nunca vou esquecer.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

UFPEL ENCERRA CURSO 'MAMA ÁFRICA"


O encerramento ocorre no Clube Cultural Fica Ahi, às 19 horas, em Pelotas, com o palestrante Dr. Fábio Leite.A Pró-reitoria de Extensão e Cultura da UFPel e de todos os envolvidos no Curso de Formação Continuada de Professores "Mama África", do programa Buscando as Origens - UFpel, convidam para o encerramento do curso com a presença do prof. Dr. Fábio Leite (Centro de Estudos Africanos da USP e Casa das Áfricas), que ministrará a palestra "Socialização e Cidadania entre os Senufo da Costa do Marfim - África Negra".
Será vendido o livro "A QUESTÃO ANCESTRAL", de Fábio Leite.

Sobre o Palestrante:
Fábio Leite nasceu no Brasil, bacharelou-se em Ciências Políticas e Sociais na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e doutorou-se em Ciências Humanas (Sociologia) na Universidade de São Paulo (USP). Ligado ao Centro de Estudos Africanos da USP (CEA/USP) desde 1974, nele integrou-se formalmente em 1983 exercendo atividades administrativas, de pesquisador, de membro do Conselho Deliberativo e do Conselho Editorial da revista África do CEA, coordenando também a area de África do Oeste e o curso de Língua Ioruba. Em fins de 1977, foi enviado pela USP para colaborar na implantação de um curso de português e civilização brasileira na então Universidade Nacional da Costa do Marfim ( hoje Universidade de Cocody) dando início ao convênio internacional estabelecido entre as duas universidades. Permaneceu no continente africano de 1978 a 1981, época em que realizou pesquisa de campo para elaboração da tese que acaba de ser publicada. Em 1986 foi credenciado como docente no Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia da FFLCH da USP na linha de pesquisa de sociologia da África Negra, orientando ainda vários candidatos ao mestrado e doutorado, sempre naquela linha de pesquisa. Participou de cerca de cem eventos - palestras, encontros, comunicações, entrevistas a rádios, jornais e televisões - nacionais e internacionais inclusive como “expert” pela UNESCO, todos ligados à sua área de estudo.

Cinema Infantil

De 3 a 5 de dezembro, o CTAv/SAv promove mostra em escolas municipais de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro
Com o intuito de difundir o cinema brasileiro para o público infantil, o Centro Técnico Audiovisual, órgão vinculado à Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em parceria da Secretaria de Educação e Cultura de Nova Friburgo, realizará a Mostra de Cinema Infantil para Escolas Municipais, entre os dias 3 a 5 de dezembro, no Centro de Arte daquela cidade do estado do Rio de Janeiro.
Destinada a estudantes de 6 a 12 anos de escolas municipais, a Mostra terá, em sua programação, desde filmes produzidos na Década de 40, como O Dragãozinho Manso (1942), de Humberto Mauro, até as animações mais recentes em stop motion, como Minhocas (2005), de Paolo Conti, ou em 3D, como Para chegar até a Lua (2005), de José Guillermo Hiertz.
O evento contará, ainda, com a presença de Telmo Carvalho no dia 5 de dezembro, animador que reside atualmente na cidade e que terá dois dos seus filmes em exibição: Campo Branco e O Tempo Todo.
A Mostra de Cinema Infantil é um projeto cuja curadoria é de Paulo Rocha e a coordenação de Joana Nogueira. Para saber mais sobre a iniciativa, assim como a programação completa, acesse o site www.ctav.gov.br.
Fonte: CTAv/SAv

Cinema Infantil

De 3 a 5 de dezembro, o CTAv/SAv promove mostra em escolas municipais de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro
Com o intuito de difundir o cinema brasileiro para o público infantil, o Centro Técnico Audiovisual, órgão vinculado à Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em parceria da Secretaria de Educação e Cultura de Nova Friburgo, realizará a Mostra de Cinema Infantil para Escolas Municipais, entre os dias 3 a 5 de dezembro, no Centro de Arte daquela cidade do estado do Rio de Janeiro.
Destinada a estudantes de 6 a 12 anos de escolas municipais, a Mostra terá, em sua programação, desde filmes produzidos na Década de 40, como O Dragãozinho Manso (1942), de Humberto Mauro, até as animações mais recentes em stop motion, como Minhocas (2005), de Paolo Conti, ou em 3D, como Para chegar até a Lua (2005), de José Guillermo Hiertz.
O evento contará, ainda, com a presença de Telmo Carvalho no dia 5 de dezembro, animador que reside atualmente na cidade e que terá dois dos seus filmes em exibição: Campo Branco e O Tempo Todo.
A Mostra de Cinema Infantil é um projeto cuja curadoria é de Paulo Rocha e a coordenação de Joana Nogueira. Para saber mais sobre a iniciativa, assim como a programação completa, acesse o site www.ctav.gov.br.
Fonte: CTAv/SAv

Cinema Infantil

De 3 a 5 de dezembro, o CTAv/SAv promove mostra em escolas municipais de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro
Com o intuito de difundir o cinema brasileiro para o público infantil, o Centro Técnico Audiovisual, órgão vinculado à Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em parceria da Secretaria de Educação e Cultura de Nova Friburgo, realizará a Mostra de Cinema Infantil para Escolas Municipais, entre os dias 3 a 5 de dezembro, no Centro de Arte daquela cidade do estado do Rio de Janeiro.
Destinada a estudantes de 6 a 12 anos de escolas municipais, a Mostra terá, em sua programação, desde filmes produzidos na Década de 40, como O Dragãozinho Manso (1942), de Humberto Mauro, até as animações mais recentes em stop motion, como Minhocas (2005), de Paolo Conti, ou em 3D, como Para chegar até a Lua (2005), de José Guillermo Hiertz.
O evento contará, ainda, com a presença de Telmo Carvalho no dia 5 de dezembro, animador que reside atualmente na cidade e que terá dois dos seus filmes em exibição: Campo Branco e O Tempo Todo.
A Mostra de Cinema Infantil é um projeto cuja curadoria é de Paulo Rocha e a coordenação de Joana Nogueira. Para saber mais sobre a iniciativa, assim como a programação completa, acesse o site www.ctav.gov.br.
Fonte: CTAv/SAv

Novembro Negro, O mês da Consciência Negra traz...

... traz diferenças à população baiana
Durante todo o mês de novembro, definido como Novembro Negro, a Bahia vai comemorar o Dia da Consciência Negra, em homenagem à luta e resistência da população afro-descen-dente, que tem Zumbi dos Palmares como mártir.
O dia, comemorado em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, marca a luta negra por uma sociedade mais justa.
Os primeiros negros pisaram em solo brasileiro na época da colonização. Os portugueses os traziam da África e, como todos conhecem a história, por muito tempo foram escravizados. Entre-tanto, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, a escravidão teve fim. Pelo menos é o que nos conta a história.
Na prática, a coisa foi bem diferente. Os negros, que eram completamente depen-dentes dos seus patrões, não tinham para onde ir, já que não tinham salário, moradia ou qualquer outra 'regalia'. Assim, o marco do fim da escravização não trouxe, à população negra, direito algum.
A escravidão tinha terminado, mas os negros continuavam à margem da sociedade.
Hoje, 120 anos após a assinatura da Princesa Isabel, vivemos em um mundo onde diz-se que os direitos humanos são respeitados. O Brasil, país onde encontra-se negros de Norte a Sul, sofre, ainda, com o preconceito racial. Devido a isso que o Dia da Consciência Negra foi criado: desmistificar a idéia retrógrada que per-manece, na cabeça de muitos, que é a raça que importa no convívio social.
As comemorações do Mês da Consciência Negra, em Valença, foram iniciadas na segunda-feira (17), com uma palestra que abordou os temas diversidade e globalização, herança cultural africana, consciência negra e relações étnico-raciais na educação básica. Além desta palestra, que aconteceu no Centro de Cultura, foi realizado evento na Fazag, com o mesmo enfoque e acontece nesta quinta-feira (20), uma caminhada pelas principais ruas da cidade.
Na Bahia, o Novembro Negro conta com as iniciativas do Estado de promoção social dos povos e comunidades tradicionais. Uma delas é a criação de sete centros de referência de assistência social (CRAS), exclusivos para a população remanescente de quilombos. Isso contribuirá para a promoção social da população negra do estado, que sofre, há tempos, com a ausência de políticas públicas que lhe garanta direitos.

Petros homenageia Abdias do Nascimento


Ativista pelos direitos dos afro-descendentes, o escritor e artista plástico será homenageado em cerimônia de premiação do VIII Concurso de Contos da Fundação Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros), na próxima sexta-feira, dia 28 de novembro. Abdias do Nascimento é um dos maiores intelectuais brasileiros e símbolo da defesa da cultura e igualdade de direito para as populações afro-descendentes.

A homenagem ocorrerá durante o lançamento do livro do VIII Concurso de Contos da Petros, uma iniciativa de estimulo às artes e à literatura entre seus mais de 120 mil participantes. A antologia reúne as obras vencedoras em 2008. Já foram homenageados em edições anteriores Érico Veríssimo, Mario Quintana e Ariano Suassuna.

A homenagem a Abdias do Nascimento, que fará parte do livro com os 11 textos selecionados, marca também a passagem dos 120 anos da abolição da escravatura. Entre as atrações, estão previstas apresentações dos músicos Paulo Moura e Laudir de Oliveira e um bate-papo com o cantor, compositor e escritor Nei Lopes.

Os 100 anos da Umbanda

O Brasil, maior país católico do planeta, tem uma religião de feições afro-índigenas e características nacionais. A Umbanda completou 100 anos no dia 15 de novembro de 2008, segundo o censo do IBGE de 2001 ela tem 432 mil adeptos.
Sob o lema do Amor, Humildade e Caridade essa religião superou todos os obstáculos como credo popular, haja vista os difíceis momentos em que sua prática virou caso de polícia, pois era proibida. Durante o Estado Novo, na década de 30, Getúlio Vargas criou a Inspetoria de Entorpecentes e Mistificações para combater seus cultos, época em que eles aconteciam de forma clandestina.
A Umbanda, que significa para todas as bandas, nasceu no Rio de Janeiro no dia 15/11/1908, através do médium Zélio Fernandino; então com 17 anos, cuja inspiração para o início das práticas mediúnicas vieram por meio do caboclo das 7 Encruzilhadas que afirmara que estava vindo naquele momento para oficializar uma nova religião onde não existiria nenhum tipo de discriminação e que estaria aberta para qualquer um.
A Umbanda é composta de um único deus (Olorum, que é o criador de tudo e todos), onde seus frequentadores (os de "filhos de fé") reverenciam entidades superiores denominados orixás, sendo o principal Jesus (Oxalá).
A associação da religiosidade africana aos elementos do catolicismo aconteceu principalmente como estratégia de sobrevivência nas senzalas contra os maus-tratos e os castigos fisícos impostos aos escravos; pois os senhores de engenho não admitiam cultos que não fossem a fé européia, daí nasceu o sincretismo religioso, pelo qual os negros associavam os orixás aos santos de seus senhores, mas na verdade estavam mesmo é praticando a fé dos ancestrais africanos. Essa fusão da Umbanda com os elementos das culturas afro ( jêje, nagô, banto e mina), pajelança, cardecismo, catolicismo e da natureza são as bases dos rituais umbandísticos.
Os cultos da Umbanda eram feitos em tendas, posterioremente terreiros. O primeiro deles foi o Centro de Umbanda Nossa Senhora da Piedade.
E a religião passa a ser conhecida como “macumba”, tipo de madeira usada para fabricar o atabaque, principal instrumento musicial tocado na Umbanda e outras religiões de matriz africana. Em nossos dias a denominação macumba tem, em algumas regiões brasileiras, conotação pejorativa.
Em 1946, graças à emenda na Assembléia Constituinte proposta pelo escritor-deputado Jorge Amado, do PCB, hoje PCdoB, a liberdade de culto foi aprovada. Porém, foi o ex-governador de São Paulo, Adhermar de Barrros, “o defensor da Umbanda”, quem deu apoio, nos anos 50, aos terreiros para que eles se registrassem nos cartórios, inaugurando um breve período em que a religião deixou de ser “caso de polícia”.
Após o Concicilio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, a Igreja Católica passa a dialogar com as religiões de inspiração afro-índigena, mas o preconceito e a perseguição só começam a ser tipificados como crimes de intolerância religiosa a partir da promulgação da Constituição de 1988.
fONTE: www.afropress.com.br, editor Alexandre Braga

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Miss Brasil Negra


Porto Alegre/RS - A gaúcha Deise Nunes, 40 anos, a primeira Miss Brasil negra, diz a repórter Vivian Whiteman, para a coluna da Mônica Bergamo, da Folha, que algo está mudando para os negros. Ela acrescenta que está na hora de outra miss Brasil negra.
A ex- miss Brasil e atualmente modelo e apresentadora de TV, além de jurada em concursos, foi descoberta para o Miss Brasil quando, em 1.984, concorreu ao concurso Rainha das Piscinas, realizado em Porto Alegre. O concurso era considerado uma das vitrinas para mulheres que ambicionavam ao título de a mais bonita do Brail.

Ela conquistou o título mas a coroação, ela lembra, foi tumultuada. As famílias das demais candidatas reclamaram e a votação teve de ser repetida por três vezes para confirmação da vitória de Deise. O motivo, era mais do que previsível, considerando-se que Deise, sendo negra, concorria ao título de Miss, em um dos concursos mais representativos do Rio Grande do Sul, conhecido pela beleza das mulheres loiras, em virtude da forte presença da imigração européia. Eleger uma negra era um absurdo, achava o coro dos inconformados.

Comentários maldosos

“No dia, percebi alguns comentários maldosos, mais só fui saber dos detalhes depois. Foi uma passagem lamentável”, lembra Deise que, dois anos depois, – em 1.986 – foi coroada a primeira - e até hoje única – Miss Brasil negra.No Concurso Miss Universo ela ficou entre as finalistas, terminando em sexto lugar. “As outras concorrentes estranhavam.

Geralmente as negras do concurso vinham só da África. Hoje isso já mudou um pouco”, acrescenta.O incidente na primeira competição em Porto Alegre, por pouco não fez Deise desistir da carreira de modelo. Segundo ela isso só não aconteceu por conta dos conselhos recebidos da mãe. “Ela me mostrou que o racismo existia, mas que eu não poderia aceitá-lo calada. Muitos negros se resignaram, aceitaram a vitimização. Eu não me conformo com isso. É tudo difícil, mas é preciso insistir e insistir mais, até o fim”, acrescentou.

Hoje, casada, mãe de dois filhos, morando em Porto Alegre e trabalhando como modelo e apresentadora de programas de TV, ela está otimista com os sinais de mudança. “Os negros deixaram de ganhar só os papéis de pobres e de marginais nas novelas e nos filmes. O novo presidente dos EUA é negro. Algo está mudando de fato. Já está na hora de aparecer outra miss Brasil negra. Espero que ela possa chegar mais longe do que eu”, conclui.

Número de vagas em Universidade triplicará

S. Paulo - Uma vez aprovada pelo senado e sancionada pelo presidente da República, a Lei que cria cotas nas Universidades Estaduais e Federais (projeto da deputada Nice Lobão (DEM-MA), aumentará de 21 mil para 72 mil o número de vagas – hoje reservadas para negros e indígenas – além de estudantes pobres das escolas públicas, segundo o Mapa das Ações Afirmativas da Universidade do Estado do rio de Janeiro (UERJ).
O projeto prevê a reserva de 50% das vagas para estudantes que cursaram o ensino médio na escola pública, e uma cota para negros e indígenas proporcional a presença desses segmentos em cada Estado da federação.
O Mapa elaborado pelos pesquisadores Renato Ferreira e Anísio Borba, do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade, aponta que apenas nove das 105 instituições federais de ensino superior do país, atenderam até agora o critério da reserva de 50% das vagas nos seus vestibulares. Outras 19 que já adotam algum tipo de reserva, teriam que elevar o percentual.
No total de 144 mil vagas oferecidas pem 2.006, apenas 21 mil foram reservadas – cerca de 14%.
Cotas na USPN
o caso de S. Paulo, por exemplo, a USP - a mais prestigiada universidade pública do país - que se mantém resistente a qualquer política de ação afirmativa, terá de reservar 50% das vagas para alunos da escola pública e, dentro dessa reserva - 30,9% para negros e indígenas. Esse é o percentual de negros no Estado.
O Mapa também aponta que, além das 28 universidades federais que já adotam algum percentual de cotas, outras como a Unicamp (Campinas) a Universidade federal fluminense, a de Pernambuco, a Rural de Pernambuco e a do Rio Grande do Norte, ao invés, de cotas, adotaram algum tipo de bônus no vestibular, ao invés da reserva de vagas.
Até o momento, 60 universidades estaduais, federais e municipais já adotam algum tipo de ação afirmativa, inclusive cotas.
Vagas não preenchidas
Levantamento feito pela Folha de S. Paulo, no ano passado, segundo informam os jornalistas Antônio Gois e Fábio Takahashi, mostrou que, em 9 das 15 universidades analisadas, os lugares para cotistas não foram totalmente ocupados.
Em números absolutos – cerca de 2 mil das 6 mil vagas não foram preenchidas, por duas razões: em alguns cursos a procura não foi suficiente para chegar ao mínimo de vagas; e em outros os estudantes negros e indígenas não atingiram a pontuação mínima – variável em cada instituição – para ser aprovado.
Nesses casos, contudo, não houve qualquer prejuízo para a universidade porque as vagas foram colocadas à disposição pelo critério universal. Em todas as universidades onde foi adotado o sistema de ações afirmativas (com cotas ou não), foi derrubado um mito dos setores contrários as ações afirmativas e as cotas: não houve quedra do nível, segundo os reitores.“Com a reserva de vagas, são aprovados talentosos estudantes, que antes ficavam fora por poucos pontos no vestibular.
Fizemos uma reparação histórica com a sociedade e, além disso, o nosso monitoramento mostra que a qualidade dos cursos não caiu”, disse Naomar de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), que desde 2005 adota o critério da reserva de 45% das vagas para estudantes da escola pública, incluidos negros e indígenas.
Fonte: Afropress

Datafolha mostra que 26% dos brasileiros têm idéias racistas

S. Paulo - Pesquisa do Instituto Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo, aponta que um percentual que varia de 3% a 26% dos brasileiros – entre 550 mil a 47 milhões de pessoas - são, ou assumidamente racistas, ou cultivam no seu imaginário idéias associadas a inferioridade inata dos negros.
Os assumidos, que dizem ter preconceito anti-negro, são 3% dos entrevistados, porém, entre 9% e 26% das pessoas ouvidas na pesquisa assumiram estar de acordo com frases padrão do imaginário da supremacia branca, tais como: “se Deus fez raças é para que elas não se misturem”; Negro, quando não faz besteira na entrada, faz na saída”; “as unicas coisas que os negros sabem fazer bem são música e esporte” e “negro bom é negro de alma branca”.Os entrevistados que dizem concordar com tais frases foram, pela ordem, 9%, 10%, 20% e 26% - mais de um quarto da população do país – respectivamente. Os números do DataFolha mostram também que o país não se vê mais como majoritariamente branco – apenas 37% das pessoas entrevistas se consideram brancas, contra 36% de pardos, 14% de pretos, 4% de morenos, 5% de indígenas e 3% de amarelos.
Em 1.995, quando a Folha realizou a última pesquisa – por ocasião da passagem dos 300 anos da morte de Zumbi - os números eram outros: 50% brancos, 29% pardos; 12% preta; 6% indígena e 3% amarelos.
Os números da pesquisa, publicada na edição do jornal deste domingo (23/11) mostram, segundo analistas ouvidos pela Afropress, apenas a ponta do iceberg do racismo no país, já que são naturalmente mascarados pela modalidade praticada no Brasil – dissimulado e não assumido. Chama a atenção, acrescentam, o fato de que frases com óbvio teor discriminatório contra os negros, serem assumidos por até 26% dos entrevistados – quando os brancos representam 37% das pessoas ouvidas.
Radiografia do racismo
Mesmo assim – 3% dos entrevistados assumem ter preconceito em relação aos negros, enquanto que 91% dos entrevistados reconhecem que o Brasil pratica preconceito anti-negro. Tomando como parâmetro a pesquisa realizada em 1.995, quando os percentuais de quem se assumia racista chegavam a 11%, o jornal abriu manchete do Caderno em que traz os números da Pesquisa: “Diminui preconceito entre brasileiros – Datafolha revela que caiu racismo no país, que também deixa de se ver como majoritariamente branco”. Em 1.995, a Folha entrevistou 5.081 pessoas em 121 cidades, e 89% das pessoas ouvidas disseram haver racismo no Brasil. Desta vez foram ouvidas 2.982 pessoas em 213 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Supremacia branca
Os percentuais dos entrevistados que aprovavam as idéias legitimadoras da supremacia branca, eram ainda mais elevados em 1.995, quando 23%, 24% 43% e 47%, respectivamente, disseram concordar com as frases associadas a inferioridade negra.

Fonte: afropress

Afinal, onde estão os negros do Brasil?


Afinal, qual a situação dos negros na atualidade? 120 anos após a abolição da escravatura a etnia ainda é vítima de preconceito velado e luta para conquistar seu espaço. Este e outros temas como religiosidade afro e auto-estima estarão em debate amanhã, às 20h, na Câmara de Vereadores. O evento é promovido pela Associação Cachoe-irense de Cultura Afro-brasileira (Acca), aberto gratuitamente ao público.
A vice-diretora da Escola Marieta Ribeiro, Telda Assis, será uma das palestrantes. Ela falará justamente sobre o papel que os negros ocupam na sociedade atual. “Feliz do negro que teve e tem a oportunidade de crescimento intectual e profissional, por isso sou a favor das cotas sejam em cargos públicos ou universidades. Elas são a oportunidade para aqueles que ainda lutam arduamente por seu espaço”, defende Telda

PERIFERIA - Dados da pesquisa que será apresentada por Telda dão conta de que 70% das pessoas que vivem nas periferias são negras. “Apesar de algumas dificuldades impostas pela sociedade, os negros vêm com muito empenho melhorando suas condições de vida nos últimos anos”, ressalta Telda. Ela também falará sobre a Lei 10639/2003, que torna obrigatória a inclusão de história e cultura afro nos currículos escolares.


O que diz o estudo de Telda
>> SAÚDE
Os dados revelam que uma criança negra de até 5 anos de idade tem 67% a mais de chances de morrer do que uma criança branca, concluindo que 76 crianças negras morrem para cada mil nascidas vivas. Entre as crianças brancas este número é de 46 para cada mil.
>> EMPREGO
Já entre os adultos, os homens e mulheres negros que trabalham com carteira assinada representam 41% e os brancos 58%. Para cada 100 empregados, 51 sobrevivem com um salário mínimo. Destes 79% são negros.
>> CLASSE MÉDIA
O crescimento econômico do país em 2007 beneficiou, de maneira particular, a população negra. Foi o que revelou o estudo A Nova Classe Média, divulgado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com o levantamento, a quantidade de afrodescendentes na classe média aumentou de 39,24% em 2002 para 50,87% em 2007, um avanço de 11 pontos percentuais. No mesmo período, a quantidade de brancos na classe média saltou de 43,64% para 51,57%, ou seja, um avanço mais tímido, de aproximadamente oito pontos percentuais.
>> POBREZA
Apesar do crescimento, a quantidade de negros na classe C (média) está ligeiramente abaixo da média geral da população. Um dos principais critérios usados pela FGV para definir alguém como pertencente à classe média é a renda familiar mensal, compreendida entre R$ 1.064 e R$ 4.561.
>> TRABALHO INFANTIL
Em relação à sua inserção precoce no mercado de trabalho, os negros de 10 a 14 anos somam 20,5% em relação aos brancos de mesma faixa etária, com 14,9%. É importante ressaltar que a maioria dos trabalhadores no Brasil é composta por negros.
>> EDUCAÇÃO
A respeito da área de ensino no país, cerca de 18% da população não sabe ler nem escrever. Deste índice, 35,5% são negros, enquanto que os brancos detêm uma margem de 15%. Em todos os níveis de escolaridade a participação do branco é superior em relação aos negros. O sistema de cotas possibilitou que o número de negros que ingressam em universidades aumentasse nos últimos cinco anos.
>> VIOLÊNCIA
Segundo um levantamento realizado pelo Ministério da Justiça, a quantidade da população carcerária é constituída por 95% de pessoas pobres. Dentro dessa porcentagem, 65% são negros. Além disso, 27% dos brancos respondem em processo de liberdade, enquanto que apenas 15% dos negros desfrutam do mesmo direito.
>> JUSTIÇA
Um outro dado revela também que 42% dos brancos que estão presos apresentam testemunhas de defesa ao tribunal e somente 25% dos negros conseguem apresentar este tipo de prova. Em relação ao índice de condenados que são absolvidos, os negros detêm uma porcentagem de 27% e os brancos chegam a 60% de absolvidos.
>> BRASIL
Apesar de haver mais de 65 milhões de negros no país, a maioria é de analfabetos, tendo o menor salário, representando a grande maioria da população carcerária, bem como nas favelas e no subemprego, e sendo ainda a minoria nas universidades e no mercado de trabalho.


Cotidiano- Racismo é denunciado


A autônoma Georgina Cristiane Dias participou do encontro de griots para mostrar que casos sérios de racismo ainda são uma realidade na cidade. Vinda de Porto Alegre há um ano para residir em Cachoeira, ela já enfrentou recusa de venda em uma loja, teve seu carrinho de compras retirado de suas mãos em um supermercado quando seu cartão de crédito apresentou defeito e até já viu sua família ser revistada por policiais durante o último Carnaval por conta do carro de alto valor em que passeavam.
A casa de sua mãe, onde está residindo, já foi apedrejada pelos vizinhos, que justificavam o ato com termos racistas. “Nunca enfrentei tanto racismo como aqui, mas quero criar meus filhos nesta cidade, que tem alta qualidade de vida. Tento não me deixar abater, ando de cabeça erguida, vestindo meu estilo afro”, salienta a mãe dos pequenos Pâmela e Filipe.
Fonte: www.jornaldopovo.com.br

Dora Abreu revela as belas de 2008




Escola Municipal Dora Abreu recebeu sábado o concurso Beleza Negra das Escolas Municipais para o encerramento de sua Semana da Consciência Negra 2008, evento que promoveu durante seis dias oficinas, palestras, contação de histórias, apresentações de filmes e artísticas, além de competição de penteados e pratos afro. 11 meninas oriundas da Dora Abreu e da Escola Municipal Milton da Cruz disputaram o título máximo das categorias mirim (8 a 9 anos), infanto-juvenil (9 a 11 anos) e juvenil (12 a 17 anos).Diante dos sete jurados, que avaliaram as meninas na quinta-feira, as participantes tiveram que apresentar conhecimentos sobre a história, cultura e temas atuais sobre a etnia. Danças e pratos típicos também fizeram parte do leque de talentos apresentados pelas estudantes. A festa da divulgação teve ainda uma quizomba animada pelos ritmos afro-brasileiros e apresentações artísticas no pátio da escola.



OS RESULTADOS

Mirim


Beleza negra - Natália Silva (Milton da Cruz)


1ª princesa - Larissa Freitas (Dora Abreu)


2ª princesa - Natália Souza (Dora)
Infanto-juvenil


Beleza negra - Carin Fagundes (Dora)


1ª princesa - Rithele Rosa (Dora)


2ª princesa - Cíntia Machado (Dora)


Simpatia: Jaqueline Dutra (Milton)


Participação: Miriane dos Santos (Milton)
Juvenil


Beleza negra - Maiara Ribeiro Ferreira (Milton)


1ª princesa - Marta Cristina Lopes Rodrigues (Dora)


2ª princesa - Adeline Machado da Silveira (Milton)

Contadores de histórias marcam presença


Um dos maiores destaques da Semana da Consciência Negra da Escola Municipal Dora Abreu foi o encontro dos griots, nome africano que identifica os contadores de histórias.

Um grupo de afrodescendentes, especialmente idosos, se reuniu na noite de quarta-feira para relembrar histórias de décadas passadas e aquelas ainda mais antigas, contadas por pais e avós.
A ativista negra Maria Eloá dos Santos, uma das participantes, relembrou o preparativo das festas em homenagem ao Dia de Nossa Senhora do Rosário, considerada padroeira dos negros, quando os devotos iam às casas pedir colaborações para a quermesse da data.

Outra lembrança trazida por Eloá foi o horário das missas da Catedral Nossa Senhora da Conceição: às 6h da manhã eram freqüentadas pelos negros e às 10h pelos brancos da cidade.

RACISMO - Outra história de preconceito racial relembrada pela ativista ocorreu há cerca de 50 anos atrás, quando uma relógio disposto na Rua 7 de Setembro, em frente à Praça José Bonifácio, separava as reuniões entre negros e brancos. Os brancos freqüentavam a área entre o Bar América (hoje uma companhia da Brigada Militar) e o Clube Comercial (hoje Casa de Cultura). Já os negros concentravam-se no pergolado da praça e no bar que existia no outro lado da rua, o Bar Ciganinha.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Secretaria da Justiça lança livro RS Negro no Dia da Consciência Negra


A Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social lança nesta quinta-feira (20), Dia da Consciência Negra, o livro RS Negro - Cartografias Sobre a Produção do Conhecimento, às 18h30min, no Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1020 - Bairro Centro - Porto Alegre), com a presença do secretário Fernando Schüler. Na ocasião, também será apresentada a Revista de História Presença Africana no Brasil. O livro, coordenado pela SJDS, é fruto de trabalho dos professores Gilberto Ferreira da Silva, José Antônio dos Santos e Luiz Carlos da Cunha Carneiro que, reunindo artigos de intelectuais gaúchos sobre o tema, retratam a participação do negro na cultura gaúcha. Com o objetivo de expandir e divulgar essas informações, a publicação foi distribuído para professores da rede pública e privada de ensino, o que permitiu a incorporação da história das comunidades afro-descendentes nos trabalhos em salas de aula. "O foco dessa iniciativa é auxiliar os profissionais da educação a chegar dentro da sala de aula com mais um subsídio para integrar a cultura afro no currículo. O livro serve como um panorama da diversidade cultural e história do negro no Rio Grande do Sul", destaca Schüler. Presença Africana no Brasil, terceira revista de história publicada pelo Memorial do RS, foi organizada pelo diretor do Memorial, Voltaire Schilling, e pelo pesquisador Arilson dos Santos Gomes. A revista apresenta resenhas de autores que tratam da cultura afro-descendente, como Padre Vieira e Gilberto Freyre. "O objetivo é auxiliar pessoas que queiram saber o que já foi escrito sobre o negro do Brasil", informa Gomes.

GOVERNADORA YEDA CRUSIUS É HOMENAGEADA NO DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, a governadora Yeda Crusius recebeu, nesta quinta-feira (20), no Palácio Piratini, representantes de entidades do movimento negro no Estado. O objetivo da visita foi prestar uma homenagem à governadora e ao secretário da Justiça e do Desenvolvimento Social, Fernando Schüler, pelo trabalho em prol da comunidade negra, como a criação da Coordenadoria de Políticas Públicas de Igualdade Racial. Yeda Crusius agradeceu a homenagem e parabenizou os organizadores pelo empenho e dedicação na luta e propagação da cultura afro-brasileira. Foram entregues placas e flores de agradecimento à governadora

CÂMARA APROVA PROJETO DAS COTAS


Brasília – A Câmara dos Deputados aprovou no Dia Nacional da Consciência Negra, o projeto que reserva metade das vagas em universidades públicas federais para alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Como parte da reserva também está aprovada a reserva de vagas para negros, indígenas e estudantes de baixa renda. As Universidades terão quatro anos para se adaptar ao novo sistema.Atualmente 53 Universidades Federais e Estaduais já adotam algum tipo de ação afirmativa, boa parte cotas, para negros e indígenas, por decisão de seus Conselhos Universitários. O projeto, de autoria da deputada Nice Lobão (DEM-MA) segue agora para votação no Senado.DivisãoA divisão das cotas será feita de acordo com o percentual de negros e indígenas na população do Estado da Instituição de ensino. Por exemplo, em um Estado, como S. Paulo que tem 31% de negros em sua população, a USP terá que reservar 50% de vagas para oriundos da Escola pública e 31% para negros e indígenas.Uma outra proposta também aprovada reserva uma sub-cota para estudantes da escola pública que tenham renda familiar per capita inferior a 1,5 salários mínimos. A proposta foi apresentada pelo ex-ministro da Educação, Paulo Renato Sousa (PSDB-SP), para quem “todos os dados têm dito que é a situação de renda da família que determina o desempenho diferencial entre os estudantes dos sistemas de ensino”.Segundo o deputado Henrique Fontana (PT-RS), líder do Governo, o projeto será capaz de melhorar as condições de acesso dos mais pobres às universidades públicas e eliminar diferenciações raciais. "O projeto revoluciona o acesso ao ensino público superior no país. A Câmara hoje marca uma mudança na historia do acesso ao ensino publico superior". Além de tornar obrigatórias as cotas para as universidades públicas federais, o projeto abre a possibilidade de que as universidades privadas adotem cotas na forma desta lei.

Aprovada cota para negros, índios e pobres em escolas federais

O Plenário aprovou na manhã desta quinta-feira (20/11) projeto que reserva no mínimo 50% das vagas nas universidades públicas federais para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.
A proposta - PL 73/99, da deputada Nice Lobão (DEM-MA) - foi aprovada na forma do substitutivo aprovado em 2005 pela Comissão de Educação e Cultura, elaborado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT). O projeto segue para o Senado.
Os parlamentares aprovaram emenda que destina metade das vagas reservadas aos estudantes oriundos de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 622,50). Além disso, essas vagas deverão ser preenchidas por alunos negros, pardos e indígenas segundo a proporção dessa população no estado onde é localizada a instituição de ensino, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, lembrou que hoje se comemora Dia da Consciência Negra. Segundo ele, essa proposta tem todo o conteúdo de justiça social em relação a etnias. "O fato de ter havido um acordo entre os partidos para sua aprovação aumenta sua grandeza".
Regras
De acordo com o texto aprovado, as universidades públicas deverão selecionar os alunos do ensino médio em escolas públicas tendo como base o coeficiente de rendimento, obtido através de média aritmética das notas ou menções obtidas no período, considerando-se o currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação. O texto faculta às instituições privadas de ensino superior o mesmo regime de cotas em seus exames de ingresso.
Nível médio
O substitutivo de Abicalil também determina semelhante regra de cotas para as instituições federais de ensino técnico de nível médio. Elas deverão reservar, em cada concurso de seleção para ingresso em seus cursos, no mínimo 50% de suas vagas para alunos que tenham cursado integralmente o ensino fundamental em escolas públicas. Nessas escolas, se aplicará o mesmo critério das universidades para a admissão de negros e indígenas.
Caberá ao Ministério da Educação e à Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, ouvida a Fundação Nacional do Índio (Funai), o acompanhamento e avaliação desse programa de cotas. Após dez anos, o Poder Executivo promoverá a revisão do programa.
As universidades terão o prazo de quatro anos para o cumprimento das regras, implementando no mínimo 25% da reserva de vagas determinada pelo texto a cada ano.
Extinção do vestibular
A autora do projeto original, deputada Nice Lobão, argumenta que o ideal seria a extinção do vestibular, mas, como tal objetivo ainda não pode ser alcançado, a proposta é estabelecer uma mudança gradual, deixando 50% das vagas no padrão convencional de ingresso na universidade.

O Brasil já teve seu "Obama"

Nilo Peçanha, presidente do Brasil entre 1909 e 1910, era mulato, embora muitas vezes fosse retratado como branco. Outras figuras públicas do país tinham fotografias retocadas para ocultar seus traços raciais, explica o diplomata e membro da Academia Brasileira de Letras Alberto Costa e Silva.
No dia 5 de novembro, a imagem de Barack Obama estampou a capa de praticamente todos os jornais do mundo. Sua eleição, anunciada na véspera, merecia de fato o destaque: é a primeira vez que o negro vai ocupar a Casa Branca.
O fato histórico gerou a comemoração de muitos segmentos da comunidade negra em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. O que poucos brasileiros sabem, contudo, é que já tivemos um presidente negro. Nilo Peçanha, que era vice de Afonso Pena, assumiu a presidência com sua morte e exerceu o cargo de 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910. De origem humilde, Peçanha construiu uma sólida carreira política, ascendendo, em um intervalo de poucos anos, de senador a presidente do estado do Rio de Janeiro - nome da época para o cargo de governador - e a presidente do Brasil. Filho de um padeiro,viveu uma infância simples em um sítio no interior do Rio de Janeiro até sua família se mudar para a capital. Peçanha era mulato - sua mãe era negra - e a imprensa da época constantemente fazia charges e anedotas referentes à cor de sua pele. Apesar disso, no campo político, a origem não foi um empecilho. Isso porque, no Brasil, o status social é mais importante que a cor, segundo o diplomata e membro da Academia Brasileira de Letras Alberto Costa e Silva. "Ninguém foi atrás de publicar que um avô de Fernando Henrique Cardoso era negro. Não usaram isso contra ou a favor dele", afirma Costa e Silva.

Margarida Telles, revista Época, fonte Fundação Cultural Palmares

Câmara aprova cota de 50% em federais

Projeto, que agora será analisado pelo Senado, reserva metade das vagas em universidades federais para alunos da rede públicaVagas destinadas à rede pública terão de ser distribuídas a candidatos negros, pardos e indígenas, na proporção da população .

A Câmara dos Deputados aprovou ontem, em votação simbólica, projeto que reserva pelo menos 50% das vagas em cada curso e turno de universidades federais para estudantes que tenham feito todo o ensino médio em escolas públicas.Para entrar em vigor, o projeto precisa ser aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Lula da Silva. Hoje, as instituições têm adotado diferentes modelos para aumentar o número de alunos da rede pública no sistema (como bônus e cotas, mas com distintos percentuais de reserva).Pelo texto, as vagas destinadas à rede pública terão de ser distribuídas a candidatos autodeclarados negros, pardos e indígenas em uma proporção no mínimo igual à da população do Estado onde fica a faculdade, segundo o censo do IBGE.A principal mudança feita pela Câmara com relação ao projeto do Senado foi a inclusão de um critério de renda para definir os beneficiados.Por sugestão do deputado e ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza (PSDB), a base governista aceitou destinar metade das vagas reservadas à escola pública para alunos de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo per capita. Por conta da mudança, o texto voltará ao Senado, onde já havia sido aprovado.Em uma universidade com mil vagas, por exemplo, 500 cadeiras serão obrigatoriamente para estudantes que tenham cursado o ensino médio em escolas públicas, sendo que estas vagas serão distribuídas segundo a etnia. Ainda dentro destas 500 vagas, 250 serão para pessoas que venham de família com renda igual ou inferior a um salário mínimo por pessoa.Caso as vagas não sejam preenchidas segundo os critérios estabelecidos, elas serão destinadas a outros estudantes egressos de escolas públicas.Antes da aprovação do texto, o ministro Fernando Haddad (Educação) disse não se opor à inclusão do critério de renda na reserva de vagas, regra que não constava do texto do governo.Defensor das cotas, diz não ver risco de os alunos mais pobres não conseguirem acompanhar os cursos. "Isso não ocorreu no ProUni. Alunos com bolsa integral têm desempenho melhor do que os não-bolsistas e os bolsistas parciais."O Inep (instituto de pesquisas do MEC) afirmou não ter disponível o percentual de alunos das federais provenientes do ensino médio público.Levantamento feito pelo Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, divulgado no início deste ano, mostrou que 22 das 53 universidades federais têm algum tipo de ação afirmativa (cotas ou bonificação no vestibular).
Escolas técnicasO projeto aprovado também vale para instituições federais de ensino técnico de nível médio. Neste caso, os beneficiados serão os que tiverem cursado integralmente o ensino fundamental na rede pública.Ainda de acordo com o texto aprovado, as universidades federais deverão implementar no mínimo 25% da reserva de vagas a cada ano e terão o prazo máximo de quatro anos, a partir da publicação da lei, para o cumprimento integral da regra.O Executivo terá que fazer, depois de dez anos, uma revisão do novo sistema de cotas.Para o sociólogo Demétrio Magnoli, "a cota para os estudantes do ensino público é um "bandaid" provisório para uma coisa inaceitável, que é o ensino privado ser muito melhor que o público. Por que temos que separar os estudantes em raças?".Já o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), comemorou: "Aprovamos um texto de justiça social e étnica."A constitucionalidade da política de cotas é questionada no Supremo Tribunal Federal pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino.

Associação de universidades critica projeto
A Andifes (associação que representa as universidades federais) informou ontem ser contrária ao projeto de reserva de vagas aprovado pela Câmara.O principal problema apontado pela entidade é determinar um modelo único de cotas para todas as instituições federais de ensino do país."Cada universidade está inserida em uma realidade. É ela que deve definir qual política a adotar, se é cotas ou bônus, e os percentuais. E elas já têm feito isso", afirmou o presidente da Andifes, Amaro Lins, reitor da Universidade Federal de Pernambuco."Estipular os 50% pode trazer efeito negativo para o ensino superior, pois pode haver cursos em que não haja uma quantidade suficiente de alunos preparados para preencher essa reserva", disse.O secretário-executivo da entidade, Gustavo Balduino, criticou a inclusão da fixação de um critério de renda (um salário mínimo e meio) para o preenchimento de parte das cotas. "O valor representa uma coisa em São Paulo e outra no Norte, por exemplo. Você estará atingindo públicos diferentes com a mesma lei."A entidade afirma que tentará convencer os senadores a barrarem ou ao menos alterarem o projeto aprovado.

Modelos diferentes
Enquanto tramita o projeto de lei de cotas, as escolas têm adotado sistemas diferentes.Na UFBA (federal da Bahia), por exemplo, 45% das vagas são reservadas a candidatos de escolas públicas. Dentro desse percentual, há três subdivisões (negros ou pardos; índio-descendentes; candidatos de qualquer etnia ou cor).Na UFABC (federal do ABC), 50% das vagas são destinadas a alunos da escola pública.Já na Unifesp (federal de São Paulo), são reservadas 10% das vagas a alunos de escolas públicas que se declarem negros, pardos ou indígenas.Na UFPE (federal de Pernambuco), os alunos de escolas públicas ganham uma bonificação na nota no vestibular. (FT)

Texto aprovado por deputados tem artigos contraditórios
A redação final do projeto de reserva de vagas, aprovado ontem na Câmara, deixou dúvidas sobre a necessidade ou não de vestibular para os cotistas. A pressa do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de aprovar a proposta por causa do Dia Nacional da Consciência Negra e a falta de atenção fez com que os deputados votassem o texto com artigos contraditórios -um deles deveria ter sido suprimido.O relator da matéria, deputado Carlos Abicalil (PT-MT), disse que tinha sido retirada a parte que estabelecia que a seleção dos alunos oriundos de escolas públicas deveria ser feita com base no "coeficiente de rendimento, obtido através de média aritmética das notas ou menções obtidas no período, considerando-se currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação".
A frase, no entanto, foi aprovada, assim como a que fala em "concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação". Na pressa, os deputados votaram emendas manuscritas e não perceberam a dubiedade. O relator não estava presente na hora da votação, mas, por telefone, disse que o texto votado estava equivocado.Horas mais tarde, a Secretaria Geral da Mesa esclareceu que, apesar de a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ter recomendado a retirada do artigo sobre o currículo comum, nada foi feito, nem na comissão nem ontem no plenário.
A confusão não deve atrapalhar a tramitação do projeto, que segue agora para ser votado em pelo menos duas comissões do Senado e no plenário. A assessoria de imprensa do MEC informou que é inviável adotar um currículo comum para o ingresso nas universidades federais já que cada Estado adota uma forma de avaliação. Disse ainda que trabalhará para que o artigo que trata do assunto seja retirado pelos senadores.

Fonte: Fundação Cultural Palmares

A redenção de Isabel


Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, a Princesa Isabel, aboliu a escravidão numa canetada no dia 13 de maio de 1888. Heroína por um tempo, a princesinha, já morta e enterrada, caiu em desgraça com um precipitado revisionismo histórico propagandeado por setores do movimento negro.
Os revisionistas transformaram Isabel de mocinha em bandida quando questionaram a amplitude da Lei Áurea, que libertou os escravos, mas que os teria deixado entregues à própria sorte, sem indenização pelos anos de trabalho não-remunerado, sem casa, sem terra e sem emprego. Contudo, novos estudos estão reabilitando Isabel Cristina Leopoldina etc, etc, etc, e ao que tudo indica a herdeira do trono imperial brasileiro era muito mais progressista do que se imaginava: defendia o voto feminino e queria promover a reforma agrária.
O historiador Eduardo Silva, da Fundação Casa de Rui Barbosa, teve acesso a documentos inéditos, como cartas da princesa endereçadas a proprietários de terra. Antes da Lei Áurea a princesa gastava boa parte de seu dinheiro comprando escravos (mas não era para explorá-los e sim para libertá-los). Após a assinatura ela pretendia comprar terras para assentar os recém-libertos, não descartando inclusive contrair empréstimos do Banco Mauá para distribuir pedaços de chão a todos os ex-escravos. Como eram muitos os negros, Isabel tentou até conseguir doações de terra e dinheiro para promover essa reforma agrária.
“Com os fundos doados pelo senhor teremos oportunidade de colocar estes ex-escravos, agora livres, afrodescendentes em terras próprias trabalhando na agricultura e na pecuária e delas tirando seus próprios proventos”, escreveu no dia 11 de agosto de 1889 em missiva endereçada ao Visconde de Santa Vitória.
A filha de Dom Pedro II não teve tempo de concretizar seus planos, uma vez que pouco mais de três meses após o envio dessa carta ao visconde, isto é, no dia 15 de novembro de 1889, um grupo de militares promoveria um golpe de Estado, proclamando uma república ditatorial e expulsando a família real do Brasil, incluindo a princesa, que havia nascido em solo brasileiro (e não português). Os militares, aliados aos grandes proprietários de terra, estavam possessos com a libertação dos escravos e não aceitavam a idéia de que uma mulher (Isabel) se tornasse governante do país, como ocorreria dali a quatro anos, quando Dom Pedro II (já velhinho) abdicaria em seu favor, ou antes, caso o imperador viesse a morrer. A questão era agravada pelo fato de a futura imperatriz, que já havia ocupado o comando da nação provisoriamente em algumas ocasiões (ela assumia a regência do império na ausência do pai, por viagem ou doença), ter aproveitado essas oportunidades aprovando a Lei do Ventre Livre e posteriormente a Lei Áurea.
De fato, a república proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca não consolidou a democracia, uma vez que num primeiro momento só militares assumiam a chefia do Executivo e, depois, só os homens muito (muito mesmo) ricos podiam votar e ser votados. Ao longo de nossa história republicana houve ainda inúmeros golpes de Estado e ditaduras. Apenas muito recentemente é que iniciamos um processo de consolidação da democracia.
Os ex-donos de escravos queriam ser indenizados pela perda de sua “propriedade” e as cartas que demonstravam a intenção da princesa de indenizar não a eles, mas sim aos escravos (pelos quatro séculos de trabalho sem pagamento acompanhados de lesões corporais e morais), podem ter motivado os magnatas a dar fim à monarquia antes que ela se tornasse mais progressista ainda.
As dívidas com os negros até hoje não foram pagas e a estrutura fundiária brasileira permanece inalterada, como herança maldita de nosso passado escravista. Mas a república, conforme se fortalece enquanto democracia, oferece hoje em dia condições para que esse quadro venha a ser revertido. Depende de nós.

Fonte: http://www.jornaldopovo.com.br/ , texto de Leandro Cruz colunista JP

Os tambores de São Luiz – um convite à reflexão cidadã

Nos dias em que retomamos as discussões sobre a ascendência negra de nossa gente (20 de novembro é o dia consagrado à consciência negra) e procuramos, ainda em atitudes tímidas, ressaltar a importância deste grupo étnico para a nossa conformação social, parece-me se fazer pertinente refletir sobre a abordagem que a literatura tem, ao longo dos anos, dado ao tema.
Desnecessário lembrar o poema “O navio negreiro: tragédia no mar” em que o eu lírico nos conduz ao depósito humano que navega em estado deplorável de higiene e respeito para a escravidão no Brasil. Castro Alves, em razão desta e outras publicações, ficaria conhecido como o poeta dos escravos. Muito embora sem tematizar declaradamente a condição de descendentes de escravos, Machado de Assis, Cruz e Sousa e Lima Barreto evidenciam-nos, em diferentes passagens e sob distintos prismas, a dor que a pele negra parece ter-lhes impingido.
Existem obras contemporâneas que, de maneira mais explícita, retomam a condição do negro no Brasil. Refiro-me a "Quarto de despejo", de Carolina Maria de Jesus, relato pungente de uma mulher negra que luta pela sobrevivência digna da família; o professor Fischer também incursiona pelo assunto em sua fluente novela "Quatro negros", que apresenta a menina Janéti, saída dos confins do pampa e, além de refletir sobre a condição negra da personagem, põe em discussão o modus vivendi da metade sul do estado. Há também um monumental romance escrito por Josué Montello que nos faz adentrar o universo da negritude de nossa gente. Trata-se de "Os tambores de São Luiz". A obra não é nova, mas o tema é apaixonante e a narrativa, ainda que densa, se desenvolve com emoção, ironia, sensualidade e esperança na raça humana.
O protagonista do romance, que se passa no Maranhão, é Damião, ainda menino, em fuga com a família. Seu pai, negro vindo da África, não aceita a escravidão e com amigos funda um quilombo no meio da mata. O jovem Damião acostuma-se à liberdade, aprende a ler e a escrever, recebe noções de cultura geral, interessa-se pela história do seu povo e da realidade que o circunda. O futuro de Damião, contudo, não estaria circunscrito à fazenda. Ele estaria destinado à alforria e entregue ao bispo de São Luiz. Convivendo na Cúria, recebendo ensinamentos de um padre mulato, torna-se o melhor aluno do seminário, mas sua ordenação como padre não acontece, afinal, ele era negro e quem, entre os tradicionais e conservadores senhores maranhenses, ousaria receber a comunhão pelas mãos de um padre negro?
Somos levados, a partir deste momento, a uma variedade de eventos que demonstram o encaminhamento da abolição da escravatura, ao mesmo tempo em que aumentam os castigos impostos aos escravos, os conflitos de rua, as fugas e a incansável obra de mulheres como Genoveva Pia que se dedicam a colaborar para que seus irmãos negros encontrem a liberdade.
"Os tambores de São Luiz" constitui, assim, uma obra em que o caráter social da literatura se faz presente, em que a literatura busca elementos da história para recompor parte de nosso passado, colocar-nos frente às nossas mazelas e levar-nos a refletir sobre elas. Ao final da narrativa percebemos que somos tão brasileiros como aquele homem negro que carregou galões de água como se fosse uma mula, que quase foi dilacerado pelas chibatadas recebidas no tronco, que enfrentou os preconceitos dos colegas de seminário, menos inteligentes, mas com pele branca. Ao encerrar-se a narração, não nos sentimos devedores do negro, mas parceiros de uma trajetória que conformou este povo de pele morena, o brasileiro. Indignamo-nos, porém, com esta capacidade que, independente da cor da pele, por vezes faz o homem sentir-se superior ao próprio homem e chamar a si atributos de julgamento que não lhe foram conferidos nem pela herança genética, nem pela herança financeira.
Apesar dos pesares, ainda vale a pena pensar, refletir e formar opinião. "Os tambores de São Luiz" é um daqueles momentos ímpares que nos possibilitam, além do deleite, revisar a nossa história pessoal como seres humanos e cidadãos.
Elaine dos Santos
Professora
Fonte: www.jornaldopovo.com.br edição de 22 e 23 de Novembro 2008

Cultura afro movimentou a kizomba



A Kizomba que foi promovida pela Associação Cachoeirense de Cultura Afro (ACCA), União dos Negros pela Igualdade (Unegro), Movimento Negro Unificado (MNU), e grupos Zumbi dos Palmares, Cor da Pele e Raízes, na Praça José Bonifácio, na tarde de ontem, foi uma festa que contou com a presença de diversas etnias.
A atividade, que foi realizada para marcar o final da Semana da Consciência Negra, contou com um grande público. Segundo o presidente da ACCA, Evilásio Trindade, o evento também serviu para mostrar que o negro é consciente e sabe do desfio que tem que enfrentar todos os dias. Além disso, o encontro mostrou como negro é capaz de realizar e organizar a caminhada.
AUSÊNCIA - A grande ausência na festa foi a da homenageada, a "Imperatriz da Negritude", Maria Leontina Rodrigues, negra de 112 anos, que não pôde comparecer. Os organizadores fizeram questão de ressaltar que mesmo com a ausência de Leontina, ela continuará sendo o exemplo de luta e perseverança para os negros.
Trindade salientou que este ano a Semana da Consciência Negra obteve um grande avanço, pois, contou com a participação de várias escolas estaduais e municipais, que organizaram atividades variadas e contribuíram para a valorização da cultura afro.
A Kizomba da Praça José Bonifácio teve amostra de um pouco de cada coisa da cultura da comunidade negra. A praça de alimentação foi organizada pela professora Maria Eloá dos Santos, que levou pratos típicos da culinária afro. Eloá, que é do MNU, relatou que o evento é o símbolo da unificação dos movimentos negros da cidade.
EVENTO - Para o babalorixá Cleiton Santos, o evento serviu para mostrar um pouco da religião afro-brasileira. O encontro mostrou ainda a beleza negra. A corte da mais bela negra da ACCA se fez presente durante todo o evento.
O vice-presidente da ACCA, Luciano Ramos, relatou que, na próxima quarta-feira, acontecerá o ciclo de palestras, na Câmara de Vereadores, e, no dia 30, a escolha da corte de mais belos negros infantis. A promoção encerrará o mês dedicado à cultura afro. Ramos agradeceu a cobertura dos eventos da semana feita pelo Jornal O CORREIO.

Orgulho negro tomou a Bonifácio

Um domingo quente e ensolarado como a África veio brindar a Quizomba, a festa de encerramento da Semana da Consciência Negra em Cachoeira do Sul. Muitos artistas passaram pelo palco montado na Praça José Bonifácio para mostrar o talento da comunidade afrodescendente cachoeirense e dar sua palavra de orgulho e vitória de uma etnia que enfrentou muitas dificuldades para manter a sua cultura e que até hoje precisa lutar por aspectos básicos de inclusão e respeito.
Desde os sons e danças africanas até os hits do funk, todos os ritmos de origem ou influência negra foram convidados para participar da “festa alegre”, tradução do termo africano “quizomba”, que agitou a praça até o cair da noite. Destaque para o Grupo Filhos da Noite, que trouxe para a praça um pouco dos misteriosos terreiros de quimbanda, com uma representação das entidades Exu Sete Encruzilhadas e Pomba-gira Maria Padilha das Almas. Também chamou a atenção a dupla Cleiton de Iemanjá e Maria Eloá dos Santos, que fizeram uma exposição de bonecas de pano negras e ainda trouxeram um pouco da culinária típica com bolo de milho, bolo de amendoim e pão de ervas.
AVALIAÇÃO - O presidente da Associação Cachoeirense de Cultura Afro-brasileira (Acca), Evilásio Trindade, considerou que a festa superou as expectativas dos promotores, cumprindo seu papel de incentivar o orgulho negro na população afrodescendente local e promovendo uma festa aberta e alegre para toda a comunidade cachoeirense. “Apenas lamentamos a fraca participação dos grupos das escolas”, disse o presidente. A Quizomba deve ganhar uma segunda edição no ano que vem, já aguardada por muitos dos participantes da festa de ontem, garante Trindade.

Quizomba tomou conta da praça, com muita música, ritmo e tradições dos descendentes afro,A Quizomba foi promovida pela Acca, Movimento Negro Unificado (MNU) e Unegro,

domingo, 23 de novembro de 2008

Cachoeira aplaude seus melhores negros



A Câmara de Vereadores reverenciou no Dia da Consciência Negra 20 de Novembro,com uma sessão solene em homenagem a professora Ivouny Dargélio e ao contador Ilo Brasil.

A cerimônia iniciou às 20h, aberta gratuitamente à comunidade. Brasil e Ivouny foram escolhidos para representar os negros de Cachoeira do Sul este ano nesta homenagem prestada à competência profissional e ao envolvimento de personalidades da raça negra em questões relacionadas à cultura afro-brasileira.
Ontem à noite o clima era de animação na casa de Ilo Brasil. Suas filhas e esposa passavam por sessão de manicure e pedicure para estarem bem no evento. “Fiquei surpreso ao saber que seria homenageado este ano, pois tudo que fiz até hoje pela minha raça foi de maneira voluntária, sem esperar nada em troca”, declarou Brasil. Ele ressalta que sempre levou consigo uma mensagem de estímulo aos negros: “Tudo é possível quando se é perseverante”.
FELICIDADE - Já Ivouny aproveitou a noite antes da homenagem para prestigiar um evento cultural e musical no Atelier Livre. Ela estava muito feliz pelo reconhecimento e disse ser uma pessoa realizada por suas conquistas em Cachoeira do Sul. “Fui recebida nesta cidade de braços abertos e sempre me dediquei à educação. Tive muitas experiências, oportunidades e vivências que me fizeram crescer e elevar a auto-estima dos negros”, ressaltou.




Ilo Renato Corrêa Brasil52 anos natural de Cachoeira do Sul
>> Contador e despachante com 22 anos de profissão. Ativista negro participante da Associação Cachoeirense de Cultura Afro (Acca). Atuou no Movimento Negro Unificado (MNU) na década de 70, palestrando nas escolas sobre a importância da auto-estima e da valorização da cultura afro-brasileira.
>> Foi colaborador da Escola de Samba Unidos da Vila e atuou na diretoria do Clube de Futebol 14 de Julho, do Bairro Barcelos, como presidente e vice-presidente nas décadas de 80 e 90. Durante sua gestão foi construída a sede do clube.
>> Aos 10 anos de idade começou a trabalhar como engraxate e vendedor de pastéis. Foi recepcionista do HCB em 1976 e ajustador mecânico na Balanças Cauduro de 1977 a 1982, formado pelo Senai. Em 1986 já trabalhava em seu escritório de contabilidade, um ano antes da formatura no curso superior de Ciências Contábeis.
>> Ilo é casado com Vânia Nadir Machado e pai de Fabiane (professora), Renata (enfermeira chefe do setor de hemodiálise do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre), Chaiene (acadêmica de Ciência da Computação em Santa Catarina) e Eveline (estudante do curso normal do Instituto Joao Neves.

Ivouny Dargélio60 anos natural de Santana do Livramento
>> Professora aposentada de Letras e Literatura, mora em Cachoeira do Sul desde 1976. Estreou sua carreira no magistério na Escola Municipal Dora Abreu, pioneira em atividades de valorização da Semana da Consciência Negra em Cachoeira do Sul. Até hoje ela segue intera-gindo com as escolas e ministrando palestras com ênfase na educação e cultura como principais meios de ascensão para os negros.
>> Ivouny considera-se cachoeirense de coração e ressalta que foi aqui que consolidou sua carreira no magistério, com vasta experiência de atuação desde a educação infantil até o ensino superior. Ela veio para a cidade acompanhar seu ex-marido, Valdir Maci-el, que saiu de Livramento para jogar no Cachoeira Futebol Clube no final da década de 70.
>> Ivouny também foi professora dos cursos da extinta Univale e da Ulbra/Cachoeira. Lecionou e foi professora na Escola Borges de Medeiros, coordenadora de projetos e supervisora-geral da Delegacia de Educação (hoje Coordenadoria Regional de Educação) e presidenta do Conselho Municipal de Educação.
>> Escreve semanalmente para o jornal O Correio em uma coluna sobre língua portuguesa. É mãe do autônomo Gerson e do bancário Marcelo Maciel, ex-repórter do Jornal do Povo.



ATRAÇÕES DA KIZOMBA: Grupo Sama, Graxa, Olorum e Projeto do Naldinho e Cor da Péle.





















Programação da quizomba da Acca neste domingo, na Bonifácio
14h - Abertura com som mecânico

14h30min - Grupo afro da Escola Dora Abreu

15h - Grupo de hip hop da Escola Marieta

15h30min - Tamboreiros

16h - Grupo Cor da Pele da Escola Angelina
16h30min - Fábio, voz e violão

17h - Naldinho e Grupo de Dança Vivendo e Aprendendo
17h30min - Grupo Olorum, da Escola Liberato

18h - Banda Intranse18h30min - Eurico Silva

19h - Grupo Sama
19h30min - Maurício Nascimento

20h - Pagode da Casa

20h30min - Graxa
Atividades paralelas: Roda de capoeira com mestre Rossi, mestre Alessandro e mestre Mili, tenda de artesanato, praça de alimentação e roda de contos com griots (negros idosos)

>>Dia 26, às 20h
Palestra da Acca sobre religiosidade, auto-estima e situação do negro, na Câmara de Vereadores, com as professoras Telda Assis, Jaqueline Gonçalves e o ativista João Alcedi
>> Dia 30, às 15h,
Festa de escolha das cortes infantil, infanto-juvenil e juvenil (masculino e feminino) de Cachoeira do Sul

Beleza Negra


A mais bela negra de Cachoeira do Sul 2008, Taciane Juliana da Silva Silveira, foi destaque na programação da Semana da Consciência Negra. Mas vida de soberana não é fácil. Ela teve que se desdobrar com muita responsabilidade para dar conta de todos os compromissos e atividades em que foi requisitada

Quizomba encerra a semana afro

Os movimentos de consciência negra de Cachoeira do Sul prometem uma bonita festa para a tarde deste domingo, às 14h, na Praça José Bonifácio. A quizomba vai apresentar shows, muita música e dança com talentos dos bairros e escolas de Cachoeira do Sul. Confira a programação na tabela.
A Associação Cachoeirense de Cultura Afro-Brasileira (Acca) é uma das entidades promotoras do evento junto com o Movimento Negro Unificado (MNU) e Unegro.
A diretoria da Acca ressalta que a festa é um momento de integração para a cidade. “Independente de etnia ou classe social, todos são convidados a prestigiar o evento e conferir a riqueza da cultura afro-brasileira”, ressaltou o assessor de comunicação, Marcelo Leite.

Escravos na história



As comemorações da Semana da Consciência Negra da Escola Municipal Dora Abreu foram o cenário escolhido pela diretora do Museu Municipal, Lair Vidal, para a revelação dos resultados de um trabalho de transcrição de livros pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que funcionava junto à Catedral Nossa Senhora da Conceição no século XIX. Escritos a pena, os livros trazem nomes de escravos e negros alforriados da época e são um raro registro das atividades religiosas dos africanos e afrodescendentes que viveram na cidade nos tempos da escravidão.
Lair conta que os livros estavam entre o acervo do Museu Municipal e que não encontrou mais registros do funcionamento de tal irmandade ou se esta chegou a possuir uma sede própria. Um dos livros é uma espécie de registro de integrantes, constando o seu ingresso e mesmo suas contribuições para a entidade, além da data de falecimento, e o segundo é um livro de atas do grupo, listando alguns registros de decisões e atividades. Os documentos mostram que a irmandade era um espaço não só de oração, mas também de apoio, como a ajuda financeira para integrantes enfermos e até o “aluguel” de caixões para sepultamento destes. Outro registro interessante é a decisão do grupo de adquirir uma imagem de Nossa Senhora do Rosário oriunda da “cidade da Bahia”, de três palmos de altura, coroa de prata e menino Jesus, a fim de ser usada em procissões.
CURIOSIDADES - Para ser aceito na entidade a pessoa deveria afirmar-se devoto de Nossa Senhora do Rosário diante do escrivão, que registrava a declaração por escrito. Escravos deveriam estar autorizados por seus senhores e mulheres casadas por seus maridos para integrarem o grupo. Há junto do registro dos integrantes um indicativo de que algo era pago no momento da adesão ao grupo, porém, não fica claro se tratava-se de dinheiro. Lair transcreveu os livros e agora espera poder digitá-los para facilitar seu uso para pesquisadores de várias áreas: “O livro oferece, por exemplo, aspectos sobre a evolução da nossa língua e o registro de famílias cachoeirenses que possuíram escravos”, salientou. Nas contabilidades da diretora, há nos registros o nome de 85 escravos e 98 negros libertos.
Na época a cidade possuía outras três irmandades: Nossa Senhora da Conceição Padroeira, São Miguel e Almas e Santíssimo Sacramento. Juntas, as quatro fundaram o Cemitério das Irmandades, após a proibição do sepultamento de pessoas nas paredes e chão da Catedral Nossa Senhora da Conceição, em 1832. No novo cemitério, os negros passaram muito tempo a possuírem um espaço específico para os seus sepultamentos.

Alguns nomes dos livros
Escravos> Rita, Antônio, Renato, Bonifácia e Francisco, escravos do reverendo vigário Inácio Francisco Xavier dos Santos

> João Lizio, escravo do capitão Manoel Carvalho

> Anna e Matildes, escravas de João Antônio Carpes

> Roza, escrava de Isidoro José de BarcelosLibertos

> Antonio Congo Franco

> José de Amorin

> Catharina de Souza

> Felizarda Faustina

Kizomba na Bonifácio reunirá grupos de consciência negra

A Praça Bonifácio vai se transformar em um quilombo, na tarde deste domingo, quando acontece o encerramento das atividades alusivas à Semana da Consciência Negra. Uma super festa está sendo preparada pelos grupos de movimento negro, ACCA, Unegro, MNU, Raízes e Zumbi dos Palmares.
Muitas atrações estão previstas para a tarde, que terá praça de alimentação, tenda dos orixás, com direito a reza e jogo de búzios, roda de capoeira, tenda de artesanatos e apresentações musicais. A kizomba terá início às 14h e deverá se estender até às 20h30.
A festa além de marcar o encerramento das atividades, registra também o primeiro evento realizado com a união de todos os movimentos da raça negra de Cachoeira do Sul.
Conforme o representante da Unegro, Sérgio dos Santos Junior, a intenção é de que novos eventos sejam realizados em conjunto com os grupos de consciência, como forma de mostrar que todos estão engajados pelo mesmo objetivo, que é resgatar e valorizar a cultura afro.
Fonte: Jornal O correio

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

20 DE NOVEMRO

Hoje 20 de Novembro data que devemos comemorar, celebrar a data em memoria a Zumbi ldos Palmares e a todos que lutaram e lutam por um mundo melhor sem injustiças ainda mais nesse ano de 2008 que principalmente o mês de Novembro vai ficar na historia de nosso povo negro pois tivemos o primeiro negro campeão mundial na formula 1 e o primeiro presidente negro a assumir a maior potência mundial que é os EUA.
Certamente essas conquistas vão refletir aqui na Brasil também, pois somos o 2º pais em maior numero de negros perdendo assim para Nigéria, nossa população só não se assume totalmente negra pois o racismo ainda persiste nos dias de hoje, nem mesmo pessoas famosas como Dudu Nobre e sua esposa Adriana Bombom não escaparam de ser vitima de racismo.
Estamos alcançando algumas vitorias importantes nas relações raciais e na busca de mudanças estruturais na politica de inclusão social de negros e negras, precisamos ter conhecimento histórico mínimo para discutir essa questão racial brasileira, pois foram quatro séculos de trafico negreiro e depois uma falsa abolição, pois ficamos presos a miséria, descaso e até hoje lutamos por essa reparação.
Nossa luta desde o tempo de Zumbi continua enquanto não tivermos nossa representação em todos os niveis na educação, serviço publico, setor privado , com trabalho e salario digno, acesso a educação para nossos jovens só assim poderemos ser realmente livres.
Axé, que nossos Orixás nos ilumine nos de força para prosseguir nossa luta.

Luciano Ramos
Vice Presidente da ACCA

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CODENE TEM NOVA COMPOSIÇÃO

Codene elege representantes da sociedade civil por Isadora Gasparin
O Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (Codene) elegeu, na sexta-feira (7), as 12 entidades representantes da sociedade civil que, juntamente com 12 órgãos governamentais, formarão o plenário do Conselho no biênio 2008-2010, conforme a Lei 11.901/2003. As entidades eleitas são:
Africanamente – Porto AlegreTitular: Mário Augusto da Rosa DutraSuplente: Mirian Cristiane Alves
Associação Comunitária Remanescente de Quilombo da Armada - CanguçuTitular: José Alex Borges MendesSuplente: Miguel Ribeiro
Associação Cultural de Mulheres Negras – Passo FundoTitular: Francisca Izabel da Silva BuenoSuplente: Elaine Oliveira Soares
Associação das Entidades Recreativas Culturais e Carnavalescas de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul – Porto AlegreTitular: Victor Hugo Rodrigues AmaroSuplente: Deoclecio SouzaAssociação Negra de Cultura – Porto AlegreTitular: Evandoir Carvalho dos SantosSuplente: Maria Cristina Ferreira dos Santos
Central Única das Favelas do Rio Grande do Sul – Porto AlegreTitular: Maria Dinora Rodrigues RibeiroSuplente: Manoel Soares
Grupo de Apoio ao Esporte e a Cultura - PelotasTitular: Sérgio Augusto DornelesSuplente: Marina Vieira da SilvaIlê Axé Yemonja Omi Olodo e C.E.U. Cacique Tupinamba – Porto AlegreTitular: Walmir Ferreira MartinsSuplente: Paulo Ricardo Carvalho CentenoInstituto Pró-Fundação Leopold Sedar Senghor – Porto AlegreTitular: Mauro Eli Leal ParéSuplente: Vilma Maria de Souza TerresNúcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Santa Maria - Santa MariaTitular: Carmen Deleacil Ribeiro NassarSuplente: Marta Íris Camargo MessiasSociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora – Porto AlegreTitular: Luís Alberto da SilvaSuplente: Ubirajara Carvalho RodriguesSociedade Beneficente, Educativa, Cultural, Recreativa Quilombo – Bento GonçalvesTitular: Tatiana de Madruga ChagasSuplente: Ilemar de AssisPara Plínio Zalewski, diretor do Departamento de Cidadania e Direitos Humanos da Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social, o pleito foi representativo e o objetivo agora é a concentração de esforços em torno de uma agenda de projetos que inclua todos os segmentos da comunidade negra. “O momento é de união, de construção de projetos para melhorar a vida da comunidade negra no Rio Grande do Sul por meio de políticas públicas”, enfatizou.O Codene é vinculado à Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social, através do Departamento da Cidadania e dos Direitos Humanos, e tem como objetivo formular políticas públicas de atendimento e proteção dos direitos da comunidade negra, além de promover a qualificação e o resgate da cidadania da população negra.
APRESENTAÇÃO DAS ENTIDADES
NEAB - Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Santa Maria (SANTA MARIA)A entidade não Governamental NEAB-UFSM foi criado em 2003, com o objetivo principal de ser um núcleo interdisciplinar de apoio aos projetos de ensino pesquisa e extensão desenvolvida na UFSM como também as ações afirmativas desenvolvidas em Santa Maria e região sobre as questões relacionadas ao segmento afro-descendente da sociedade brasileira. Por isso tem promovido eventos com o objetivo de capacitar os professores em exercícios e trabalhar com o que determina a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, devidamente registrados na UFSM. Desde o segundo semestre de 2005, a Coordenação do NEAB-UFSM oferece a DCG Relações Raciais e Educação ao Curso de Letras com objetivo de trabalhar com os acadêmicos a lei 10.639.
Instituto Pró-Fundação Leopold Sedar Senghor (POA)O Instituto Pró-Fundação Leopold Sedar Senghor atua formalmente já desde de 1984. É uma extensão de Fondation Léopod Sedar Segnhor, casa mãe sediada em Dakar, capital da Republica do Senegal país africano. Como Centro de Estudos afro brasileiros e orientais desenvolve a pesquisa e a difusão da cultura aplicada aos diversos campos da arte literatura religiões e ciências humanas. A partir disso desenvolve atividade de custo social artístico esportivo e de caráter assistencial sendo registrado na CNAS. A entidade pauta suas ações prioritárias como: voltadas ao Museu de Cultos Afro religioso, ao trabalho de resgate da auto -estima vai ao programa de TV”mama áfrica , TVPOA canal 6 e a parte literária mediante a edição a publicação de um livro voltado a saúde mental do afro descendente. Este último alem de vir ao encontro dos objetivos do instituto buscou atender a demanda da sociedade Sul Brasileira de Psicanálise.O livro foi lançado em 2007. As repercussões têm sido muito favoráveis, pois, a par dos lançamentos nas feiras de livros de Porto Alegre a interior do Estado tem havido muita procura da parte de professores de estudantes e do publico em geral e mesmo de alguns municípios que os tem adquirido comporem o acervo de suas bibliotecas. Associação Negra de Cultura (POA)A entidade não governamental Associação Negra de Cultura, fundada em oito de dezembro de 1987, com sede em Porto Alegre é uma associação cultural (no sentido antropológico de cultura), sem fins lucrativos e de duração indeterminada com a seguinte finalidade: desenvolver atividades culturais através de um trabalho sistemático: oferecer espaço físico e social ao seu filiados; contribuir para a organização e fortalecimento da comunidade negra porto-alegrense; realizar intercambia com outros setores negros brasileiros ou estrangeiros ou da sociedade em geral; fazer publicações, periódicas ou não, com vista divulgar suas atividades e atingir seus objetivos; e contribuir para melhoria das condições de convivência democrática com os demais grupos sociais, etnias e culturas, na perspectiva de uma sociedade igualitária (do ponto de vista sócio-econômico). multirracial e pluricultural. Ao longo dos anos, vem editando o Informativo NEGRALDEIA.
Sociedade Beneficente, Educativa, Cultural, Recreativa Quilombo (BENTO GONÇALVES)A entidade Sociedade Beneficente, Educativa, Cultural e Recreativa Quilombo foi fundada em 29/04/2002 para resgatar, divulgar e defender a história do negro. Faz parte dessa Sociedade o Grupo de Dança Senzala, que se apresenta em todo o Rio Grande do Sul, assim como recebe convites para apresentar-se em Universidades também contando a história do negro através da dança. Alem disso a Sociedade participa de diversos eventos Municipais, como: Feira do Livro, Semana da Consciência Negra, etc. Recebemos da Prefeitura de Bento Gonçalves a doação de um terreno para a construção da nossa sede definitiva.
CUFA - Central Única das Favelas do Rio Grande do Sul (POA)A Central Única das Favelas /CUFA é um movimento social formado a partir das reuniões entre jovens de várias favelas do Rio de Janeiro - geralmente negros e pertencentes ao movimento Hip Hop - que buscavam espaço na cidade para expressar suas atitudes e questionamentos. Com resultados dos primeiros encontros, eles descobriram que juntos eles poderiam se organizar em torno de um ideal: transformar as favelas em torno dos próprios talentos e potencias diante de uma sociedade em que a discriminação por causa da cor, classe social e origem ainda não foram superadas. Desde a fundação buscou-se um pólo de produção e inclusão social desenvolvendo projetos de educação, esportes, profissionalização, cultura, inclusão social nas periferia: sobretudo a partir da criação das CUFAs estaduais na maior parte do Brasil. A metodologia da organização é baseada no conceito de Fair Trade (trabalho em rede) .Hoje em nos 27 estados brasileiros as unidades da CUFA totalizam cerca de 50 bases de trabalhos na periferia do Brasil. No Rio Grande do Sul, a CUFA-RS foi fundada novembro de 2005.
Associação Comunitária Remanescente de Quilombo da Armada (CANGUÇU)A comunidade Quilombola da Armada dá apoio às demais comunidade quilombolas do municípios de Canguçu que são: Iguatemi, Favila, Manoel do Rego, Moçambique, Porto Grande e Passo do Lorenço. Apóia levando informações a todas e ajudando no seu desenvolvimento e nas suas reivindicações. ACMUN - Associação Cultural de Mulheres Negras (PASSO FUNDO)A ACMUN tem como objetivo instrumentalizar mulheres adolescentes e meninas negras para o desenvolvimento de ações para o combate ao racismo, ao sexismo e homofobia e para a melhoria das condições de vida. Através do processo de construção da cidadania: elevando a auto-estima, denunciando publicamente preconceitos e ações de violência contra a mulher, promovendo a saúde e prevenindo as DST/AIDS. Gantindo os direitos sexuais e reprodutivos e direitos humanos, apoiando o processo ensino/aprendizagem e resgatando valores culturais e civilizatórios. Contribuindo para a elaboração de uma sociedade fundada em valores de justiça, equidade e solidariedade, onde a presença e contribuição da mulher negra sejam acolhidas como bem da humanidade.
Ilê Axé Yemonja Omi Olodo e C.E.U. Cacique Tupinambá (POA)Organizada em janeiro de 1996, na cidade de Porto Alegre, com objetivo principal de estudar e pesquisar a cultura afrodescendente através do resgate de entidades e de seu patrimônio cultural o ILê Asê Yemonjá Ami-Olodô vem se constituindo como comunidade – Terreira, Pessoa Jurídica e organizada - fazendo anualmente em julho sua festa máxima de 16 dias de duração. Hoje o Ilê não é mais somente constituído em sua religiosa, mas também abre seu espaço para projetos sociais para a comunidade. Festas culturais – artísticas, trabalhos de aumento da auto-estima com crianças e adolescentes negros, oficinas de canto, de capoeira, encontros de vivenciadores de religião e retiros religiosos com formação pedagógica. O Ilê trabalha em parceria com organizações e pessoas para o desenvolvimento de seus trabalhos.Africanamente (POA)Africanamente, organização criada em abril de 2001, com o objetivo principal de valorizar a cultura afrodescendente com instrumento positivo de educação alternativo através de resgate de identidade e seu patrimônio cultural. Para isso trabalhamos em parceria com pessoas e/ou entidades que acreditem na necessidade e na possibilidade de uma sociedade mais justa e fraterna onde os valores civilizatórios africanos são fundamentais na construção de um novo conceito de viver em comunidade.Excelentes resultados tem sido percebidos nos aspectos emocionais e cognitivos das pessoas que neles participam tais como : Reconstrução de sua auto –estima e identidade; resignação da sua participação na comunidade; resgate da dignidade pessoal e coletiva; construção de novas formas de relacionamento alicerçados na étnica e na filosofia afrodescendentes; reestruturação familiar emancipação de sujeitos responsáveis pelo seu destino; diminuição da evasão escolar. O crescente numero de convites para a participação em debates palestras e relato de experiência retificam nossas praticas e motivam a comunidade de nosso trabalhoAECPARS - Associação das Entidades Recreativas Culturais e Carnavalescas de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul (POA)A AECPARS é uma entidade sem fins lucrativos e foi fundada em 09 de fevereiro de 1960. Ao longo de sua existência a entidade vem desenvolvendo vários eventos na área cultural onde destacamos os seguintes : festivais de samba, concurso de reis e rainhas Momos (mirim adulto e maturidade) do carnaval bem como a concurso da rainha gay; ensaios técnicos (muambas ); Dia nacional do samba; seminários; oficinas variadas; palestras; intercambio nacional e internacional na área da cultura do carnaval; curso de formação e indicação de jurados tanto em Porto Alegra como em outras Cidades. Participando de julgamentos nos seguintes eventos da cultura popular: concurso de fantasias de rainhas; samba de música populares (marchas de carnaval pagode e outros ritmos . Por fim, o maior da cultura popular brasileira o CARNAVAL (desfile das escolas de samba de POA e Região Metropolitana).
Grupo de Apoio ao Esporte e a Cultura (PELOTAS)A ONG Grupo de Apoio ao Esporte e a Cultura - GAEC foi criado com objetivo de proporcionar uma inclusão social através da atividade esportiva, cultural e sócio ambiental, em 28 de setembro em 1999. Esta entidade foi construída em uma iniciativa do Movimento Social Negro e trabalha no corte racial. A ONG GAE, através de suas ações na comunidade urbanas e quilombolas, têm conseguido atingir um entrosamento cultural de afrodescendentes, fazendo com que as comunidades possam ter uma troca de experiências no sentido positivo. O planejamento feito por esta ONG é de poder oportunizar aos afrodescendentes terem mais espaço na sociedade para que eles possam usufruir dos seus direitos como cidadão. Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora (POA)A Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora é “mais antiga que a própria liberdade”. Fundada na cidade de Porto Alegre em 13 de dezembro de 1872, portanto antes da abolição da escravatura por negros forros (escravizados que haviam conquistado a liberdade). A Sociedade Floresta Aurora, situava-se entre as ruas Floresta (atual Cristóvão Colombo), o que segundo relatórios originou seu nome. Desde sua criação é considerado o ponto máximo de referencia social e cultural.
Associação Cultural Beneficente Floresta Montenegrina (MONTENEGRO)A Associação Cultural Beneficente Floresta Montenegrina foi fundada em 28 de setembro de 1916. Na época houve um grande encantamento com a Floresta Aurora de POA, que norteou as outras Sociedades , e o nome foi colocado de ” Floresta Montenegrina”. Nos dias de hoje, a Associação Beneficente Floresta Montenegrina, tem como princípio, a preservação da cultura afrodescendente com trabalhos de reconstrução, através do programa de cidadania. Realiza comemorações da datas nacionais, conferências literárias e projetos sociais, construindo a identidade étnica do povo afrodescendente e valorizando a ação social, com prestação de serviços à comunidade em geral, valorizando o ser humano como um todo.
Associação dos Amigos do Museu Treze de Maio (SANTA MARIA)Entidade oriunda da antiga Sociedade Cultural Ferroviária Treze de Maio, fundada em 13 de Maio de 1903, que hoje abriga a Associação dos Amigos do Museu Comunitário Treze de Maio. Esta entidade foi construída em uma iniciativa do Movimento Social Negro local , na tentativa de resgatar e recuperar este legado histórico .Desde 2001 buscamos enquanto gestores deste patrimônio construir parcerias e interfaces com instituições de fomento para viabilizar a construção de nosso museu comunitário, viabilizando nossos projetos para crianças e adolescentes como :oficinas de dança-afro, capoeira, Hip-Hop, percussão, teatro, seminários e palestras, além das reuniões do movimento negro etc. Hoje, através de convênios e parcerias firmados, o espaço está sendo reformado e remodelado para abrigar os sonhos e a realidade de nosso povo que está alijado de qualquer processo de contrução cultural.
Clube Cultural Recreativo Braço é Braço (RIO GRANDE)A entidade não governamental Clube Recreativo Cultural Braço é Braço, fundado em 1° de janeiro de 1920, foi um Clube criado pelos negros do Rio Grande. Sua criação teve a participação do ex-deputado Carlos Santos e outros membros. Criaram um clube para que comunidade negra de Rio Grande tivesse lazer, alfabetização e cursos. Com toda a dificuldade existente, ao longo dos anos a comunidade negra do Rio Grande do Sul escreveu sua historia na comunidade riograndense, Este Clube, que hoje tem oitenta e oito anos, resistiu e resiste até hoje com seus pares de Diretoria para a sobrevivência ao tempo.