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Cachoeira do Sul, Rs, Brazil
Fundada em 19 de Junho de 2000, com objetivo de pesquisar, resgatar e incentivar a cultura e os costumes da raça negra através de atividades recreativas,desportivas e filantrópicas no seio no seu quadro social da comunidade em geral, trabalhar pela ascensão social, econômica e politica da etnia negra, no Municipio, Estado e no Pais.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Todos os campeões máximos do Carnaval de Cachoeira

O Carnaval de Cachoeira do Sul se revolve em ciclos.
De tempos em tempos, uma geração de sambistas, embasada em tradição, fraternidade e mobilização, assume a hegemonia do Carnaval de Cachoeira do Sul.
Foi assim com os Filhos do Morro nos dourados anos 40/50 até chegar aos anos 70, com a Almirante Tamandaré, e nos 90 com Unidos da Vila, passando pelo multicampeão Clube Independente, que venceu 17 campeonatos em 44 disputados, sob diversas denominações.
1940 Bloco Cordão de Ouro
1941 Bloco As Filhas do Trabalho
1942/1949 - Não houve
1950 Bloco Filhos do Morro
1951 Bloco Filhos do Morro
1952 Bloco Filhos do Morro
1953/1955 - Não houve
1956 Escola de Samba Unidos da Lira
1957 Bloco Filhos do Morro
1958 Bloco Filhos do Morro
1959 Escola Artilheiros do Samba
1960 Escola Artilheiros do Samba
1961 Escola Artilheiros do Samba
1962 Escola Artilheiros do Samba
1963 Escola Artilheiros do Samba
1964 Escola Artilheiros do Samba
1965 Escola de Samba Unidos do Morro
1966 Escola de Samba Unidos do Morro
1967 Não houve
1968 Escola de Samba Unidos do Morro
1969 Tribo Tupinambá
1970 Escola de Samba Arquitetos do Ritmo, do
Independente
1971 Escola de Samba Arquitetos do Ritmo, do
Independente
1972 Escola de Samba Almirante Tamandaré
1973 Escola de Samba Almirante Tamandaré
1974 Escola de Samba Almirante Tamandaré
1975 Escola de Samba Almirante Tamandaré
1976 Escola de Samba Almirante Tamandaré
1977 Independente
1978 Independente
1979 Independente
1980 Independente
1981 Independente
1982 Independente
1983 Escola Aldeanos do Samba
1984 Independente
1985 Independente
1986 Escola Aldeanos do Samba
1987 Escola de Samba Renascença, do Independente
1988 Escola Aldeanos do Samba
1989 Não houve
1990 Escola de Samba Unidos da Vila
1991 Não houve
1992 Escola de Samba Unidos da Vila
1993 Escola de Samba Unidos da Vila
1994 Escola Aldeanos do Samba
1995 Escola de Samba Circuito Fechado
1996 Escola de Samba Unidos da Vila
1997/1999 - Não houve
2000 Escola de Samba Unidos da Vila
2001/2002 - Não houve
2003 Escola de Samba Unidos da Vila
2004/2005 - Não houve
2006 Bloco Talagaço/Escola Inovação
2007 Bloco A Macaca
2008 Bloco Inovação
Fonte: www.jornaldopovo.com.br por José Ricardo Gaspar do Nascimento

História do Carnaval de Cachoeira

GUERRA
> De 1942 a 1949 não houve desfile por causa do clima de 2ª Guerra Mundial.

RAINHA
> Ledi Lima foi a primeira rainha do Carnaval de Cachoeira, eleita em 1950, o chamado Carnaval da Vitória.

LUZ
> Em 1951, a falta de luz durante os desfiles era constante devido a uma greve que prejudicava o abastecimento de energia na usina local.

ENREDO
> O primeiro enredo a ser apresentado no Carnaval cachoeirense data de 1963, “Mandrake, o homem e o mágico”, que deu o pentacampeonato a Artilheiros do Samba. Entre os enredos mais recorrentes do Carnaval cachoei-rense estão homenagens aos imigrantes e biografias, como a de Artibano Savi, João Roberto, chargista Roni, Laura Vargas e Nicolau Barbosa. O Jornal do Povo foi enredo campeão em 2000, uma homenagem aos 70 anos da empresa.

ACADEMIA
> Depois do hexacampeonato de 1964, a Artilheiros não pode mais desfilar, sendo elevada à condição de academia do samba. Em 1968, a Unidos do Morro também chegou à esta condição, despedindo-se dos desfiles.

CRIANÇAS
> Em 1979, Ano Internacional da Criança, Cachoeira organizou desfiles infantis, dando início a um novo duelo, Samba no Pé, da Sociedade Rio Branco, e As Douradinhas, da Sociedade União Cachoeirense. A SUC levou a melhor sempre, tornando sua organizadora, Beatriz Araújo, uma lenda do Carnaval da zona norte.

MUDANÇAS
> O Carnaval Cachoeirense ganhou características competitivas mais sérias a partir de 1957, por iniciativa de Carlos Mariano Fortes, Pantaleão Boulanger e João Carlos Teixeira. Blocos e escolas passaram a concorrer em categorias diferentes e os sambas passaram a ser inéditos. Os instrumentos de sopro foram proibidos a partir de 1985.

PASSARELA
> Os desfiles já foram na Rua Júlio de Castilhos e Rua 7 de Setembro em alternância que durou 50 anos até se fixar na Moron em 1992. O local é chamado pelos sambistas de Passarela Gigio, uma homenagem ao famoso baterista do Conjunto João Roberto e de escolas de samba, já falecido. Voltou em 2003 para a Rua Júlio, retornando à Rua 7 em 2006. Este ano será novamente na Júlio.

Fonte: www.jornaldopovo.com.br po JOSÉ RICARDO GASPAR DO NASCIMENTO


O primeiro Carnaval de Cachoeira

O mais antigo registro de uma festa de Carnaval em Cachoeira do Sul data de 1769, há 240 anos. O baile foi promovido pelo comandante Gomes Freire e envolveu seus soldados portugueses que estavam instalados à margem esquerda do Rio Jacuí, de onde partiu a formação de Cachoeira. Durante as festividades, os soldados brincavam o Carnaval em forma de entrudo, festejo no qual os foliões atiravam água com limão-de-cheiro uns aos outros, faziam combates simulados e cantavam músicas dividindo-se em grupos.
No final do século XIX, as festividades passaram a incluir os cordões, que consistiam em uma roda de foliões que se davam as mãos e eram puxados por uma roda. Usavam alguns instrumentos de percussão (tamborim, tambor, cuíca e reco-reco) para marcar o compasso e o chefe que guiava o grupo ia fazendo malabarismos e acrobacias. Na década de 1930 surgem os ranchos, que substituíram os cordões. O rancho se caracterizava por representar uma história, um enredo. Além dos instrumentos de percussão, juntavam-se um violão e um cavaquinho. Foram incluídos a porta-estandarte e os mestres de harmonia, de canto e de dança.
Na entrada da década de 40, os foliões começaram a organizar melhor as festas de Carnaval, aprimorando os desfiles de rua. Algumas pessoas fantasiadas desciam a 7 de Setembro para brincar o Carnaval, formando pequenos blocos carnavalescos. A primeira escola de samba de Cachoeira do Sul foi a Atravessados, do Bairro Barcelos, criada nesta época pelo carnavalesco Teutonio Machado. Nesta época foram formados os blocos Cordão de Ouro, Filhas do Trabalho, Floresta Aurora, Fofoqueiros do Fandango, Escola de Samba Naval, Artilheiros do Samba, entre outros. Blocos e escolas tinham entre 50 e 90 componentes e concorriam juntos, disputando a mesma premiação.
A DISPUTA - Cada agremiação interpretava uma marcha e dois sambas de grandes compositores da época, como Braguinha, Ari Barroso e Orlando Silva. Antonio Carlos Pinho foi o primeiro Rei Momo do Carnaval cachoeirense, a partir dos anos 40. Entretanto, foi o empresário Ito Zimmer quem ficou mais tempo no comando do Carnaval de rua, escolhido em 1956 e se despedindo somente em 1981, após 25 anos de folia. Foi substituído por Airton Klein. Em 1988 é eleito o novo Momo, Nilson Mancha Machado, abrindo espaço em 1990 para Luciano Cabral. Nos anos 90 assumiram o cetro também Paulo Roberto e Éverton Peixoto. Atualmente é Rei Momo Aníbal Machado, reeleito em concurso este ano.


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Vinte e sete universidades vão organizar cursos sobre o tema étnico-racial este ano

Vinte e sete universidades públicas selecionadas pelo Ministério da Educação (MEC) vão organizar cursos e produzir material didático-pedagógico este ano sobre a temática étnico-racial. A formação de professores na área é prevista na Lei 10.639/03, que obriga o ensino da cultura e história afro-brasileira nas escolas públicas e particulares de nível fundamental e médio.
A técnica em Assuntos Educacionais da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), Bárbara Rosa disse que o novo edital trouxe uma novidade. "Agora cada universidade vai formatar o curso de acordo com a realidade na qual está inserida. Por exemplo, em Minas Gerais quatro universidades irão promover cursos. Minas é um estado muito grande e abrange regiões diferentes, contextos diferentes e essas características serão consideradas." Segundo Bárbara, o MEC vai lançar até março um plano com algumas diretrizes para acelerar a implementação da Lei 10.639. Ela destaca a importância da formação do professor para que o ensino da cultura e história afro-brasileira seja realidade. "O ministério produz o material didático, mas não pode impor o uso de determinado livro, isso é uma decisão do professor e da sua coordenação. Por isso é que o MEC, além de produzir material didático-pedagógico, vem há algum tempo investindo também no material humano, na formação dos professores. Mas tem que haver ações paralelas que envolvam todo colegiado", acrescentou Bárbara.
Representante do Movimento Negro Unificado (MNU), Jacira Silva acredita que só a educação pode transformar a sociedade e reduzir a discriminação contra a população negra. "Acho muito importante que as universidades estejam envolvidas nesse processo, já está mais do que na hora de estudar a África com a mesma importância que outros povos. É preciso ensinar a participação positiva do negro na construção do nosso país. A educação inclusiva é uma questão de direitos humanos, o negro precisa ser tratado de forma igualitária".

Para o estudante de uma escola pública do Distrito Federal Cássio Xavier, de 12 anos, o negro só é lembrado em 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, em homenagem ao principal ícone da luta contra a escravidão no país, Zumbi dos Palmares. "Lá [na escola] pode se falar até da viagem do homem à Lua, mas não se fala de Zumbi. Salvo alguns professores, como o de geografia, que teve a iniciativa de levar um filme sobre o apartheid".

Senador Paim propõe criação de centros de integração federal em todas as comunidades quilombolas

Tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) projeto que autoriza o Poder Executivo a criar Centros de Integração Federal em todas as comunidades quilombolas do país. Os estabelecimentos terão como objetivo fornecer ensino básico, fundamental e tecnológico.
A proposta (PLS 113/08), de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), também inclui a oferta, aos moradores das comunidades, de serviços de esporte, cultura, lazer, saúde e inclusão digital "vinculados a cada área competente do poder executivo federal".

De acordo com a proposta, os patrimônios dos Centros de Integração Federal dos quilombolas serão constituídos pelos bens e direitos que lhes venham a ser doados pela União, estados, municípios e por outras entidades públicas e particulares, assim como por bens e direitos que essas entidades venham a adquirir.

O projeto determina que a "personalidade jurídica dos Centros de Integração Federal Quilombola terá sua estrutura organizacional e forma de funcionamento definidas nos termos da legislação pertinente e de seus Estatutos".

Ao justificar sua proposta, o senador lembra que o conceito de quilombo designa os territórios onde se organizavam negros africanos que, trazidos com a colonização portuguesa, insurgiam-se contra a situação de escravidão.

Segundo Paim, além dos quilombos remanescentes do período da escravidão, outros foram formados após a abolição formal da escravatura, em 1888, pois continuaram a ser, para muitos, a única possibilidade de vida em liberdade.

- Constituir um quilombo, então, tornou-se um imperativo de sobrevivência, visto que a Lei Áurea os deixou abandonados à própria sorte. Hoje, são territórios de resistência cultural e deles são remanescentes os grupos étnicos raciais que assim se identificam - declara Paim.

O senador explica que, além de promover a igualdade racial, o projeto visa melhorar as condições de vida das comunidades quilombolas.

Mostra itinerante sobre cultura africana segue até o Carnaval em Sapucaia

Sapucaia do Sul - Os valores e a cultura africana podem ser conferidos nas onze telas de autoria do artista plástico sapucaiense Valnei Montesdioca. O material está exposto no saguão principal da sede administrativa da prefeitura de Sapucaia do Sul.

A exposição intitulada Resgatando Valores Africanos segue até o dia 27 de fevereiro e tem entrada franca, das 12h15 às 18h15. As obras, trabalhadas em óleo sobre tela, do provo africano desde a sua origem até a atualidade.

"O objetivo da exposição é de mostrar a alegria e a beleza do povo africano, desmistificando a imagem de pobreza e degradação, valorizando a alegria e a religiosidade", disse o artista.

A mostra conta ainda com o poema Guardai-nos, de Ribeiro Hudson Filho. O texto que fala sobre a tradição africana complementa, em prosa e verso, o passado vislumbrado pelas obras de Montesdioca.

Do prédio administrativo de Sapucaia do Sul, a mostra segue para o município de Esteio, depois passará por Canoas até chegar a Porto Alegre. A exposição itinerante vai até o mês de novembro, quando da ocasião da Semana da Consciência Negra, será exposta na Casa de Cultura de Sapucaia do Sul e aberta a visitação das escolas.

Seminário Nacional Africanidades e AfrodescendênciaCom base na lei de diretrizes de bases da educação brasileira, que instrui sobre o ensino de histór

Com base na lei de diretrizes de bases da educação brasileira, que instrui sobre o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, como também sobre as práticas de combate ao racismo contra a população negra, será realizado, na Universidade Federal do Ceará, de 23 a 27 de março, o Seminário Nacional Africanidades e Afrodescendência.

Segundo os organizadores do encontro o seminário tem por objetivo introduzir e demarcar a importância de embasamento teórico para o ensino da história e das culturas africanas e afro-brasileiras; demonstrar práticas possíveis para a formação e ensino da história e das culturas africanas e afro-brasileiras, bem como para o combate ao racismo antinegro na sociedade brasileira; oferecer subsídios didáticos teóricos e práticos para a formação de educadores com vista à efetivação da lei 10.639/03; discutir os conteúdos e sistemáticas da educação tecnológica e das ações afirmativas nos Institutos de Educação Tecnológica; divulgar estudos e pesquisas sobre a história e cultura africana e afrodescendente e sobre a problemática do racismo e suas estratégias de superação; e reunir pesquisadores que estudem o tema da educação e das relações étnicas para intercâmbio acadêmico.

Os grandes temas estão divididos em História e Cultura Africana e Afrodescendente e Relações Étnicas no Brasil; Pedagogia da Afrodescendência; Abolição no Ceará; Afroetnomatemática e Conhecimento Africano no Brasil; Movimentos Sociais de Maioria Afrodescendente; Religião e Cultura Negra.

As palestras e oficinas debaterão temas como Conteúdos da lei sobre o ensino da história e cultura africana e afrodescendente; Afroetnomatemática na educação brasileira; Religiões de matriz africana na cultura brasileira; Corporeidade nas culturas de matriz africana; Educação na perspectiva da ancestralidade africana; Mulheres negras e educação; História dos afrodescendentes. Quilombos e movimentos sociais negros no Brasil; Literatura e história africana e afrodescendente.

A organização do seminário é do NACE - Núcleo das Africanidades Cearenses; Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira - UFC; Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará; Núcleo de Estudos Afro-brasileiros - NEAB - UFES.

Programa de Pós-Graduação em Educação - UFES; Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES; Coordenadoria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial - Prefeitura Municipal de Fortaleza. - COPPIR; Núcleo Brasileiro, Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais. - NBLAC; Instituto Federal de Educação Tecnológica do Ceará - (Ex-CEFET- CE).

Voltado para a formação de professores para a educação das relações étnicas,
o encontro será realizado na UFCE, no período de 23 a 27 de março

Mais Informações no site: www.poseduca.ufc.br

Primeiros afros começam a ser nomeados


A Prefeitura de Cachoeira do Sul deve começar a nomear os primeiros negros que foram classificados nas vagas de cotas raciais a partir desta semana. Devem ser nomeados nos próximos dias os advogados Ivo Daniel Marques e Simone dos Santos Nunes, ( foto) coincidente mente a advogada contratada pela Associação Cachoeirense da Cultura Afro-brasileira ( ACCA) para defender os negros.

O chamado destes negros só é possível porque o processo judicial que questionava detalhes do concurso foi extinto com a desistência de três advogadas, duas delas que abriram mão da vaga e a terceira, Juliana Cruz Flores, que também deverá ser nomeada para atuar na Procuradoria Jurídica do Município.

Embora ninguém na Prefeitura assuma, as nomeações de outros cargos também devem ocorrer. Há estudos internos para chamar também negros aprovados nas cotas para o cargo de auxiliar administrativo. Por outro lado, seguem aguardando decisão judicial os aprovados nas vagas de monitor de creche, fiscal de obras e técnico em enfermagem.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

HELENA DO SUL E A BANDEIRA NACIONAL

O blog deu a notícia em 23 de janeiro: falecia Maria Helena Vargas da Silveira, escritora e educadora pelotense. As pessoas mais valiosas morrem cedo demais, não chegam a ser reconhecidas em seu tempo.

Seu lugar de origem, Pelotas, não a reconheceu. Nos anos 90 radicou-se em Brasília, onde atuava em projetos sociais de governo sobre o problema racial. O resto do Brasil a conheceu como Helena do Sul.

Poucos sabiam que Maria Helena ocupava, desde o ano 2000, uma cadeira na Academia Pelotense de Letras, sendo a única mulher negra a ingressar numa academia literária. Não publicou um só livro, mas onze, entre ensaios e poesias.

A APEL, dirigida por Zênia de León, revelou em sua coluna no Diário da Manhã (2&3 fev 09) um fato desconhecido. Em 1960, último ano de estudos no Assis Brasil, Helena foi escolhida pelos professores para levar a bandeira no desfile da Semana da Pátria, honra que cabia por tradição ao aluno que tivesse as melhores notas.

"Tudo pronto, luvas brancas compradas pela mãe lavadeira, saia bem passada, (...) uma conversa entre Maria Helena e a diretora do Assis Brasil, alterou a questão". Durante mais de meia hora, as duas junto à parede do corredor, a diretora tentando dissuadi-la: "Que dirão, uma negra levando a Bandeira Nacional?"

"Maria Helena não saiu no pelotão de honra. Pela estatura, perdeu-se no meio da meninada, nas últimas posições. Os que a conheciam sabiam que lá estava a melhor aluna do Curso Normal. Eu guardei o fato a seu pedido durante mais de 40 anos. Hoje é o momento de contar, sem meias palavras, em sua homenagem.

Segundo Obama, os tempos mudaram e nós devemos mudar também. Carregaste, Maria Helena, a bandeira da virtude, da inteligência, do trabalho em prol dos irmãos de cor e a ergueste bem alto para o reconhecimento dessa gente agradecida, eis tua virtude maior".

No Império, ser branco e católico eram condições essenciais para ter participação cidadã. As tradições se prolongaram pelos tempos republicanos. Quanto delas ainda levamos em nossos costumes e pensamentos?

Fonte: Sergio Dorneles
CCNRS

UNESP DE ASSIS LANÇA CATÁLOGO DA IMPRENSA NEGRA

O Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP), da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), da Unesp, campus de Assis, lança Catálogo da Imprensa Negra, que traz os resultados de um projeto realizado a partir da organização de 37 títulos de periódicos, em microfilme, existentes no acervo do CEDAP, produzidos pelas lideranças negras de São Paulo, da capital e do interior, entre os anos de 1903 a 1963.

A iniciativa de homens e mulheres de ampliarem sua voz, a partir de imprensa própria, sinaliza para o desejo dessas lideranças negras de organizarem sua comunidade e divulgarem para a sociedade mais ampla as suas perspectivas e projetos em prol do grupo. Para isso, definiram datas, fatos e personagens de renome, a exemplo de Zumbi, José do Patrocínio, Luiz Gama, cuja importância e trajetórias seriam capazes de funcionar como parâmetros e modelos a serem seguidos, no difícil caminho de sua inserção na sociedade brasileira.

De acordo com Zélia Lopes da Silva, coordenadora geral do projeto, esses periódicos eram publicações simples, de poucas páginas, embora estruturados no formato de seções. "Muitos deles utilizaram fotografias, ilustrações e anúncios. Estes últimos visavam à continuidade do jornal", explica. "Sua principal característica era divulgar acontecimentos da vida social e política da comunidade negra, nas suas diversas formas de expressão, manifestas no lazer, nas artes, nos esportes, nas festas, nas comemorações cívicas atinentes ao grupo, no dia-a-dia (aniversários, casamentos e mortes) e nos carnavais", acrescenta Zélia.

O primeiro periódico, Baluarte (1903), surgiu no início da República. Somente em 1915 apareceu O Menelik. A partir da década de 20, tem-se notícia, com mais freqüência, da emergência de outras publicações. Porém, a característica mais marcante desses jornais é a descontinuidade e a curtíssima duração.

Alguns deles tiveram duração maior, como foi o caso de O Clarim d'Álvorada, que surgiu em 1924, sob o nome de O Clarim, e se manteve na ativa até 1932, seguido de Novo Horizonte (1946-1961), Progresso (1928-1931) e A Voz da Raça (1933-1937). O jornal O Clarim d'Alvorada congregava um grupo de jovens negros que se destacou por suas propostas voltadas para o campo político-cultural.

Esse grupo, liderado por Correia Leite, organizou a primeira versão desse periódico, em 1924, sob o nome de O Clarim. Merece destaque, igualmente, o grupo de o Progresso (1928-1931), liderado por Argentino Celso Vanderlei que desde 1919, atuava no carnaval da cidade de São Paulo, ao criar o Grupo Carnavalesco Campos Elyseos. "Essa agremiação era identificada pelas cores roxo e branco e por trazer para as ruas de São Paulo a sonoridade que tanto faltava em seu cotidiano, segundo pensavam os fundadores", comenta Zélia.

A coordenadora ainda explica as dificuldades de organizar os verbetes que acompanham a ficha técnica de cada jornal, que também trazem uma pequena biografia de seus diretores e editores principais. Zélia explica que estes dados foram conseguidos com dificuldade, apesar da vasta pesquisa realizada.

"Os empecilhos para conseguir informações sobre esses sujeitos foram significativos, em decorrência da falta de registros sobre o papel que ocuparam no período, além do engajamento nos 'periódicos da raça'", salienta. O material coletado, segundo, a pesquisadora, traz uma rica contribuição para ilustrar a projeção de homens e mulheres negros, em suas profissões, demarcando, assim, a tão sonhada inserção na sociedade brasileira.

"As cores dessa página (roxo e branco) prestam uma homenagem aos grupos liderados por Correia Leite, Lino Guedes, Jaime Aguiar e por Argentino Celso Vanderlei, que atuaram de forma diversificada no campo cultural e tiveram como suporte O Clarim d'Alvorada e Progresso, jornais que divulgaram as realizações culturais e atividades das várias associações negras, em seus saraus, bailes, leituras de poesia, representações teatrais, e nas homenagens aos seus líderes nas festas cívicas organizadas pela comunidade negra, nos desfiles de suas agremiações nos carnavais da cidade de São Paulo, nos piqueniques, nas serestas e nas participações em festas gerais da cidade, ou nas de Nossa Senhora Aparecida, entre outras", analisa Zélia.

O projeto, financiado pela Pró-reitoria de Extensão Universitária (Proex) da Unesp, contou com o trabalho de alunos bolsistas do curso de graduação em História, da FCL de Assis, que organizaram fichas que contemplam os dados essenciais sobre cada jornal, cujo objetivo é permitir aos pesquisadores e demais interessados as informações fundamentais sobre essa imprensa. Além das fichas técnicas, foram feitas pesquisas em fontes diversas (sites que poderiam trazer informações, já acessíveis ao público, sobre esses protagonistas, Enciclopédias, produções historiográficas e de memorialistas), para elaboração de pequena biografia dos editores e diretores desses periódicos. "Todos os passos de construção desse instrumento de pesquisa foram cuidadosamente supervisionados", lembra Zélia.

Informações:
Catálogo da Imprensa Negra (1903 a 1963)
Coordenadora do projeto: Zélia Lopes da Silva
Fone: (18) 3302-5835
E-mail: cedap@assis.unesp.br

Paim se diz candidato e cria factóide

Brasília – Na onda da eleição de Barack Obama – o primeiro negro a ocupar a Presidência dos Estados Unidos da América - o senador Paulo Paim, o único negro no Senado da República, decidiu autorizar “movimentos sociais”, em especial negros e aposentados a lançar seu nome à Presidência da República, em 2.010.

Em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora, Paim, embora confirme que encoraja o lançamento do seu nome, descartou a possibilidade de disputar prévia com a ministra Dilma Rouseff, a preferida do presidente Luis Inácio Lula da Silva para a sucessão. “Não disputaria prévia. Sou contra prévia. A sociedade organizada por si só deve apontar o caminho de quem deve ser o candidato, fruto da política de alianças do PT.

Como que preparando o recuo mais adiante para apoiar Dilma, enfatizou: “Acredito que um dia o Brasil poderá ter um presidente negro e uma mulher. Quem acreditava que nos Estados Unidos, onde o preconceito racial é forte, seria eleito um negro com esse charme, força e competência? Se na maior potência do planeta aconteceu, por que não pode ocorrer no Brasil? Mas não sei quem será esse presidente negro”.

Veja, na íntegra, a entrevista concedida ao jornal gaúcho.

Zero Hora – O senhor quer disputar a vaga de candidato do PT à Presidência?
Paulo Paim – Não é questão de querer ou não. Todo homem público, naturalmente, vê com satisfação o seu nome levantado para candidato ao maior cargo do país. Quem não ficaria feliz com isso? Se dissesse o contrário, estaria mentindo. Nem por isso tenho de sair por aí fazendo campanha.
ZH – Supondo que o seu nome ganhe força nos Estados e na internet, o senhor aceitaria postular a candidatura?
Paim – Eles (movimentos sociais) dizem que farão toda a mobilização e virão me procurar para demonstrar a viabilidade da candidatura. Daí, analisarei o quadro.
ZH – Simpatizantes dizem que o senhor estimulou a campanha.
Paim – A base social não depende da tua vontade. Ela se articula e aponta caminhos com os quais aquele que estiver na frente concorda ou não. O movimento surgiu de lá para cá. Em nenhum momento pensei em ser candidato à Presidência. Preparei a minha reeleição ao Senado. Essa base social mostra que quer me impulsionar para um cargo majoritário. Não vou frustar o direito de eles fazerem esse debate, que pode impulsionar o meu nome ou outros.
ZH – Entidades como a Unegro e o Movimento de Consciência Negra Palmares afirmam que o senhor quer que se faça a campanha. Há até uma comunidade oficial no Orkut chamada Paim presidente.
Paim – Isso é improcedente. No Orkut, há diversas iniciativas de “Paim presidente” pelo meu trabalho na Câmara e no Senado. Tu achas que eu teria capacidade, como um senador sem um centavo, de articular tudo isso de forma gigantesca? Só se fosse mágico e tivesse varinha mágica. Imagina se vou criar comunidade. Ninguém discutiu isso comigo.
ZH – O senhor acredita que é possível ser o primeiro negro presidente do Brasil?
Paim – Acredito que um dia o Brasil poderá ter um presidente negro e uma mulher. Quem acreditava que nos Estados Unidos, onde o preconceito racial é forte, seria eleito um negro com esse charme, força e competência? Se na maior potência do planeta aconteceu, por que não pode ocorrer no Brasil? Mas não sei quem será esse presidente negro.
ZH – Esse presidente negro pode ser o senhor?
Paim – Sou o único senador negro. O pessoal faz alguma vinculação porque Obama era senador e também era ligado aos direitos humanos. O processo de construção vai apontar o caminho. Mas pode ser Paulo, Pedro ou João.
ZH – O senhor se considera o Obama brasileiro, como dizem seus apoiadores?
Paim – Me considero Paulo Renato Paim, gaúcho, nascido em Caxias do Sul. Tenho carinho e respeito por Obama. Mas ninguém deve ou pode querer ser cópia de outro.
ZH – Por que o movimento ocorre sem o conhecimento da cúpula do PT?
Paim– Existe uma indicação do partido, não-oficial ainda, que respeito muito (Dilma Rousseff). Eu mesmo tenho advogado publicamente o nome da Dilma. Os movimentos sociais e outros setores estão preocupados com esse debate. Eles entendem talvez que outros nomes devem ser levantados.
ZH – O senhor pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Paim – Esse movimento está tomando mais corpo neste momento. Esperarei para ver até aonde vai. Até março ou abril, haverá um quadro melhor. Se esse movimento tiver força em nível nacional, é natural dialogar com os líderes do PT. Se provocado, tenho obrigação de dialogar com os partidos aliados. Defendo uma política de alianças ampla.
ZH – O senhor conversou com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do PT?
Paim – Não. Todas as vezes que estive no palanque sempre foi elogiando ou defendendo o nome dela.
ZH – Se necessário, o senhor estaria disposto a disputar uma prévia com a ministra?
Paim – Não disputaria prévia. Sou contra prévia. A sociedade organizada por si só deve apontar o caminho de quem deva ser o candidato, fruto da política de aliança do PT.
ZH – O seu objetivo é ganhar visibilidade e se cacifar como candidato ao Palácio Piratini?
Paim – Não trabalho com essa hipótese. Eu preparei com muito carinho a minha reeleição para o Senado.
ZH – O senhor está preparado para governar?
Paim – Depois de tantos anos na vida pública, me sinto em condição de saber administrar ou governar de forma coletiva.
Fonte: www.afropress.com.br

Timóteo quer acabar com Feriado municipal em S. Paulo

S. Paulo - O 20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra -, declarado feriado em S. Paulo por lei municipal, pode acabar caso a Câmara Municipal aprove o Projeto de Lei 23/09, de autoria do vereador negro Agnaldo Timóteo, que propõe a antecipação da data para o primeiro domingo de outubro.

O projeto ainda não tem previsão de quando será votado, porém, já foi encaminhado às Comissões da Câmara, em especial, a Comissão de Justiça e Redação, que analisará aspectos ligados à constitucionalidade da proposta.

Desde 2.004, graças a Lei municipal 13.707, o 20 de Novembro – que lembra a morte do líder negro Zumbi dos Palmares - é feriado e tem sido marcado por manifestações políticas promovidas por entidades negras na Avenida Paulista. Em 2006, quando a Parada Negra de S. Paulo e a Marcha da Consciência Negra, aconteceram de forma unitária, cerca de 20 mil pessoas tomaram as ruas – desde a Avenida Paulista até o Parque do Ibirapuera - para reivindicar o fim do racismo e políticas públicas para a população negra.

O projeto do vereador teria sido sugerido por empresários ligados ao comércio descontentes com o feriado e que alegam estarem sendo prejudicados, em especial, quando o 20 cai no meio da semana como aconteceu nos últimos dois anos. Na justificativa, no entanto, Timóteo disfarça.

“O objetivo da propositura é despertar nos meus irmãos étnicos uma maior noção de respeitabilidade e solidariedade com a própria raça, fazendo-os ver a importância de nos apoiarmos em todas as circunstâncias, principalmente nas atividades políticas, e para que todos nós negros, tenhamos consciência do que significamos, representamos e podemos”, afirma.

Timóteo conclui a proposta dizendo que “não somente Zumbi dos Palmares deve ser homenageado, mas também outros expoentes da raça negra como Aluísio Azevedo, Chica da Silva, Chiquinha Gonzaga, Ataulfo Alves, Orlando Silva,Cartola, Clementina de Jesus, entre outros”.

Parecer do procurador

Recentemente, o procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, deu parecer favorável ao fim do feriado de 20 de novembro declarado pelo Estado do Rio, alegando que o Estado não tem competência constitucional para legislar sobre matéria de trabalho. A proposta de Ação Declaratória Inconstitucional está sendo movida pela Confederação Nacional do Comércio e deve ser apreciada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda este ano.

Em S. Paulo, segundo analistas que acompanham os bastidores da Câmara Municipal, as chances da proposta Agnaldo Timóteo ser aprovada pela maioria dos vereadores são reais, em especial, por conta do interesse dos empresários ligados ao comércio.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

MEC diz que Curso da Palmares ainda não foi reconhecido

S. Paulo – O Curso de Administração da Universidade Zumbi dos Palmares ainda não foi reconhecido pelo Ministério da Educação, ao contrário do que afirmou a diretora de Comunicação da instituição, Francisca Rodrigues, ao justificar o atraso na emissão dos diplomas da primeira turma. A formatura da turma aconteceu no dia 13 de março do ano passado, numa mega festa no Ginásio do Ibirapuera, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador José Serra, entre outras autoridades da República.

A coordenadora de Comunicação e Atendimento à Imprensa do Ministério da Educação, Luciana Yonekawa, informou à Afropress que o reconhecimento do Curso está “em fase de finalização” e a portaria nesse sentido está sendo preparada pela Secretaria de Educação Superior do MEC e deve ser conhecida “em breve”.

Só de posse da Portaria com o reconhecimento do Curso, é que a direção da Unipalmares poderá providenciar a expedição dos diplomas aos 126 alunos formandos.

Descontentamento

O atraso na emissão dos diplomas está provocando a revolta dos formandos, alguns dos quais alegam estarem sendo prejudicados e acusam a direção da Unipalmares – inclusive o reitor José Vicente – de falta de transparência. Ao ser procurado para falar do caso, em dezembro passado, Vicente desligou o telefone e não mais retornou.

Posteriormente, em Nota à Afropress, a diretora Francisca Rodrigues, pretendeu rebater as informações contidas na reportagem “Um ano depois, alunos da Palmares não viram cor do diploma”, de 04 de janeiro, e a pretexto de desmentir a presidente da Comissão de Formatura , Sonia Maria Rodrigues, que ameaça ir à Justiça, afirmou não haver problema. “A Faculdade Zumbi dos Palmares encontra-se em situação regular perante todos os órgãos referentes, é devidamente credenciada e seu Curso de Administração - em questão - é Autorizado e Reconhecido pelo Ministério da Educação”, disse Rodrigues.

A presidente da Comissão de Formatura, à época, levantou a suspeita de que a Unipalmares estivesse com problemas fiscais e contábeis e em situação não regular com órgãos do Governo, o que explicaria o entrave na liberação do documento. Na verdade, o único problema, segundo agora se sabe, seria a falta da portaria de reconhecimento do Curso.

Segundo o MEC, contudo, o não reconhecimento não prejudica os tramites para liberação dos diplomas. A coordenadora de Atendimento à Imprensa disse que esse procedimento “é de praxe”. “Primeiro o curso tem que pedir o credenciamento junto ao MEC. Saindo o credenciamento, sai a autorização. Geralmente no meio do curso da primeira turma, eles pedem o reconhecimento e o MEC faz a avaliação se concede ou não. Às vezes demora um pouco mesmo”, afirmou.

O MEC também informou que a Unipalmares ainda não participou do Enade porque, como a avaliação funciona em ciclos, ainda não foram avaliados os Cursos de Administração.

Benedita tem encontro com Obama

Rio - Antes mesmo de Lula, que tem encontro com o novo presidente dos EUA, apenas em março, a ex-governadora do Rio e atual Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Benedita da Silva, será a primeira autoridade brasileira a ser recebida por Barack Obama, em encontro previsto para esta quinta-feira (05/02), em Washington. Benedita fará parte de um grupo de líderes negros que pediram encontro com Obama para discutir políticas sociais e raciais.

"Há muitos anos trabalho com o Congresso dos Estados Unidos em políticas sociais e raciais e já fui muitas vezes lá. E agora não vou apenas participar do café da manhã, como também do encontro das mulheres congressistas de 180 países. Haverá uma agenda muito cheia a cumprir, com palestras, debates e outras atividades", disse Benedita, a jornalistas.

A Secretária não revelou qual sua agenda com Obama. Sua atuação como Secretária dos Direitos Humanos ignorou, até aqui, temas considerados incômodos como o desaparecimento do educador Roberto Dellanne, o assassinato de três meninos negros pelo Exército na guerra entre traficantes, no ano passado, em morros cariocas, e a impunidade do assassino do ex-jornaleiro Jonas Eduardo Santos de Souza, morto há dois anos numa agência do Banco Itaú.

Felicidade

Benedita, porém, disse estar “muito feliz” com a possibilidade de apertar a mão de Obama. "Deus me deu esta oportunidade, e estou indo muito feliz da vida. Vou aproveitar para discutir nossos projetos com os congressistas americanos e conhecer as ações de inclusão social deles que deram resultados positivos", disse ela.

A ex-governadora, que já foi ex-lavadeira, ex-vereadora, deputada federal e senadora, também foi ministra do primeiro Governo Lula, até ser exonerada por conta de uma viagem feita a Buenos Aires para participar de um culto da denominação evangélica da qual faz parte. No PT, ela e o ministro chefe da Seppir, deputado Edson Santos, fazem parte do grupo do ex-deputado cassado José Dirceu.

"Os Estados Unidos têm uma história de lutas vitoriosas na área dos direitos humanos e civis e é sempre bom estar ali discutindo essas questões", afirmou a secretária.




Na crise, negros já são 52,4% dos que perderam emprego

S. Paulo - Na crise da economia que afeta o mundo - a maior desde 1.929, segundo todos os analistas - e atinge o Brasil com a perda de milhões de postos de trabalho, quem “dança” primeiro são os negros, jovens e mulheres, segundo dados da Pesquisa Mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a pesquisa, encomendada pelo Jornal Folha de S. Paulo, pretos e pardos já representavam 52,4% dos 1.606 milhões de desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do país, em dezembro de 2.008.

Para o gerente da Pesquisa, Cimar Azeredo Pereira, os impactos da crise sobre o mercado de trabalho, ainda não estão totalmente claros, uma vez que se mostraram muito sutis na pesquisa de dezembro. Ele lembra que a concessão de férias não aumentou fora do padrão histórico em dezembro, diferentemente do que poderia se esperar diante das notícias de férias coletivas em empresas como a Vale e montadoras e fabricantes de autopeças.

Segundo o economista Fábio Romão, da LCA, especializado em mercado de trabalho, no entanto, a piora nos indicadores da pesquisa do IBGE vai aparecer com mais nitidez em janeiro. Em dezembro, o Cadastro Geral de Empregados (Caged) indicou 655 mil demissões. Embora, não exista recorte de raça nos dados, sabe-se agora qual a cor dos que romperam o ano vendo a crise bater à porta.

Também as mulheres, mais voltadas para o trabalho doméstico e recebendo 70% do salário dos homens, representaram na média de 2.008, 58,1% dos desempregados, percentual que já era de 58,4% em dezembro quando a crise já havia se instalado. Em 2.003 era de 54,6%.

De acordo com o economista, o retrato mais marcante da atual crise é seu impacto no emprego industrial, que já registrou queda de 2,4% (90 mil pessoas) em dezembro. Romão acrescenta que, ao afetar mais a indústria e menos os serviços, o emprego fora dos grandes centros urbanos terá um desempenho relativamente melhor neste ano e este é o motivo do descompasso entre os dados da pesquisa do IBGE e os do Caged, situação que deve se repetir nos próximos meses

Desvantagem

Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão do Ministério do Planejamento, mostram que um branco no Brasil tem 30% mais chances do que um negro de conseguir emprego e que a probabilidade de um branco ascender na profissão é 120% maior que a de um negro. O mesmo estudo revela que o negro é o primeiro a entrar no mercado de trabalho e o último a sair e que a expectativa de vida dos negros é de apenas 59 anos, contra 64 anos dos brancos.