Quem sou eu

Minha foto
Cachoeira do Sul, Rs, Brazil
Fundada em 19 de Junho de 2000, com objetivo de pesquisar, resgatar e incentivar a cultura e os costumes da raça negra através de atividades recreativas,desportivas e filantrópicas no seio no seu quadro social da comunidade em geral, trabalhar pela ascensão social, econômica e politica da etnia negra, no Municipio, Estado e no Pais.

domingo, 30 de março de 2008

Seppir promove rodada de diálogo com 300 lideranças quilombolas, em Brasília, de 15 a 17 de abril

Novos aspectos constantes da Instrução Normativa nº 20 do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para regularização fundiária das comunidades quilombolas estarão em discussão no período de 15 a 17 de abril, em Brasília, durante o Seminário Nacional de Consulta Pública à Nova Instrução Normativa do Incra. São esperadas 300 lideranças quilombolas, gestores públicos e especialistas na política para quilombos.
O acordo para realização do seminário ocorreu nesta semana, quando a Seppir intermediou reunião entre a Conaq (Coordenação Nacional de Quilombos) e os órgãso do governo envolvidos com a política de regularização fundiária – MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Incra e Fundação Cultural Palmares. Diferente da proposta inicial, que pretendia promover seminários regionais, a consulta pública com caráter nacional possibilitará que todos os agentes envolvidos tenham acesso a informações no mesmo tempo, de forma uniforme e mais rápida.
O seminário nacional objetiva discutir e aprimorar as proposições do governo federal para facilitar e acelerar o processo de regularização fundiária e de implementação de políticas públicas para infra-estrutura nas comunidades quilombolas. As propostas constantes da Instrução Normativa nº 20 do Incra foram incrementadas pelo grupo de trabalho coordenado pela AGU (Advocacia Geral da União), do qual fazem parte a Seppir, Casa Civil, MDA, Incra e Fundação Cultural Palmares.
Cumprimento legal
A iniciativa contempla as recomendações da Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em que comunidades tradicionais têm o direito de serem consultadas antes de qualquer mudança na legislação que atinja os seus interesses. A Instrução Normativa nº 20 do Incra aperfeiçoa as deliberações do Decreto 4887/03, que regulamenta o direito constitucional dos quilombolas de titulação de terras, orientando os procedimentos para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação até a obtenção da terra.
Atualmente, são mapeadas 3.524 comunidades quilombolas, destas 1.170 já possuem certificações. Em novembro de 2007, o governo federal anunciou o programa Agenda Social Quilombola que prevê uma série de ações - como eletrificação, recuperação ambiental, incentivo ao desenvolvimento local e investimentos em educação e saúde - para melhoria das condições de vida dos quilombolas. Com aporte de R$ 2 bilhões, serão atendidas 1.739 comunidades, localizadas em 22 estados. fonte www.planalto.gov.br

MINISTRO EDSON SANTOS INICIA VISITA AO RIO GRANDE DO SUL

Ao retornar do Panamá, neste domingo (30), onde participou do Seminário Internacional de Populações Afrodescendentes da América Latina, o ministro Edson Santos desembarca em Porto Alegre para sua primeira visita ao estado do Rio Grande do Sul.
A primeira atividade será com o senador Paulo Paim (PT-RS), às 13h, em Canoas, seguida de encontro com a direção do Codene (Conselho Estadual de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra), às 15h, e de reunião com prefeitos da região Sul e Central do Estado, às 17h. Na segunda-feira (31), Santos terá audiência, às 9h, com o governador em exercício, Paulo Feijó, no Palácio Piratini, e às 11h30, com o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
No início da tarde, o ministro será recebido pelo presidente da Assembléia Legislativa, Alceu Moreira (PMDB-RS). Santos também é esperado para a aula inaugural do Programa Estação Educar, programa de estímulo às práticas de inserção social e profissional de adolescentes, às 14h, uma parceria do Ministério do Trabalho e da empresa Trensurb.Durante a tarde, o ministro da Igualdade Racial conversará com lideranças quilombolas do estado, às 16h, para conhecer a situação das comunidades gaúchas, os processos de regularização fundiária em curso e os programas desenvolvidos pelo governo federal.
Após, o ministro reúne-se com a coordenação da Cufa/RS, às 17h, seguindo para reunião pública com comunidades tradicionais de matriz africana, nas dependências da Delegacia Regional do Trabalho.
A realidade dos povos indígenas e as políticas de igualdade racial em curso no Rio Grande do Sul serão relatadas ao ministro em reunião, às 19h30, no Centro Administrativo do Governo do Estado. Participarão do encontro, dirigentes do Conselho Estadual de Defesa do Índio, Departamento de Cidadania e Direitos Humanos, Coordenadoria das Políticas de Igualdade Racial e Codene. A estada de Santos no sul do Brasil se encerra, às 21h, quando conferirá o ato show do grupo Negras em Canto, alusivo ao Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, às 21h, no Altos do Mercado Público de Porto Alegre.Fonte: www.planalto.gov.br/seppir

Sotaque de Zabumba ganha documentário histórico

A fim de valorizar as manifestações culturais de origem africana, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Maranhão (NEAB- UFMA) promove, em parceria com a Fundação Cultural Palmares e a Fundação Sousândrade, o lançamento do documentário audiovisual "Ritmos da Identidade Afro-Maranhense: Boi de Zabumba". O lançamento vai ser nesta sexta-feira (28), a partir das 18h na Casa do Maranhão, no bairro da Praia Grande.
O evento será aberto ao público e contará com a participação de grupos culturais locais, especialmente responsáveis pela comunidade do Boi de Zabumba, representantes da Fundação Cultural Palmares, e representantes dos órgãos estaduais e municipais de Cultura e Turismo do Maranhão.
Segundo o coordenador do NEAB-UFMA, professor Carlos Benedito Rodrigues da Silva, o DVD-livro lançado pelo grupo faz um apanhado das manifestações do bumba-meu-boi, com maior destaque ao sotaque de zabumba. "O sotaque de zabumba é a raiz do bumba-meu-boi maranhense, por este motivo é importante o registro dessas brincadeiras", comenta.

Deputados aprovam Dia Nacional da Umbanda

A Comissão de Constituição e Justiça aprovou o projeto de lei do deputado Carlos Santana, do PMDB do Rio de Janeiro, que cria o Dia Nacional da Umbanda. Agora, o projeto segue para análise do Senado e, se for aprovado, para sanção do presidente Lula.
De acordo com a medida, a data será comemorada em 15 de Novembro, Dia da Proclamação da República.
A iniciativa do deputado tem por objetivo valorizar a cultura e a religião afro-brasileira.
Atualmente, a umbanda é muito praticada no Rio de Janeiro, São Paulo, estados do Nordeste e no Rio Grande do Sul.

Pastor é discriminado por seguranças e taxistas de Shopping

S. Paulo - Acionados pelos seguranças, os taxistas do Shopping Ibirapuera, em Moema, zona do Sul de S. Paulo, recusaram-se a aceitar como passageiro, o pastor batista negro Marco Davi de Oliveira, 42 anos.
O fato ocorreu no dia 1º de março passado, quando o pastor, acompanhado da mulher e filhos foi ao Shopping comprar material escolar.Davi (o primeiro da esquerda para a direita, na foto com membros da Comunidade Pão da Vida) é ativista do Movimento Brasil Afirmativo e também colunista de Afropress, onde escreve, eventualmente, sobre o movimento negro evangélico.
Ele estava acompanhado da mulher, a jornalista Nilza Valéria Zacarias do Nascimento Oliveira, e de dois filhos menores – Laticia Mariah Zacarias de Oliveira, 9 anos, Marco Davi de Oliveira Filho, 11 anos -, quando tentou voltar à sua casa, no bairro do Cambuci, para apanhar o cartão de crédito que havia esquecido.
O primeiro taxista a ser abordado, de nome Lourenço, foi direto. “Negão, eu não te levo e saiu do carro”, contou Davi. O taxista havia recebido comunicação por rádio dos seguranças informando que o pastor era suspeito. “Saí e comecei a pedir outros taxistas que me conduzissem. Ninguém quis me conduzir. Ao contrário: se afastavam de mim. Diziam que não levariam mais ninguém. Depois apareceram duas senhoras brancas que foram conduzidas normalmente, com tranqüilidade”, acrescentou .
Segundo o pastor, a cena se repetiu com mais seis ou sete taxistas, que tiveram a mesma atitude. “Fui do outro lado, o outro taxista também me negou a condução, alertados por rádio passado pelo segurança do shopping. Entre si, segundo Marco Davi, confidenciavam: “cuidado, ele é suspeito”.Depois de quase uma hora, um outro taxista que assistia à cena – Ronaldo Brito – indignado, resolveu tomar uma atitude, e fez a corrida. “O que aconteceu comigo é porque a população negra é marginalizada. Eles pressupunham que eu era um bandido”, afirmou Marco Davi. Crime“Qualquer cidadão pode esquecer seu cartão de crédito. “Fui tratado como um criminoso”, ressalta.
Chocado com o ocorrido o pastor entrou em contato com o jurista e ex-secretário da Segurança Pública Hédio Silva Jr.“A discriminação fere a dignidade e abala a auto-estima da indivíduo discriminado de forma cruel.
Racismo é crime e deve-se denunciar este tipo de intolerância”, diz Hédio, ponderando que como afirmava Martins Luther King, a lei não irá acabar com o preconceito, mas irá obrigar os preconceituosos a respeitarem todos os cidadãos , independente de raça, cor, sexo religião etc. Segundo Hédio os seguranças, assim como os taxistas praticaram crime de racismo.
Ações
Na tarde desta quarta-feira (26/03), Hédio protocolou junto a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, uma representação contra funcionários e taxistas do Shopping Ibirapuera envolvidos no caso. Hédio anunciou que, mais adiante entrará com mais três ações. Uma no Procon, baseada no direito do consumidor; uma segunda na Prefeitura com base na Lei Municipal que prevê a cassação do alvará de funcionamento do estabelecimento comercial acusado de discriminação racial e, por último, uma ação indenizatória contra o Shopping Ibirapuera por danos morais e à imagem do pastor.
Quem é
O pastor Marco Davi de Oliveira é carioca de Teresópolis e bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Militante do Movimento negro evangélico é presidente fundador da organização não-governamental Simeão, o Níger, e tem tido participação ativa como um dos coordenadores do Fórum de Lideranças Negras Evangélicas.
É autor do livro “A religião mais negra do Brasil”, em que lança um olhar sobre os anos de luta da negritude pelo reconhecimento de sua identidade no contexto do segmento evangélico e alerta sobre a manutenção de um sistema que ainda mantém o negro longe das esferas de decisão, reproduzindo com freqüência, nas estruturas das igrejas, o preconceito ao qual suas lideranças afirmam se opor.

Hillary não aceita derrota

Washington/EUA – A senadora e ex-primeira dama Hillary Clinton deveria desistir da disputa com o senador negro Barack Obama (foto), porque já não tem chances de ser a escolhida para candidata do Partido Democrata às eleições americanas de 4 de novembro.
A opinião é do senador democrata Patrick Leahy, branco, presidente do influente Comitê Judiciário do Senado dos Estados Unidos.Leahy disse que a liderança de Obama é inquestionável e que a ex-primeira dama tem “obrigação moral” de desistir e apoiar o senador negro. "Apesar de ter direito, a senadora Hillary Clinton não tem mais nenhum grande motivo para continuar sua candidatura", afirmou.
Obama tem uma vantagem de 171 votos entre os delegados definidos até aqui: 1.413 a 1.242, e o apoio ao seu nome tem crescido entre os super-delegados (integrantes da cúpula partidária, que não precisam ser eleitos em primárias ou caucuses (assembléia de eleitores).Má perdedoraAo invés de reconhecer que não tem chances, contudo, Hillary vem se demonstrando segundo os analistas uma má perdedora.
Na última semana, o correspondente da Folha, em Washington Sérdio Dávilla, revelou que a Hilarry adotou a tática “Tonia Harding”, numa referência à ex-patinadora americana que, em 1994, mandou quebrar os joelhos de Nancy Kerrigan, sua concorrente, durante as eliminatórias de um campeonato.
Segundo a reportagem, membros do comando da campanha da ex-primeira dama admitiram a jornalistas pedindo reserva da fonte, que consciente de que não tem chances de ser a indicada, Hillary determinou sejam intensificados os ataques a Obama, com a idéia de enfraquecer a campanha do senador por Illinois e abrir caminho para a vitória de John McCain, o candidato republicano.
O próprio ex-presidente Bill Clinton, em campanha pela mulher, retomou as críticas ao ex-pastor de Obama, Jeremiah Wright, e afirmou que o senador não era tão patriota quanto sua esposa e o republicano McCain. Segundo Dávila, a tática dos assessores de Hillary leva em conta que McCain, com 72 anos, caso vença, será o político mais velho a assumir a Presidência, e um concorrente mais fácil de derrotar nas eleições para a Casa Branca em 2012 que Obama. Se o senador por Illinois ganhar, ele deve ser o candidato natural à reeleição em 2012. Por isso a idéia de "minar" a campanha de Obama.

Ministro da Seppir destaca Agenda

Brasília - A gestão pública e a condução da política de igualdade racial no país foram os principais temas abordados no VII Encontro Nacional do Fipir (Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial), ocorrido de 25 a 27 de março, em Brasília.
Durante a abertura, o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, listou a Agenda Social Quilombola e o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira como os principais desafios da Seppir ao longo de 2008."Garantir uma melhoria na qualidade de vida da população quilombola e a manutenção dessa cultura no nosso país, além da implementação da legislação que vai possibilitar formar uma nova consciência, principalmente entre nossas crianças e jovens, sobre a presença e o papel do negro na formação do Estado brasileiro", disse Santos.
Dirigindo-se aos 250 gestores estaduais e municipais participantes do encontro e ao deputado federal Carlos Santana (PT-RJ), presidente da Frente Parlamentar de Igualdade Racial, o ministro ressaltou a importância da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.Dentre os resultados concretos apresentados pelas articulações políticas entre a secretaria e outros ministérios, Santos lembra os 490 órgãos vinculados à Seppir e garante que, até 2010, a meta é alcançar 800 órgãos, atingindo uma área de cobertura de 20% dos municípios brasileiros. "Vamos formar gestores, promover encontros regionais e fortalecer conselhos.
O gerenciamento regional do Fipir permitirá atenção e respeito às características locais e interlocução permanente com os atores diretamente envolvidos", apontou o ministro ao destacar a rubrica de R$ 18 milhões a ser aplicada em gestão pública e controle social.Para o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, a política do governo está mudando a vida de negros e indígenas e gerando condições de emancipação dos pobres, negros e negras. "Há 120 anos, quando ocorreu a abolição da escravatura, nenhuma medida concreta foi tomada para incluir nossos antepassados.
A discussão era a indenização aos donos de escravos e não medidas para inclusão dos recém-libertos", considerou o ministro Patrus Ananias ao mencionar o racismo e o preconceito como um dos fatores que atentam contra a dignidade e plenitude humana.A solenidade de abertura contou com as presenças do subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; do secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, do secretário de Gestão Estratégica do Ministério da Saúde, Antônio Alves.

Ato repudia intolerância religiosa

Rio – Cerca de 150 lideranças de religiões de matriz africana, ao som dos atabaques e de cantos de louvor aos Orixás, ocuparam nesta quinta-feira (27/03), à tarde, as escadarias da Assembléia Legislativa do Rio para o ato de protesto contra a intolerância religiosa.
Antes do ato, aconteceu a audiência da Comissão de Combate às Discriminações e aos Preconceitos de Raça, Etnia, Cor, Religião e Procedência Nacional, presidida pela deputada Beatriz Santos, que contou com a presença de lideranças, como Dolores Lima (foto), do Centro de Tradições Afro-Brasileiras (Cetrab), Márcio Alexandre, do Coletivo de Entidades Negras (CEN), e do subsecretário especial de Direitos Humanos da Presidência, Perly Cipriano.
Foram relatados a presidente da Comissão os casos de intolerância religiosa, bem como as dificuldades vividas por religiosos do candomblé e da Umbanda dos morros do RJ, que estão sendo expulsos de suas comunidades por traficantes convertidos à denominações evangélicas.Os manifestantes também se reuniram com o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, que marcou audiência pública para o dia 11 de abril para discutir o caso. A manifestação foi acompanhada por parlamentares cariocas pertencentes a diferentes religiões, que repudiaram a intolerância religiosa.

Amigos cogitam lançar ex-ministra

Brasília - Um grupo de militantes, parlamentares, religiosos de diversos matizes e militantes do movimento negro e do movimento de mulheres promoveu nesta quarta-feira (26/03), às 20h, na Churrascaria Espeto de Ouro, no Setor Hoteleiro Norte, ao lado do Kubitschek Plaza, em Brasília, jantar de desagravo à ex-ministra da Seppir Matilde Ribeiro.
Durante o jantar, que teve a presença do do atual ministro da Seppir Edson Santos, e da senadora Ideli Salvati (PT-SC), líder do governo no Senado, o nome de Matilde foi cogitado para disputar uma cadeira de vereadora na Câmara Municipal de Santo André, sua base política, nas eleições de outubro.
Segundo os organizadores, o jantar teve a finalidade de demonstrar solidariedade à ex-ministra da Igualdade Racial, substituída em fevereiro, por causa do seu envolvimento no caso dos cartões corporativos. Para eles, as críticas sofridas por Matilde foram desmedidas e exageradas pela imprensa.
O evento teve a presença de pessoas que conviveram e convivem com Matilde, antes e durante a gestão dela na Secretaria, explicou o ex-deputado Benedito Cintra, assessor especial da Seppir.O jantar foi custeado por adesão, ou seja, cada convidado arcou com as suas despesas. O grupo de amigos quis dar um sinal de prestígio político a ex-ministra, que é um dos nomes convocados pela CPI que investiga o caso dos cartões, instalada pelo Congresso.
Por outro lado, segundo o grupo de amigos de Matilde, que, por orientação do Planalto submergiu após o escândalo, recusando-se a dar entrevistas desde que foi exonerada, a ex-ministra não deve descartar uma provável candidatura a um cargo eletivo nas próximas eleições.
A base política da ex-ministra, que é filiada ao PT, é Santo André, cidade do ABC paulista, onde ela atuou como assessora do então prefeito Celso Daniel.Os organizadores entendem que a ex-ministra continua sendo um quadro com prestígio no movimento social e no quadro partidário que deve ser prestigiado, em razão da trajetória de luta pela causa da igualdade racial e das mulheres. Fonte www.afropress.com.br

Mulheres negras fora das redações

Santos/SP - Apenas seis das cem jornalistas no mercado de trabalho da Baixada Santista são negras. Esse foi o resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) A Inserção da Jornalista Negra nos Meios de Comunicação da Baixada Santista realizado pelas jornalistas Carolina Ferreira dos Santos, Elys Paula Santiago da Costa e Vera Lúcia Oscar Alves da Silva, recém-formadas.
O TCC, uma grande reportagem em formato de revista, foi apresentado ao final de 2007 no Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos-SP, e orientado pelo jornalista e professor Adelto Gonçalves, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP).O recorte de gênero e raça para constatar se há igualdade de oportunidades dentro da profissão é inédito. Até então, havia apenas levantamentos sobre a questão de gênero ou de raça, sem levar em conta a possibilidade de dupla discriminação.
Mulheres excluídas
A pesquisa, foco do trabalho, constata que dos 200 profissionais que trabalham nos 12 veículos da Baixada Santista que responderam à pesquisa, 100 são mulheres e apenas 6% dessas mulheres são negras. Foram enviados e-mails para 17 redações com perguntas referentes ao número de jornalistas que trabalham nesses veículos, dentre eles, quantidade de mulheres, dessas mulheres, quantas são negras e se entre as afro-descendentes, alguma ocupa cargos de chefia.
O tema do trabalho foi escolhido um ano antes da apresentação. "Sou militante dos movimentos negro e feminista e as minhas duas colegas de trabalho, simpatizantes", diz Vera Oscar. "Foi entre conversas ligadas a essas questões que decidimos o tema do nosso TCC", conta. Ainda segundo ela, o principal objetivo das estudantes era responder à questão: a ausência de mulheres negras que ocorre em diversas profissões também acontece no jornalismo?
Carolina Ferreira conta como foram feitas as grandes reportagens que embasaram a pesquisa. "Foram entrevistadas especialistas na questão de gênero e racial como a ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e a psicóloga Edna Roland que foi relatora da ONU na Conferência Mundial Contra o Racismo na África do Sul em 2001".
Histórias de vida
Além das especialistas, seis jornalistas negras que se formaram ou trabalham na região contaram suas histórias de vida. Textos de apoio contando a trajetória da mulher negra no Brasil e definindo conceitos como feminismo, raça e etnia também serviram para complementar a grande reportagem.
A revista recebeu o nome de Dandara, que significa "a mais bela", em homenagem a uma heroína brasileira. "Embora os historiadores estejam ainda concluindo as pesquisas sobre a personagem, o que se sabe é que Dandara foi uma mulher negra, esposa de Ganga Zumba, rei do Quilombo dos Palmares antes de Zumbi", explica a terceira componente do grupo, Elys Santiago. "Dizem que ela lutou ao seu lado, escondeu escravos e se suicidou para não voltar à condição de escrava".
Ao comentar o que representou o trabalho para suas autoras, Carolina Ferreira diz que, além de se tornarem jornalistas com consciência social, as recém-formadas estão disponibilizando "mais um mecanismo para a luta pela democracia racial e de gênero no País".

quarta-feira, 26 de março de 2008

Negrofílico

O artigo abaixo foi enviado ao Jornal do Povo ( jornal diário de Cachoeira do Su) como resposta a críticas de pessoas allheias ao assunto mas que fizeram seus comentários e tiveram publicado no JP nas coluna Do Leitor, porem passados 60 dias não tivemos a aportunidade de ver publicado o referido artigo que foi escrito pelo Coordenador da UNEGRO em Cachoeira do Sul Sergio Augusto Ramos dos Santos Junior que tambem exerce função de Diretor de Cultura da ACCA. Leia.

Negrofílico
Sugiro reunir toda a comunidade a discutir de forma imparcial a respeito deste, assunto de intolerância e contemporâneo, sistema de cotas para a população afrodescendente. Saber principalmente qual é o pensamento dos movimentos e organizações afro, dentro dos partidos políticos na nossa comunidade, pois ouvimos muitas críticas sobre algumas conquistas do povo negro e gostaríamos de saber em que posição estes grupos afro-partidários irão defender dentro das suas siglas: o sentimento afro-brasileiro de protesto e lutas pelas causas históricas de nosso povo, como guerreiros de Zumbi; ou fantoches, manipulados pela orientação partidária e renegando toda batalha e conquista como apoiadores do traidor David Canabarro. Queremos verificar se há pensamento e cultura respeitados dentro da tendência brasileira, se existe realmente preocupação com avanços políticos aos descendentes africanos, ou se concretiza visão de encenação política. Em que lado você, negro de sigla, está?
Irás continuar escondido nos bancos escolares sentados no fundo da sala, ou irá por a sua cara, encarar e demarcar o seus espaço conquistado por resistentes negros, que lutaram a anos por igualdade de direitos e reparação dos fatos ocorridos com nossa gente.
Episódios lamentáveis como os ocorridos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nas Universidades de Santa Catarina e Paraná, identificam a postura discriminatória dos não negros ao ingresso dos afrodescendentes à Universidade a fim de alavancar seus estudos. Toda depredação do patrimônio público, com símbolos nazistas, discriminatórios e anti-negros, representam a "cruz queimada" (da Ku Klux Klan) no seio da nossa comunidade, no meio da nossa sociedade de intolerância aos desiguais.
Uma grande confusão é que as cotas para negros não tem nada com as cotas para população de baixa renda: esta representa o ingresso justo, daqueles alunos originários de escolas públicas, que por direito deveriam estudar em universidades públicas, já a política de cotas raciais, nada mais representa do que uma reparação constitucional aos descendentes dos africanos por todo atraso político, social, econômico, psicológico, que resultaram na marginalização histórica na qual os negros sempre foram instalados e discriminados.
Vamos discutir políticas públicas em educação?

Autor: Sergio Augusto Ramos dos Santos Junior
Coordenador da UNEGRO em Cachoeira do Sul e Diretor de Cultura da ACCA

terça-feira, 25 de março de 2008

CDH divulga ciclo de debates sobre questões relativas ao povo negro

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizará um ciclo de debates ao longo do mês de maio com o objetivo de discutir questões relacionadas ao povo negro. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (19) pelo presidente do colegiado, senador Paulo Paim (PT-RS), que já divulgou as datas das reuniões.

No dia 8, haverá duas audiências públicas. A primeira para discutir todos os projetos de lei relativos à questão do negro, bem como a legislação de reserva de cotas, o projeto de Estatuto da Igualdade Racial e ainda os 120 anos da Abolição da Escravatura, classificada por Paim como ato não concluso, de acordo com projeto de lei de sua autoria (PLS 225/07).
Num segundo momento, os membros da comissão debaterão a lei que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e cultura afro-brasileira" (Lei 10.639/03).

No dia 13, o Senado realiza uma sessão especial de homenagem aos 120 anos da abolição não conclusa, em referência ao fim oficial da escravidão no Brasil, assinada por meio da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), essa audiência pública será importante também para discutir outras formas de escravidão, como o analfabetismo, o desemprego e a escravidão da inferioridade que, segundo esclareceu, é sentida por aqueles que recebem renda muito inferior a outras pessoas.
- Hoje, o número de escravos no Brasil é muito maior do que haviano dia 13 de maio de 1888, porque a exclusão social é uma forma de escravidão - explicou Cristovam.

Em 15 de maio, a audiência pública será para debater o projeto de lei da senadora licenciada Marina Silva, hoje ministra do Meio Ambiente, que concede anistia post mortem a João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, e demais participantes do movimento iniciado em novembro de 1910 no Rio de Janeiro (PLS 45/01). Os senadores também vão discutir o motivo pelo qual o feriado da Consciência Negra, em homenagem à Zumbi dos Palmares e comemorado em várias cidades brasileiras no dia 20 de novembro, ainda não se transformou em feriado nacional, embora, lembrou Paim, já exista lei neste sentido.
Durante a reunião, ainda, ao comentar a questão dos quilombolas, o senador José Nery (PSOL-PA) lembrou que no último dia 12 foi realizado um ato nacional no Congresso pela aprovação, na Câmara dos Deputados, da proposta de emenda à Constituição (PEC 348/95) que expropria todas as terras onde, comprovadamente, haja trabalho escravo.
Na ocasião, cerca de mil trabalhadores de várias cidades brasileiras deram um abraço simbólico no Congresso e iniciaram uma coleta de assinaturas para pedir que a Câmara conclua a votação da matéria, já aprovada em primeiro turno na Casa em 2004, e também no Senado Federal.
- Essa é uma luta para que consigamos acabar com todo tipo de trabalho cruel e degradante. A luta e o compromisso dessa comissão é para que consigamos aprovar essa emenda constitucional na Câmara até o final de junho - esclareceu Nery aos membros da CDH.

Um debate com representantes de todas as seitas religiosas para discutir os preconceitos contra as religiões acontecerá no dia 21 de maio e, fechando o ciclo de debates, serão discutidas.

No dia 29, as políticas do governo Lula para as comunidades quilombolas.
Em relação à questão das religiões, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) observou que o debate será importante para discutir pontos relacionados às religiões evangélicas, que são, segundo ele, "as mais discriminadas no país".
Cristovam Buarque destacou que é preciso discutir ainda o preconceito das igrejas com relação a certos assuntos.
-Nenhuma igreja pode fazer discriminação contra hábitos e preferências, pois elas têm que respeitar o direito de cada um - ressaltou Cristovam.
Fonte afropress.com.br

Seppir gastou em cartão e poupou no orçamento

Brasília – Enquanto exagerava nos gastos com o cartão corporativo, o que acabou motivando sua queda, a ex-ministra Matilde Ribeiro , da Seppir, agiu com extrema parcimônia, onde não deveria: na execução do orçamentária - recursos que tinha disponíveis para executar programas e ações voltados à população negra.
Em 2007, a Seppir gastou apenas 53,36% do orçamento, o menor gasto desde 2.003, quando foi criada no Governo Lula. Do total de R$ 36.642.994,59, foram gastos apenas R$ 19.552.786,80.
A perda de eficiência na execução do orçamento já vinha ocorrendo desde o ano anterior: em 2006, do orçamento de R$ 36.602.589,01, a Seppir gastou R$ 20,927.799,33 – 57,18%.
Nos dois primeiros anos após sua criação – em 2004 e 2005 – a Secretaria teve os melhores desempenhos na execução orçamentária, respectivamente, 73,77% e 70,42%.
Os dados estão no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), e os valores estão atualizados com base no IGP-DI deste ano.
Tendência se mantém
A tendência à baixa execução orçamentária se mantém, segundo os dados do Siafi. Este ano foi autorizado o uso de R$ 6,4 milhões para as despesas da Secretaria, porém, somente R$ 1,3 milhões foram gastos, inclusive restos a pagar, que são dívidas contraídas em exercícios anteriores e pagas neste exercício.
O orçamento da Seppir, por outro lado, também deverá ser reduzido em 2008, em pelo menos R$ 1 milhão, em comparação com o ano passado.
No Projeto de Lei Orçamentária estão destinados R$ 35,5 milhões para a Seppir, valor que já foi aprovado pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos e Fiscalização do Congresso.
O novo ministro da Seppir, deputado Edson Santos, ainda não definiu quais são as suas prioridades orçamentárias este ano, nem o que pretende fazer para gastar o dinheiro disponível, o que não aconteceu até agora em nenhum orçamento, desde que a Secretaria foi criada em 2003.
Mas, em entrevista à jornalista Amanda Costa, do Portal Contas Abertas, a subsecretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais, Gilvânia Silva, atribuiu a responsabilidade pela baixa execução orçamentária a Estados e municípios que, segundo ela, precisam reivindicar recursos. Também cobrou dos demais Ministérios a implementação das ações. “A Seppir não tem o poder de intervir, apenas de tentar convencê-los a aplicar os recursos”, afirmou Gilvânia.
Fonte www.afropress.com.br

Crescimento deve atingir negros

Brasília - Para o presidente da Associação Nacional dos Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros (Anceabra), João Bosco Borba (foto), as boas notícias na economia que tem sido comemoradas pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, só terão sentido para o futuro do país, se atingirem a população negra. “Este é o momento da inclusão de 80 milhões de afro-brasileiros na economia nacional”, afirmou.
Ele teve, na semana passada, encontro com o diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista Paulo Nogueira Batista Jr., na condição de membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, da Presidência da República. A reunião aconteceu na sede do BNDES, no Rio.Durante o encontro Nogueira Batista falou das perspectivas de crescimento da economia brasileira, e da atual crise da economia americana. Segundo o diretor do FMI, este é o melhor momento do Brasil no cenário da economia internacional e o país está preparado para enfrentar a crise que pode ser desencadeada com uma recessão nos EUA. Segundo ele, contudo, apesar das boas condições, o Brasil não está imune.
Negros no Bolsa Família
NO ano passado o PIB brasileiro chegou a 5,4%, o melhor resultado desde 2.004 quando atingiu 5,7%. Segundo João Bosco, o crescimento da economia pode ser explicado pelo crescimento do agronegócio (5,4%) e o consumo das famílias de baixa renda, provocado pelo aumento do poder aquisitivo de famílias mais pobres. Ele lembrou dados do IBGE que confirmam que, nos últimos seis meses, cerca de 20 milhões de pessoas migraram das classes D e E para a classe C. “O que explica isso é o aumento do consumo dessas classes sociais, e este aumento de consumo está relacionado aos programas sociais de transferência de renda do governo federal, em especial o Bolsa Família, que beneficia, na sua maioria, a população negra", concluiu.

120 anos de exclusão

Florianópolis/SC - Às vésperas dos 120 anos da Abolição, o Brasil ainda vive em um regime excludente e não tem políticas de inserção dos negros. A opinião é do professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), José Jorge Carvalho.
Durante duas horas, na semana passada (19/03), José Jorge falou para dezenas de estudantes do Centro de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e também professores da instituição, e fez um histórico da implantação do sistema de cotas no mundo e também como estão sendo desenvolvidas as ações afirmativas na América Latina. Em abril ele vai à Venezuela, onde pretende conhecer o sistema de universidades implantadas em áreas carentes, política de inclusão desenvolvida pelo presidente Hugo Chávez.

Em entrevista à Afropress, Jorge Jorge fala sobre o papel das universidades no sistema de cotas e chama a atenção para a falta de mobilidade do governo brasileiro em aprovar mecanismos que tornem as cotas uma ação legal. Acusou o Governo Lula de timidez no trato do tema e também fez críticas aos meios de comunicação que, segundo ele, desempenham papel negativo e colaboram para o fortalecimento de uma cultura racista na sociedade.


Veja, na íntegra, a entrevista concedida ao correspondente de Afropress, em Florianópolis, Oscar Henrique Cardoso.

Afropress - Como o senhor está acompanhando os debates em torno da implantação do sistema de cotas na América Latina?

José Jorge de Carvalho - Acho que é um momento de efervescência. O que está acontecendo hoje no Brasil também está ocorrendo em outras nações da América Latina. Na Colômbia, onde tenho ido por várias vezes e estou colaborando no que posso. A Colômbia é o segundo país com a maior população negra da América Latina – tem um programa parecido, com cotas para a população indígena, algo mais avançado que no Brasil. Mas ainda não tem para a população negra. Entre os países andinos, a Bolívia é o mais avançado de todos, pois propõe a interculturalidade, onde as universidades devem ser trilíngües. Abrir o saber acadêmico é abrir a universidade para os povos que não são europeus. A discussão das cotas está atravessando o continente todo, já que está aliada a democratização do nosso país e também de toda a América Latina.

Afropress - Como o senhor analisa a posição do governo brasileiro frente aos debates que surgem nas universidades?

José Jorge - O Governo está tímido demais. As universidades começaram, se adiantaram. Desde 2004 estamos em discussão com o Governo Lula, que preparou um decreto e depois retirou. Passam vários ministros da Educação e nenhum se posiciona com veemência, nenhum dá as caras para defender o sistema de cotas. Acho que a pressão também tem que ser em torno do Executivo. Já estava na hora de essa questão ser resolvida federalmente.

Afropress - Isso se dá também pelo fato de o sistema não ter virado Lei?

José Jorge - A timidez do Governo está em não colocar a Lei. Por outro lado, o próprio ministro da Educação também não incentiva as universidades. Até agora, os reitores das universidades que são contra as cotas não sofreram nenhum ônus. Eles decidem assim, tipo UFRJ e UFMG. Eles não sofrem nenhuma conseqüência em deixar os negros do lado de fora. O Ministério da Educação (MEC) poderia fazer o seguinte: as universidades que têm cotas terão apoios. E as universidades que se recusam a se abrir para estudantesnegros não terão apoios. Isso pode ser uma sinalização de fora.* *

Afropress - Se fala em ingresso de estudantes negros nas universidades.. mas o que se fala quando se trata de mantê-los nas vagas que conseguiram ocupar?

José Jorge - Bom aí entra o MEC. O MEC tem que ter uma linha específica de apoio aos cotistas. Isso tem que ser compreendido como um esforço nacional, uma mudança radical do sistema educacional brasileiro. Tem que ser organizado de cima para baixo. Tem que se pensar em apoiar a comunidade negra que ficou do lado de fora.

Afropress - De que forma se pode avaliar o papel da mídia diante ao processo de implantação do sistema de cotas?

José Jorge - A mídia é controlada por um grupo de pessoas que são contrárias as cotas. De 10 matérias que saem, três são a favor. É muito centralizada nas opiniões contrárias as cotas, que vem da UFRJ, da USP, Folha de São Paulo, TV Globo. As opiniões sempre ficam conectadas e concentradas na mão daqueles que são contrários ao sistema.
Por: José Jorge, em entrevista ao correspondente de Afropress, em Florianópolis, jornalista Oscar Henrique Cardoso - 24/3/2008

domingo, 23 de março de 2008

Justiça condena Rede Big

Curitiba – A justiça do Paraná condenou a Rede de Supermercados Big, de Curitiba (PR) a pagar uma indenização no valor de R$ 25 mil por danos morais a Josefina de Cássia e sua filha, Katherine Eloise Bornanci, vítimas de discriminação racial.
O caso de racismo, de acordo com o site especializado Espaço Vital, aconteceu há 4 anos, no dia 23 de dezembro de 2003. Uma funcionária do supermercado recusou-se a atender Katherine, à época com apenas 13 anos, alegando que o caixa estava fechado, quando, na verdade, continuava atendendo normalmente. Não ficou nisso: ofendeu a menina, que é negra.
A Justiça paranaense concluiu, ao justificar a condenação da rede, que “a discriminação racial sempre velada indiscutivelmente existe no país e deve ser extirpada do pensamento de todo e qualquer brasileiro”.Os responsáveis pela Rede Big disseram que vão recorrer da sentença ao Tribunal de Justiça do Paraná. Fonte www.afropress.com.br

Seppir recebe Condoleeza Rice

Brasília – O ministro chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), deputado Edson Santos, assinou na quinta-feira (13/03), às 11h30, com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, Protocolo de Cooperação entre os dois países para a troca de intercâmbio e experiências em dez áreas prioritárias, entre as quais, a área da saúde, que prevê a realização de estudos sobre doenças prevalecentes em grupos étnico-raciais; e considerações sociais, históricas e culturais que possam relacionar-se ao preconceito étnico-racial.
O ato de assinatura, que marcou os cinco anos de criação da Seppir, aconteceu no Gabinete do Ministro das Relações Exteriores, Palácio do Itamaraty, e foi seguido de audiência de Santos e Rice com o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.
Negociação
O Termo de Cooperação entre os dois países é o resultado de uma negociação de seis meses entre a Seppir e o Departamento de Estado americano. O objetivo principal do Protocolo é a cooperação e a troca de informações – inclusive das boas práticas – para a eliminação da discriminação étnico-racial e a promoção da igualdade de oportunidades para todos.
Como parte do Protocolo será criado um Grupo Diretor para a Promoção da Igualdade de Oportunidades, que identificará áreas e modos específicos de cooperação para a eliminação da discriminação étnico-racial.
O Grupo terá seus membros indicados posteriormente e já estão previstas para este ano duas reuniões alternadas – uma no Brasil e outra nos Estados Unidos.
PrioridadesSão áreas a serem incorporadas no acordo: educação em todos os níveis, com ênfase na educação não-tradicional como as de mídia cultural e as voltadas à democracia; trabalho e emprego; moradia e alojamentos públicos; proteção à lei e acesso à justiça; legislação e políticas anti-discriminação relevantes; esportes e lazer; saúde, inclusive a realização de estudos sobre doenças prevalecentes em grupos étnico-raciais; considerações sociais, históricas e culturais que possam relacionar-se ao preconceito étnico-racial; e acessop ao crédito e a oportunidade para treinamento.
Educação
A educação é a primeira prioridade do Plano de Ação Conjunto para a Eliminação da Discriminação Étnico-Racial e a Promoção da Igualdade.
Entre os nove itens elencados, ressaltam-se: melhoria dos programas de intercâmbio universitário entre centros técnicos brasileiros e faculdades comunitárias estadunidenses; aumento dos vínculos, relacionamento e intercâmbios na área de ensino superior, inclusive as historicamente negras visando o benefício de alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e comunidade docente e discente; programa para jornalistas com foco em questões relativas à discriminação racial; e ensino da língua inglesa em escolas públicas por meio da oferta de treinamento a professores de inglês. Fonte www.afropress.com.br

sábado, 22 de março de 2008

Mestres de Capoeira vão criar um Conselho Estadual

Alagoas- No dia 4 de abril, cerca de 30 mestres de capoeira de todo o Estado se reúnem no Memorial da República para discutir a criação do Conselho Estadual de Mestres de Capoeira – CEMCAL.
A reunião, prevista para acontecer a partir das 14h, tem como pauta principal a criação de uma ONG para congregar os mestres de capoeira que trabalham em projetos conjuntos, a fim de beneficiar a comunidade de capoeiristas do Estado.
O grupo pretende ainda cobrar, junto a entidades e órgãos públicos, ações específicas para a capoeira, participando ativamente de discussões sobre a obrigatoriedade do ensino da cultura afro e da África nas escolas, inclusive a arte da capoeira.
Organizados pelos mestres Cláudio, Tunico, Condi, Girafa, Ventania, Jacaré e Jorge Ceará, o conselho se reúne toda terça, às 19h, na sala do Neab, no Espaço Cultural da Ufal, que fica na praça Sinimbú.
Entre as propostas do grupo estão a formação dos capoeiristas, sem intervir diretamente na maneira de trabalho de cada mestre; a participação dos mestres como autores de um livro didático sobre capoeira na escola, iniciativa do mestre Cláudio, e a organização e eleição do novo conselho de mestres de capoeira. Atividade - O grupo organiza ainda uma roda de Capoeira Angola.
Os jogos acontecem todo primeiro domingo de cada mês, a partir do dia 6 de abril, no posto 7, Jatiúca, sempre a por volta das 16h30. Os toques e fundamentos da música são de Angola, todos os interessados em conhecer esta cultura estão convidados. A atividade tem o objetivo de integrar mestres e grupos e também atender a necessidade de turistas que procuram conhecer mais este tipo de capoeira.
O grupo estende as atividades com as rodas de Capoeira-Angola até o final do ano. Além do jogo, haverá distribuição de materiais educativos, sobre a história da capoeira, dos mestres e inclusive textos de livros escritos por mestres acadêmicos. Para as atividades o grupo conta com o apoio da Pró-reitoria de Extensão e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Ufal e da Secretaria de Cultura do Estado. Fonte globo.com

Lewis Hamilton usa o violão para relaxar

Lewis Hamilton é uma das maiores revelações dos últimos tempos na Fórmula 1.
E o inglês ficou marcado por erros em momentos decisivos da última temporada, quando estava com o título nas mãos.
Mas o que ninguém sabia é que o inglês usa o violão para relaxar em seu quarto de hotel nos finais de semana de corridas.
De acordo com reportagem publicada no jornal britânico "Daily Telegraph", Hamilton é muito discreto com seu hobby. Para não chamar a atenção, ele usa fones de ouvido junto com seu violão.

Além disso, o inglês também se arrisca no microfone. De acordo com amigos do piloto, sua voz está entre Michael Jackson e, em dias mais calmos, Paul McCartney.Mas é com o violão que ele se destaca. Seu acorde favorito é de Bob Marley, na música "No woman no cry". O verso "Everything's gonna be all right" é seu favorito. Hamilton confessa ser bem eclético no gosto musical.- Toco um pouco de tudo: Bob Dylan, Lenny Kravitz, Jimi Hendrix.

Mas o reggae é meu ritmo favorito para relaxar. Cresci ouvindo essas músicas. Todas as vezes em que nossa família se reunia, sempre ouvíamos reggae. Ouço Bob Marley desde que nasci - diz, em entrevista ao "Daily Telegraph".

Assim como o personagem de Will Smith em seu último filme "Eu sou a lenda", Hamilton usa as músicas de Marley para se manter centrado quando o inimigo bate à porta. E a Ferrari pode ser comparada com os seres estranhos que emergiram em Nova York na película.- É uma boa maneira de relaxar. Quando se está viajando, não é facil matar o tempo.

Os filmes acabam, você enjoa de ler, de acessar a internet. Posso tocar meu violão por horas. E só para mim, para mais ninguém. Aprendo músicas quando preciso. Canto agora mais do que fazia. Já me disseram que tenho uma boa voz. Michael Jackson é meu cantor favorito, mas gosto também de Prince e do Sir Paul McCartney, que é uma lenda - completa.
Fonte G1

sexta-feira, 21 de março de 2008

Ronaldinho completa 28 anos em fase difícil na carreira

Ronaldinho completa 28 anos hoje, e o momento na carreira não é dos melhores.
A semana foi de verdadeiro inferno astral para o jogador.
Com uma "lesão misteriosa", ele desfalcou o Barcelona no último final de semana, e o time empatou com o Almería, pelo Espanhol.

O resultado deixou o Barça sete pontos atrás do líder, Real Madrid.Na imprensa espanhola, surgiram acusações de que o atacante gaúcho estaria abusando nas baladas. O craque se defendeu, dizendo que querem lhe derrubar com boatos.

Em 28 rodadas do Espanhol, Ronaldinho disputou 17 e apenas 13 como titular.Ontem, o atacante novamente ficou de fora de um jogo importante – e o Barça foi eliminado pelo Valencia, na Copa do Rei.No treino de hoje, caras emburradas no Campo Nou.
Um dos poucos momentos de descontração foi justamente a comemoração dos jogadores junto com Ronaldinho.
O time volta a campo no domingo, contra o Valladolid. O goleiro Victor Valdés e o atacante Gudjohnsen devem desfalcar a equipe. A volta de Ronaldinho ainda não está confirmada.Além da má-fase no Barça, Ronaldinho ficou de fora da lista de Dunga para o amistoso da Seleção contra a Suécia, na próxima quarta.
Pelo menos no aspecto da vida profissional, há pouco para o filho da Miguelina comemorar neste 28º aniversário.

Ronaldinho: "Pessoas invejosas querem me derrubar
Ronaldinho está magoado. Irritado com as acusações de que está se dedicando mais à vida noturna do que a jogar futebol, o camisa 10 do Barcelona desabafou em uma entrevista à revista alemã Vanity Fair.

O craque reclama das críticas, mas diz que não está abalado. — Aparentemente, há pessoas invejosas que querem me derrubar com esses boatos. Não conseguirão. Ninguém destrói Ronaldinho.

Nenhuma crítica do mundo pode tirar meu ânimo — diz, de acordo com o globoesporte.com. Nos últimos meses, o brasileiro não tem jogado muito pela equipe espanhola. Ficou fora do time por lesões e foi acusado pela imprensa de estar exagerando na diversão em boates. A última polêmica aconteceu essa semana.

O atleta ficou fora da rodada do Espanhol alegando dores musculares, mas um exame mostrou que Ronaldinho não tinha nenhuma lesão. Mesmo assim, acabou não sendo relacionado para a partida de quinta-feira contra o Valencia, pela Copa do Rei.

Por causa disso, os jornais espanhóis passaram a questionar o profissionalismo do ex-gremista. À revista alemã, o camisa 10 afirmou que continua com a mesma motivação que o tornou o melhor jogador do mundo em 2004 e 2005. — Estou tão motivado como há muito tempo não estava.

A crítica me impulsa a ser o melhor. O Barça só pode ganhar títulos com um Ronaldinho forte. Sem títulos, a vida é chata — afirma. Por fim, o craque garante que não deseja deixar o clube catalão no final da temporada: — Quero ser campeão este ano com o Barcelona custe o que custar. Tenho um futuro grande neste clube. É minha família. Eu gostaria de ficar e farei o possível para voltar ao topo — conclui.
Fonte Zero Hora

Condoleezza Rice pede desculpas a Obama

O departamento de Estado dos Estados Unidos pediu desculpas nesta sexta-feira 21/03 pela espionagem de registros de passaporte dos candidatos à Presidência do país, os senadores Barack Obama, Hillary Clinton e John McCain.
A revelação aconteceu horas depois que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, informou que telefonou a Obama para pedir desculpas pelo fato de três funcionários terceirizados de sua pasta terem acessado registros do passaporte dele de maneira indevida. Dois deles foram demitidos por causa do incidente.
"Eu disse a ele que sinto muito e que eu mesma me sentiria muito perturbada se eu descobrisse que alguém olhou meus registros de passaporte", disse Rice a jornalistas no início de uma reunião com o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim.
O porta-voz do departamento de Estado, Sean McCormack, disse a jornalistas que Rice "expressou o mesmo sentimento" a Hillary e que ainda vai falar com McCain.
Os democratas Obama e Hillary estão travando uma disputa pela indicação de seu partido à batalha pela Presidência contra o republicano McCain. As eleições estão marcadas para 4 de novembro.
O departamento está investigando as ações dos funcionários, que parecem ter agido de maneira independente e sem motivações políticas, e informou o departamento de Justiça sobre o inquérito como precaução em caso de alguma lei ter sido violada.
O incidente é um embaraço para o governo de George W. Bush e retoma memória de polêmica de 1992, surgida quando funcionários do departamento de Estado pesquisaram registros de passaporte e cidadania do ex-presidente Bill Clinton quando ele era o candidato democrata à Presidência do país.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Iteral inicia visitas para reconhecimento de comunidades quilombolas

A Gerência do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) definiu o calendário das visitas a comunidades quilombolas do Estado, para elaboração de relatório a ser enviado ao Ministério da Cultura. O objetivo é conseguir do ministério o reconhecimento oficial dessas comunidades como remanescentes de quilombos e assim garantir recursos para projetos de melhoria das condições de vida nessas localidades.

Até setembro deste ano, uma equipe do Iteral irá visitar 20 comunidades quilombolas em todas as regiões do Estado. De 17 de março a 19 de maio, a gerente do Núcleo de Quilombolas do instituto, Berenita Melo, acompanhada de um historiador, uma socióloga e um antropólogo, visita as comunidades Passagem e Sítio do Meio, em Taquarana; Jussara, em Santana do Mundaú; Abobreiras, em Teotônio Vilela; Gurgumba, em Viçosa, e Bom Despacho, em Passo do Camaragibe.

A equipe irá analisar os costumes, o modo de vida e investigar a história de cada comunidade. Também irá fazer um relato das condições sociais, como o acesso à educação e saúde, aos programas assistenciais do governo federal, o tipo de moradia e as estradas de acesso à localidade. "Tudo isso fará parte de um relatório individual sobre cada uma delas, que o Iteral vai enviar à Fundação Palmares, para que o Ministério da Cultura dê seu parecer", explica a gerente do Núcleo de Quilombolas, Berenita Melo.

O decreto que permite o reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombos é o 4.887, de 20 de novembro de 2003. "Com esse reconhecimento, as comunidades podem ser beneficiadas com recursos do governo federal para projetos de melhoria das condições de saúde, educação, estradas de acesso, moradias, saneamento, entre outros programas", relata Berenita.
Ela destaca também a importância do reconhecimento. "É extremamente necessário, pois essas comunidades são muito carentes, os índices de analfabetismo são elevados e elas dispõem de poucas opções de trabalho e quase nenhuma assistência", finaliza.
Fonte: www.primeiraedicao.com.br

Igualdade Racial cobra políticas públicas da Prefeitura

A Comissão de Promoção de Igualdade Racial de Maringá quer que a Prefeitura coloque em prática 11 propostas em favor dos afrodescendentes
Para os afrodescendentes de Maringá - segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE) somam cerca de 25% da população -, o dia 21 de março é uma data especial: o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial.
Em comemoração à data, lideranças do movimento negro em Maringá aproveitam a ocasião para entregar um documento com 11 propostas à Prefeitura, cobrando a aplicação de políticas públicas em favor dos negros.
Para o presidente da Comissão de Promoção de Igualdade Racial de Maringá, Paulo Bahya, a discriminação contra os negros ainda persiste em Maringá.
Segundo ele, ao colocar em prática as propostas sugeridas pela Comissão, o prefeito Silvo Barros (PP) colaborará para atenuar, ao menos no município, um problema social presente em todo o Brasil.
Um passo importante, o número um da lista elaborada pela Comissão, é o ensino da cultura e história afro-brasileira nas escolas municipais, conforme prevê a lei federal 10.639.
Na opinião de Bahya, a inserção dos negros na sociedade está melhorando aos poucos, mas a matriz curricular das escolas ainda contribui, segundo ele, para que exista discriminação.
"Muitas vezes a história só trata dos negros até a fase da escravidão. O negro fica sendo visto apenas como escravo. Isso faz com que a criança negra, na escola, sinta-se excluída por preconceito."
Bahya aproveita a chegada da Páscoa para citar um fato que acontece nas escolas, não raramente.
"Na hora de fazer um teatrinho para encenar a Paixão de Cristo, por exemplo, falam para uma criança negra que ela não serve (para encenar o papel de Jesus). Será que os professores estão preparados para lidar com as crianças negras?", questiona.
Se outras etnias têm a importância reconhecida, justifica Bahya, os negros deveriam receber tratamento semelhante.
"A gente vê um Parque do Japão sendo construído e inúmeros trabalhos envolvendo a cultura japonesa. Por que não há a mesma visibilidade da cultura afrodescendente em Maringá?", reclama.
Atividades
Para esta semana, entidades ligadas ao movimento negro estarão promovendo atividades socioculturais em Maringá. Rodas de capoeira devem ocorrer em vários pontos da cidade até quinta-feira.
Apresentações de percussão estão sendo programadas para a sexta-feira, na praça Zumbi dos Palmares, entre o Jardim Santa Felicidade e o Conjunto João-de-Barro.

Desaparecimento de educador negro expõe descaso do Estado

Rio – Passados dois anos desde que saiu de casa em Duque de Caxias, o educador Roberto Delanne continua desaparecido, e o Estado – por intermédio da Secretaria de Segurança Pública do Rio – ainda não concluiu as investigações sobre o seu paradeiro.
Oficialmente ninguém sabe se está vivo ou morto, embora, a versão policial mais aceita é de que tenha sido capturado por traficantes por engano e assassinado. Seu corpo, segundo essa versão, teria sido incinerado num micro-ondas (locais utilizados pelo tráfico para desaparecer com cadáveres), com a inicineração do corpo das vítimas, como aconteceu como o jornalista Tim Lopes, da Rede Globo.

Delanne saiu de casa, no bairro de Santa Lúcia, Imbariê, Distrito de Duque de Caxias, por volta das 19h do dia 17 de março de 2006 e nunca mais foi visto. A ocorrência está registrada no 62º DP Policial de Duque de Caixas.VigíliaNa última sexta-feira, um ato na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), promovido pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro, marcou os dois anos do desaparecimento do educador.

Durante o ato, coordenado pelo jornalista André Moreau, as lideranças presentes, entre as quais, representantes das Igrejas Metodista e Católica, além de religiões de matriz africana, decidiram cobrar do governador Sérgio Cabral o aparecimento do corpo de Delanne, em um prazo máximo de seis meses.

A Comissão também decidiu realizar atos anuais de Vigília por Delanne na data de seu desaparecimento, independente do desfecho do caso, e quer que o Estado promova a construção de uma escola de alfabetização de adultos, com seu nome, em Ibariê, na Baixada Fluminense, onde o educador morava quando desapareceu.Logo depois do desaparecimento, chegaram a circular notícias de que Delanne teria sido visto nas ruas do Rio, versão, entretanto, não confirmada pela Polícia.

A família, em especial, a filha Cláudia Delanne, já não tem mais esperanças de encontrá-lo com vida, porém, exigem do Estado que, pelo menos, apure o que aconteceu e reconheça a sua morte, expedindo o atestado de óbito.Segundo José dos Santos Oliveira, do Centro de Pesquisas Criminológicas do Rio de Janeiro - CEPERJ, durante este período de dois anos, o Ceperj vem buscando informações e cobrando solução das autoridades, inclusive junto ao Secretário de Segurança Pública e ao Ministério Público do Rio. “Contudo, até o momento não obtivemos nenhuma resposta de conclusão do inquérito”, afirma Oliveira.Ana Maria Felippe, do Espaço Memória Lélia Gonzalez e uma das responsáveis pela criação do GT-Delanne, que iniciou as buscas logo após o desaparecimento, disse que a família e os amigos do educador continuarão exigindo uma posição das autoridades e o esclarecimento do que aconteceu com Delanne.Quem foiO educador era fundador do Movimento Negro do PDT e tinha intensa atividade política e social.
Nascido no Rio, era formado em Letras (Português e Alemão) e Pedagogia (Administração Escolar) pela Uerj. Trabalhou no Egito por contrato com o Governo Egípcio, Suíça e Angola. Foi professor no C.E Professor Carlos Costa Complexo Penitenciário de Bangu(Bangu 3 e Penitenciária Plácido de Sá Carvalho), Orientador Pedagógico no C.E Mário Quintana Complexo Penitenciário da Frei Caneca(Penitenciárias Lemos de Brito, Hélio Gomes, Petrolino de Oliveira e Nelson Hungria) e Professor no C.E Jornalista Barbosa Lima Sobrinho, no CAI Baixada (Coordenadoria de Atendimento Intensivo ao Menor da Baixada).Também era poeta, tendo publicado o texto poético 2 x 4, Poesias de Raça e, por último Coisas do Brasil.

Veja o histórico do desaparecimento do educador, produzido pelo Espaço Memória Lélia Gonzáles e entidades que integram o GT Delanne no http://www.afropress.com.br/

quarta-feira, 19 de março de 2008

RACISMO NO FUTEBOL

Me arrependi, diz Antonio Carlos
São Paulo - O ex-zagueiro e atual diretor técnico do Corinthians, Antonio Carlos Zago, 38 anos, punido por racismo contra Jeovânio, do Grêmio, em partida disputada no dia 05 de março de 2006, pelo Campeonato gaúcho, disse ter se arrependido do seu gesto.
Em longa entrevista ao Jornal Folha de S. Paulo, Antonio Carlos, disse esperar que as pessoas esqueçam a sua atitude racista.
Na ocasião, quando jogava pelo Juventude de Caxias do Sul, ao ser expulso, o jogador teria dito a Jeovânio. “Isso é coisa de macaco”, sinalizando a cor da pele do atleta do Grêmio e esfregando os dedos em cima do braço.
Na época foi punido com 120 dias de suspensão pela Justiça Desportiva.“Espero que as pessoas esqueçam isso, porque aquele ali não era o Antônio Carlos. Naquele dia, eu saí de campo com muita vergonha daquilo que eu tinha feito.
Eu me arrependi mesmo. Houve uns três, quatro episódios na minha carreira de que eu me arrependo. Na Itália, houve uma vez que cuspi no Simeone.
Peguei quatro jogos. Mas me arrependi na hora. Ele era um cara chato, só que era legal fora de campo. E, uma semana depois, encontrei-o com a mulher.
Não sabia onde enfiar a cara. Pedi desculpas a ela. Ela disse que não tinha problema porque conhecia bem o marido que tinha”, afirmou.Ele disse ter pedido desculpas a Jeovânio, porém, o atleta do Grêmio não o perdoou. “Ele não aceitou. Pelo que me falaram, foi mais a mulher dele que não deixou ele aceitar. Depois, parei. Você vai atrás e não consegue falar com o cara. Deixei de lado”, contou.
No momento, por força de um acordo judicial, Antonio Carlos tem de se apresentar todo mês no Fórum para assinar um termo. “Se eu deixar o país, tenho que avisar. Isso é por quatro anos. Já foram dois anos”.Ele considerou sua punição justa. “Eu acho que foi, mas quiseram me pegar como bode expiatório para dar exemplo para todos.
Eu fiz um gesto infeliz. Só que, às vezes, a pessoa mata e não é punida”, concluiu. O atleta encerrou a carreira no ano passado como jogador do Santos Futebol Clube e, desde então, ocupa cargo de dirigente do Corinthians Paulista. Fonte: www.afropress.com.br

Movimento perde Valcirana

Teresina/Piauí - Um acidente – a queda de uma cama no hospital onde estava internada para uma cirurgia de retirada da vesícula – causou a morte de uma das mais importantes líderes negras do Piauí: Valcirana Vieira Maia, 39 anos, líder do Grupo Esperança Garcia.
Ela morreu nesta sexta-feira (14/03).Valcirana foi velada em sua casa, no bairro Monte Castelo, zona sul da capital e enterrada na manhã deste sábado (15/03).
Segundo conta a jornalista Liana Paiva, de Teresina, o acidente aconteceu quando Valcirana levantou-se para ir ao banheiro e, na queda, bateu com a cabeça no chão.
A ativista foi velada por parentes e amigos, entre as quais, a presidente da Fundação Cultural do Piauí, Sônia Terra. O jornalista e radialista Humberto Coelho, no velório, lamentou a morte da ativista. “Conheci a Valcirana há mais de 20 anos e fico muito triste com esta notícia.
Era uma pessoa alegre e de força que atuava em prol da causa negra”, afirmou.
O jornalista Márcio Alexandre Martins Gualberto, dirigente do Coletivo de Entidades Negras e colunista da Afropress, também lamentou a morte de Valcirana. “Estamos todos chocados! Que dor!! Uma dor profunda!! Valcirana era minha amiga, nos falávamos quase que diariamente”, afirmou.
O Coletivo de Mulheres Negras Esperança Garcia é uma entidade que trabalha no combate à discriminação e ao preconceito racial, em especial voltado para as mulheres. O nome é uma homenagem à escrava Esperança Garcia que foi a primeira a peticionar no país. Ele escreveu uma carta, em 1770, falando das crueldades que os negros eram submetidos à época da escravidão. Fonte: www.afropress.com.br

Salvador, um hotel Ruanda?

A derrubada de um terreiro de candomblé, por prepostos da Prefeitura Municipal de Salvador com o apoio da Policia Militar, foi uma violência institucional da cidade contra os afros baianos. O Poder Municipal atuou contra a Constituição Estadual da Bahia que no art. 275 que afirma: É dever do Estado preservar e garantir a integridade, a respeitabilidade e a permanência dos valores da religião afro-brasileira, contra a lei orgânica do município no art., 267, que ordena ao poder municipal, a preservação e a proteção ao candomblé enquanto valores culturais do município.
As autoridades municipais através da Sucom, deram a ordem de demolir e o uso de forca militar para atacar o templo religioso, ao arrepio da lei estabelecida ferindo de morte a Constituição e o Estado de Direito, todos perdemos; A cidade, a cultura, o turismo, a convivência entre diferentes credos, as duas secretarias criadas para não permitir estes atos pelo poder publico, a Semur municipal e a Sepromi estadual, a economia do turismo étnico, tal a rapidez que a noticia desta estupidez foi veiculada fora do Brasil.

Como isto aconteceu? Como chegamos a este ponto de barbárie na cidade mais africana, do mundo ocidental? Quanto disto é civilização? Se fosse um ataque a outra religião? O que aconteceu depois de atos como este nos Estados Unidos, Alemanha, África do Sul, Austrália? Os fatos de Ruanda na África oriental servem para explicar o que esta acontecendo aqui.

Em Ruanda uma maioria Hútus era oprimida por uma minoria Tutsi com a omissão e ajuda da Bélgica e da Franca, o ódio racial e a intolerância viraram um genocídio contra os Tutsi e numa tragédia com mais de um milhão de mortos.

Para Joseph-Désiré Bitero, de Ruanda: “A fonte de um genocídio o senhor jamais verá, está enterrada bem fundo nos rancores, sob um acúmulo de desentendimentos dos quais herdamos o último. Chegamos à idade adulta no pior momento da história de Ruanda, fomos educados na obediência absoluta, no ódio, fomos entupidos de fórmulas, somos uma geração sem sorte”.

Aqui vivemos esta realidade de pré guerra religiosa, recentemente um ataque de um homem que se diz da igreja Universal do Reino de Deus a imagem de São Benedito contra um santo negro carregando o menino Jesus, os ataques judiciais aos jornais A Tarde, Folha de São Paulo que informaram sobre esta mesma expressão religiosa como forma de intimidação, isto mostra como a intolerância e o racismo nos trazem graves problemas.Os programas de TV diários atacando o candomblé e as religiões de matiz africanas, nos moldes da intolerância em RuandaUm dos Tutsi que participaram da matança entrevistado por Hatzfeld no seu livro diz, “Em 1991, nos jornais militares o Tútsi era apontado como o inimigo natural do hútus que precisavam ser eliminados definitivamente. Estava escrito em letras garrafais na primeira página.

Com o tempo, o alvo foi sendo pouco a pouco difundido nas estações de rádio”. A nossa intolerância se desenvolveu em diferentes épocas, no Direito, na sociedade, independentemente de regime político e de tipo de governante. Colônia, Império, República, Salvador foi líder mundial em trafico de escravos superando cidades como, Nantes (França), Liverpool (Inglaterra) Lisboa (Portugal)..

A cultura dos escravos africanos chocava com a religião oficial e um dos sinais disto foi à perseguição religiosa ao candomblé desde os primeiros momentos da escravidão, só foi proibida pelo decreto 20.095 de 25 de janeiro de 1976, do governador Roberto Santos.

As marcas deste passado estão na sociedade e nos governos, são visíveis na violência individual e coletiva do presente e explicam (não justificam) os atos inconstitucionais dos prepostos da prefeitura municipal de Salvador contra um templo religioso, a cidade tem muitas outras urgências e necessidades vitais, o racismo institucional e de intolerância, estão contribuindo para que Salvador se transforme em um novo Hotel Ruanda, com maiorias negras mestiças vivendo nos bairros sem estruturas com violências sem perspectivas de vida melhor, com as autoridades pedindo desculpas depois praticar atos ilegais, vamos mudar isto, com novas políticas de igualdade mesmo que esta nos custe caro e perdas de privilégios históricos.

Vamos trabalhar contra a pobreza e na defesa dos direitos humanos para que Salvador seja um bom hotel para toda a nossa humanidade, cidade acolhedora da diversidade e da democracia.

Fonte: João Jorge - 18/3/2008 Advogado, Mestre em Direito Publico pela UNB. Presidente do Olodum/Salvador

São Carlos nos tempos da Casa Grande & Senzala

Ao ingressarmos no sítio da célula-mater do Município de São Carlos, a mais que sesquicentenária “Casa do Pinhal”, aprumada no terceiro decênio do século XIX e solar do clã Arruda Botelho, arquetípica “Pater Famílias” do “complexo Casa Grande & Senzala” (Gilberto Freyre, 1900-1987) não apenas são-carlense e dos “campos de Araraquara”, mas da Província de São Paulo e do Império do Brasil, o inexorável binômio freyreano - Casa Grande & Senzala - como um relâmpago toma-nos de assalto as retinas e o equilíbrio.
O teatro circundante absorve-nos numa inefável sintonia com sirênicos sons e cambiantes texturas de cores, capturados e eternizados - feito arena de ressonância - no catártico palco que nos faz oscilar em freqüência e pinceladas tangidas pela História: para descrevê-lo seria necessário fixar o relâmpago (..)”, como diria o célebre Brás Cubas machadiano...
A febre, num átimo, revive a “Casa Grande, completada pela senzala” (Gilberto Freyre); a “Casa Grande e sua sombra projetada sobre a senzala” (Raymundo Faoro); “as mãos e os pés” (Pe Antonil, 1650-1719) e Capitães-do-mato; Sinhôs e Sinhás; Coronéis e Guarda Nacional; Conde do Pinhal (1827-1901) e Visconde Cunha Bueno (1830-1903); o Prudêncio de episódio insólito do clássico de Machado de Assis (1839-1908) e Manoel Candido de Oliveira Guimarães (?1826-1881), proprietário da versão são-carlense do mercado do “Valongo” (mercado de escravos no Rio de Janeiro) – a Faz Babilônia; Zumbi e Pai João; Caifases e “Petroleiros”; Guerra do Paraguai e Voluntários da Pátria (1865-1870); Luzias (Partido Liberal) e Saquaremas (Partido Conservador); Republicanos e “barretes frígios de coar café” (Raul Pompéia, 1863-1895); “Mães Pretas” e “Partus Sequitur Ventrem”; Lei do Ventre Livre (1871) e “batalha em torno dos túmulos” (1885) (Joaquim Nabuco, 1849-1910); Navios negreiros e “pipas de água salgada” (Pe Lopes Gama, 1791-1852); Lei Feijó (1831) e Lei Eusébio de Queirós (1850); Luis Gama (1832-1882) e Antonio Bento (1843-1898); “polvo com seus milhões de tentáculos” (Monteiro Lobato, 1882-1948 ) e “grãos de topázio e rubi” (Osório Dutra); “Neoaristocracia do Café” (Gilberto Freyre) e “II Civilização do Café” (Caio Prado Jr, 1907-1990); tumbeiros e comboios de Caeteté (Província da Bahia); “Rua do Valongo” e Faz Babilônia; Negros-do-mato e Quilombo; Sesmaria do Quilombo, Rio Quilombo e Faz Quilombo; “ sucedâneos fisiológicos das máquinas” (Florestan Fernandes, 1920-1995) e “infeliz herança” (Princesa Isabel, 1849-1921); Barão de Cotegipe (1815-1889) e Rui Barbosa (1849-1923); Condessa do Pinhal (1841-1945) e Balbina; Alexandrina Melchiades de Alckimin (?-1878) e Joaquina; Fazenda Santa Eudóxia e Fazenda São Roberto; João Candido Gomes (?-1896) e Sabino Soares Camargo (1836-1904); D.Pedro II (1825-1891) e Visconde de Taunay ( 1843-1899); o feitor Felício (?1845-?) e os “figurantes mudos” (Sérgio Buarque de Holanda, 1901-1982 ); “Ingleses do Sr Dantas” (Barão de Cotegipe, 1815-1889) e “Junta do Couce”; a casinha da “mãe preta” ainda existente (certamente uma raridade !) na “Casa do Pinhal” ...
Acodem-nos a régua e o compasso do “mestre de Apipucos” – Gilberto Freire - que, discorde-se ou não de suas conclusões, disponibilizou instrumentos de grande valia para empreender-se estudos sobre a questão:“(..) Nas Casas Grandes foi até hoje onde melhor se exprimiu o caráter brasileiro, a nossa continuidade social.
No estudo de sua história íntima despreza-se tudo o que a história política e militar nos oferece de empolgante por uma quase rotina de vida; mas dentro dessa rotina é que melhor se sente o caráter de um povo.
Estudando a vida doméstica dos antepassados sentimo-nos aos poucos nos completar; é outro meio de nos sentirmo-nos nos outros - nos que viveram antes de nós, e em cujas vidas se antecipou a nossa.
É um passado que se estuda tocando em nervos, um passado que emenda com a vida de cada um; uma aventura de sensibilidade, não apenas um esforço de pesquisa pelos arquivos (..) ”. E há ainda muitos destes monumentos no município: Faz Santa Eudóxia, Faz Santa Maria, Faz São Roberto, Faz Santo Antonio, Faz Itaguaçu, Faz São Joaquim, etc. etc.. constituindo um notável patrimônio histórico !.
Nas notas do posfácio de “A Marcha - Romance da Abolição” que tem como tela a epopéia dos caifases liderados por Antonio Bento de Castro e Souza e o processo final de entropização da “enorme muralha mongólica da escravidão” (Rui Barbosa), a pena e tinta de Afonso Schimdt (1890-1964) apreende e captura o sentimento que perpassou a elaboração de “Documentos para uma história da escravidão em São Carlos do Pinhal”, filtrados aos Acervos da Cúria Diocesana, Fundação Pró-Memória e Cartórios de São Carlos: “(..) Quando comecei nas canastras da História, encontrei tanta coisa bonita que até fiquei com pena de estragar o assunto (..)”.Nestes documentos a presença do escravo no cotidiano de São Carlos do Pinhal.
É este o receio que ainda nos assoma quando empreendemos o estudo sobre a versão carlopolitana da Casa Grande & Senzala.E, mais, urge autor afortunado de “rica e iluminante palheta”, como diria Monteiro Lobato, no trato das palavras, provido de instrumental curtido, lavrado e destilado no exercício literário e capaz de avançar nas trilhas abertas por Rubens Amaral (1890-1974) em Terra Roxa (1934) que tem como tela de fundo uma versão são-carlense da “ II civilização do café”.
A saga em território que em tempos pré-colombianos, reza a literatura, foi trilhado por guaianás e caiapós (bilreiros); região que, informa a tradição - e acusam os topônimos Sesmaria e Rio do Quilombo, Ribeirão dos Negros - teria no último quarto do século XVIII homiziado um nicho quilombola de cerca de 120 almas; de posseiros e sesmeiros; das Sesmarias do Monjolinho, Pinhal e Quilombo; da “Fazenda de Criar” do consórcio (1816-1824) de Nicolau Pereira de Souza Vergueiro (1778-1859) e Brig Luiz Antonio de Souza Queirós (1760-1819) à “marcha do incêndio verde” (Ary Pinto das Neves); das “máquinas de carne e osso” (Lopes da Gama) de todos os rincões do Império consumidas no valongo carlopolitano; do trânsito da baronia à fazenda capitalista; do “cafezal da senzala ao cafezal da colônia” (Warren Dean); do “complexo senhorial-escravocrata à ordem social competitiva” (Florestan Fernandes), enfim, de um microcosmo da História do Brasil que precisa ser conhecido e divulgado como patrimônio e capital social são-carlense (sem Pinhal desde 1908) é um trabalho que urge.
Fonte: Marco Antonio Leite Brandão - 18/3/2008

Cotidiano escolar com a favela

O cotidiano escolar por muito tempo foi visto como rotina. Porém, o que se passa na escola não é uma rotina. O conceito de rotinização é reducionista. Pais(2003) sugere a noção de“rotas do quotidiano” como caminhos denunciadoresdos múltiplos meandros da vida social, que escapam às abstrações cientificistas dealgumas teorias sociológicas.
Uma das motivações que me levou a escrever este breve artigo foram a minha experiência de vida, como morador nascido e criado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, e os próprios conflitos que vivencio na minha prática docente, asangústias que compartilho com os meus pares professores e professoras.Isso tem me impulsionado a tentar compreender as relações, hábitos e valores que são formados a partir de sociabilidades diferentes e até antagônicas às expectativas da escola. Almejo compreender as práticas dos alunos que têm seu comportamento informado, fora da escola, por ordens dos grupos que os submetem, enquanto moradores de favelas, a sociabilidades violentas.
É importante ressaltar que tais grupos, não são só grupos criminosos, mas são propagadores de modelos identitários que informam os alunos e as alunas.Quando o traficante impõe uma sociabilidade violenta aos sujeitos que estão vivendo naquele espaço, todos passam a ser vítimas dessa situação em função do medo que essa tirania impõe.
Porém, quando os alunos criam identidades com essa sociabilidade violenta temos, aí, uma questão sociológica e pedagógica relevante e que merece ser problematizada. Partindo dessa premissa, podemos fazer uma articulação com o cotidiano da escola e pensá-lo não mais como rotinas e submissões às prescrições curriculares, mas como rotas que possibilitam a desinvisibilização de redes de sentidos e de práticas curriculares não previstas a priori.Nesse sentido, o que me interessa compreender nessas tessituras-rupturas que estou propondo como exercício de reflexão e tensionamento teórico, não é somente identificar as redes sociais, de pessoas, que se constituem também no cotidiano da escola, mas, compreender a lógica das redes de sentidos tecidas pelos alunos(as), moradores de favelas, partir das subversões e dos usos que eles fazem com o que é proposto pela escola, como conteúdos-saberes importantes para a vida deles.
A idéia de se pensar a lógica das redes de sentidos amplia muito a possibilidade de compreensão do que se passa no cotidiano escolar e demonstra que realmente há para além de um limite, uma complexidade ao colocarmos as noções de redes de pessoas como ponto de partida. À guisa de exemplo vou relatar uma situação ocorrida na escola pública em que trabalho, que evidencia a potência da noção de redes de sentidos e a necessidade de compreensão das lógicas em jogo. Recebemos um aluno no início do ano, oriundo de uma das favelas das adjacências da escola, cuja simples presença transformava a dinâmica do cotidiano escolar.
Quando ele estava na escola, os demais alunos, principalmente os da turma dele (mas não somente eles), na qual eu era o professor, prestavam certa reverência submetendo-se às suas “ordens” (que, às vezes, eram dadas só com um olhar) e o reconhecia como a principal autoridade da sala. Alguns pais de outros alunos comunicaram à diretora que se tratava de um menino que estava envolvido com o tráfico de drogas na favela.
A diretora me comunicou, e passamos a observá-lo com mais atenção. Pude perceber que a sua “liderança” não vinha de nenhuma característica comumente identificada em alguns alunos “líderes”da escola. A “liderança” do aluno em questão estava baseada na identificação e no reconhecimento, por parte dos alunos e alunas da escola, de um suposto posicionamento numa estrutura de poder fora da escola, alheia às suas normas e padrões. A hierarquia professor-aluno, que é um elemento fundante no modelo de escola moderna, passou a ser desrespeitada e o referido aluno passou a impor uma outra lógica de sociabilidade na escola. Passou a tentar intimidar o professor, e outras pessoas da escola, inclusive os alunos, através de ameaças à integridade física.
A partir dessa experiência narrada, vivida com o cotidiano da escola, podemos tecer outras malhas de uma mesma rede, estabelecendo um diálogo com o Antropólogo Becker (1973), levantando a seguintes indagações: qual o sentido da noção de hierarquias que passa a ser tecida no/com o cotidiano dessa escola? Ou ainda, de qual ponto de vista tentaremos compreender a lógica dessas ações? E o que faremos a partir daí, corroboraremos com as acusações de que tais alunos são transgressores, desviados, bandidos, ou subversivos? Qual a rede de sentidos que nós, professores e professoras, estamos tecendo nos/com esses cotidianos da escola?Para não concluir... Ao fazermos um mergulho no universo da escola é possível perceber os sinais de resistências, transgressões e outros usos das regras impostas.
Percebemos que os alunos (as) enredados (as) aos seus cotidianos, transformam a sua realidade fazendo usos táticos das regras impostas (CERTEAU, 1994), tecendo conhecimentos que tenham sentido para e nas suas redes de saberes. Por exemplo, os estudantes moradores de favelas dão o sentido que lhes convém às regras e ao que é ensinado na escola. Assim, fazem uso tático (CERTEAU, 1994) dos conhecimentos prescritivos que lhes são impostos de acordo com as situações que se defrontam dentro e fora da escola.
E com os seus saberes/fazeres forjados nos cotidianos (dos seus múltiplos espaços-tempos de pertencimentos), constroemsuas casas, seus espaços sociais, suas vidas dentro e fora da favela. Modificam a escola que, vinculada aos saberes dominantes, representante de um saber supostamente superior, dificilmente abre espaços para as culturas “inferiores”.Esses espaços são abertos, geralmente, pelas transgressões e desvios e as táticas, como nos fala Certeau (1994). São nesses lugares não-autorizados da escola que moradores de favelas enredam seus conhecimentos, valores e as suas estratégias de sobrevivência, aos currículos praticados na escola .
É comum ouvirmos de alguns profissionais da educação, que funk é coisa de bandidos e que Hip-Hop faz apologia disso ou daquilo, embora sejam apenas manifestações culturais legítimas de determinados grupos sociais. Há muitos outros exemplos de tentativas de silenciamentos das práticas e valores sociais e culturais dessas populações pela escola, mas, também há muitos relatos entre os alunos das táticas usadas para subverter as ordens impostas. Por isso, faz necessário um mergulho no cotidiano da escola, com todos os sentidos (ALVES, 2001) para não somente enxergarmos, mas, ouvirmos, tocarmos, cheirarmos, sentirmos e, assim, tentar compreender melhor essas lógicas tessidas com o cotidiano escolar.

domingo, 16 de março de 2008

Belo cumpre maratona para fazer show e voltar para a cadeia


Belo já está de volta ao Instituto Penal Cândido Mendes, no Centro do Rio. No sábado, 15, às 17h, o cantor deixou a prisão para fazer um show em Ribeirão Preto, São Paulo. Belo, que conseguiu uma autorização especial da Justiça para se apresentar em outro estado, precisava retornar até o meio-dia deste domingo, 16, para a carceragem do Instituto Penal. O show foi uma maratona para Belo, que esteve acompanhado o tempo todo da noiva, Gracyanne Barbosa.
Assim que deixou a cadeia, ele embarcou no aeroporto Santos Dumont, no Rio, rumo a São Paulo. Na capital paulista, Gracyanne e Belo enfrentaram três horas de viagem numa van, que os levaram até o local da apresentação em Ribeirão Preto, o Ipanema Clube. Como conta com exclusividade ao EGO, o artista foi surpreendido com a receptividade de seu público: “Fiquei muito feliz. Os ingressos esgotaram. Meu público nunca me deixa. Passei por várias coisas na minha vida e meus fãs estão sempre do meu lado”, disse ele, emocionado.
A notícia da prisão de Belo, que foi condenado há oito anos pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, deu um susto nos organizadores do show em Ribeirão Preto. Por pouco o evento não foi cancelado com a notícia da volta do cantor à cadeia, na quarta-feira, 12. Mas mesmo sob a ameaça de não haver apresentação, todos os oito mil ingressos postos à venda se esgotaram. Para voltar à carceragem do Rio, assim que finalizou sua apresentação Belo fez o mesmo percurso de volta: três horas de Ribeirão a São Paulo numa van e avião rumo ao Rio de Janeiro. A noite foi em claro. A advogada de Belo, Sandra Regina Almeida, está entrando com um recurso para que seu cliente retorne ao livramento condicional.
Fonte Ego Noticias

Hamilton venceu com tranqüilidade em Melbourne, a primeira prova do Mundial deste ano. Lewis Hamilton não escondeu a alegria pela vitória conquistada

Lewis Hamilton não escondeu a alegria pela vitória conquistada no GP da Austrália neste domingo (16). O jovem inglês impôs um domínio impressionante desde o começo e confirmou o favoritismo da McLaren neste início de temporada.
Largando da pole, Lewis não deu chances para os adversários e administrou a primeira colocação com tranqüilidade durante as 58 voltas da prova em Melbourne."Fiz uma boa largada, o carro se comportou muito bem e só fiquei um pouco preocupado com (Robert) Kubica, pois ele estava muito próximo. Depois da primeira curva, consegui abrir certa vantagem e isso me deixou mais tranqüilo", falou o piloto, na coletiva de imprensa.

O calor excessivo, que caracterizou a prova australiana, e o desgaste dos pneus também foram lembrados. "Esta prova me lembrou muito o GP do Canadá, onde tivemos muitos acidentes e bandeiras amarelas. Tive muita sorte, principalmente nas relargadas, evitei as confusões e passei a me concentrar somente no rendimento dos pneus", explicou. "Na verdade, procurei poupá-los ao máximo.

"O vice-campeão de 2007 também não economizou em elogios à equipe e ao MP4-23. "Devo dizer que o time fez um excelente trabalho, acho que tudo que fizemos na pré-temporada foi recompensado hoje. O carro é um sonho, é realmente fantástico e muito melhor que o do ano passado", disse.

Sobre os adversários, Hamilton afirmou que, além da escuderia vermelha, o time inglês deve encontrar em Williams e BMW rivais de peso neste ano. "Para ser sincero, o ritmo da Ferrari não me preocupa muito, porque Williams e BMW se mostraram muito fortes", destacou o britânico, que ainda disse estar muito feliz com a presença de Nico Rosberg na terceira colocação. Os dois já foram rivais no kart e nas categorias de base.

sábado, 15 de março de 2008

Dez anos após sua morte, Tim Maia ressurge em faixas inéditas na internet

Cinco músicas inacabadas da fase ‘Racional’ do cantor apareceram na web.Músico, que morreu no dia 15 de março, teria abandonado o material em estúdio.
Um dos maiores responsáveis pelo molho suingado feito à base de funk e soul que temperou a música brasileira a partir da década de 70, Tim Maia morreu há exatos dez anos, mas até hoje reserva surpresas. A mais recente delas foi o surgimento, na internet, de cinco faixas inéditas de sua fase “Racional”. O músico teria abandonado o material em um estúdio de gravação, há cerca de 30 anos.
As fitas de oito canais foram digitalizadas pelo produtor Dudu Marote, que descobriu o material ao trabalhar com o engenheiro de som William Junior, em 2000. O pai dele era dono de um estúdio no Rio de Janeiro nos anos 70. Tim Maia gravou as músicas lá, mas nunca mais foi buscar.
Para ter uma referência, Marote deu às faixas nomes provisórios: “Escrituração racional 1 e 2”, “You gotta be rational”, “Universo em desencanto disco” e “Brasil Racional”. "Esse material tem valor histórico", diz o produtor. "Estamos falando de faixas de cuja existência ninguém sabia, nem a família do Tim Maia.""Existe um discurso de que ele fez um trabalho melhor nessa fase porque não estava usando drogas. Mas há um dado importante: ele já havia gravado as músicas quando entrou para a seita. Ele se apaixonou pela filosofia e decidiu modificar as letras", diz. "Mais tarde, houve uma ruptura. O Tim Maia ficou decepcionado e abandonou tudo. Por isso, tem músicas que ficaram mais e outras menos completas."

Outros tins
Para Marote, as faixas inéditas mostram algumas facetas de Tim Maia que o público desconhece. "Em 'Escrituração racional', ele faz uma coisa meio rara, que é cantar em falsete, estilo que ele dominava e que depois abandonou", avalia. "Já em 'Brasil racional' Tim está literalmente lendo o livro sobre uma base funk." “Universo em desencanto disco”, segundo o produtor, marca um momento de transição do músico. "O primeiro álbum 'Racional' é mais soul, o segundo é mais funk, e o terceiro caminharia para a disco. É um tipo de melodia bem 'Dancin' days'", diz."O que eu acho mais legal de tudo é as faixas estarem incompletas. É sensacional escutar o Tim Maia conversando com as pessoas no estúdio. Como grande fã, ter acesso a esse material vale muito mais do que se as músicas estivessem perfeitas."
No ano passado, William Junior passou os tapes para o produtor Kassin, e juntos eles voltaram a trabalhar nesse material e em outras faixas encontradas posteriormente.
'Coisas fabulosas'
O jornalista Nelson Motta, autor de "Vale tudo - O som e a fúria de Tim Maia", biografia do cantor recentemente lançada, disse que só soube das faixas quando o livro estava pronto. "Não conheci as versões mixadas pelo Dudu Marote. Ouvi, sem mixagem, as oito que o Kassin me mostrou", disse Motta, amigo de Tim Maia ao longo de boa parte de sua carreira. "Tem coisas fabulosas, talvez seja o melhor dos três discos [da série 'Racional']".
Cultura Racional
Ao entrar para a seita que tem como base os preceitos do livro “Universo em desencanto”, cuja filosofia mistura elementos de umbanda e crença em extraterrestres, Tim Maia mandou pintar todos os instrumentos de branco e passou um bom período completamente livre das drogas. A aventura religiosa rendeu dois discos, hoje cultuadíssimos: “Tim Maia Racional vol 1” (1975) e “Tim Maia Racional vol 2” (1976).
No repertório, há pérolas como “O caminho do bem” e “Leia o livro”, na qual Tim Maia prega, em inglês: “read the book”. Mas, imprevisível como só o próprio Tim, o músico se desencantou com a seita e mandou tudo às favas, inclusive os álbuns, que foram renegados.
Fonte G1

Estudantes norte-americanos pesquisam quilombolas

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, recebeu, no dia 12/03, uma delegação de pesquisa de campo do Rapoport Center for Human Hights and Justice, of University of Texas at Austin, que veio ao Brasil com a missão de pesquisar o "Direito à terra de afro-descendentes no Brasil". Composta por um professor coordenador e cinco estudantes das áreas de Direito e de Literatura, a equipe chega ao Brasil disposta a conhecer o intrincado caminho que levou ao reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombo no país.
Os pesquisadores, que foram encaminhados à FCP pelo ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Antonio Herman Benjamin, estão com uma agenda repleta de entrevistas com representantes de comunidades quilombolas, do governo, ativistas e acadêmicos e percorrerão, além de Brasília, as cidades de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. A pesquisa de campo resultará em um relatório, no qual farão recomendações de ações futuras a serem disseminadas a organizações governamentais, intergovernamentais e não-governamentais e a políticos.
Na Fundação Cultural Palmares, quiseram saber, entre outras questões, quais as políticas públicas que o Brasil tem implementado para a inclusão dos afro-descendentes; como é o processo de reconhecimento e de certificação das comunidades quilombolas e quais os direitos a eles concedidos; e como a sociedade civil vê esse processo sendo implementado no Brasil?
Zulu Araújo mostrou-se muito satisfeito com a iniciativa dos jovens pesquisadores norte-americanos. Ao que a professora Karen Engle respondeu que eles ficaram por durante dois meses, antes de vir ao Brasil, estudando exaustivamente a questão dos quilombolas.
Política de governo - Atentos, ouviram do presidente da FCP uma rica explanação da atuação da Fundação Cultural Palmares e da política de implementação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dar visibilidade às comunidades quilombolas. Isso quer dizer, de um projeto que vai além das questões econômicas, de um projeto cultural para preservar a história e a cultura dos afro-descendentes.
O presidente da FCP explicou as dificuldades, principalmente pela visão euro-centrista que ainda paira sobre a sociedade brasileira. Mas uma das grandes vitórias, segundo ele, foi a constituição da Fundação Cultural Palmares, da qual ele foi um dos mentores. Criada para promover, preservar e difundir as manifestações culturais do movimento negro brasileiro, a Fundação, segundo Zulu Araújo, tem uma atuação relevante no atual governo.

Os estudantes ouviram de Zulu que, apesar da luta intensa dos movimentos organizados, a Fundação Cultural Palmares, até 2003, teve pouca atuação. "Pouca coisa foi feita para tornar realidade a premissa constitucional, o artigo 68, que regula as relações da sociedade com os remanescentes de quilombos", disse ele.
Porém, a partir de, precisamente, 20 de novembro de 2003, Dia Nacional da Consciência Negra, um novo marco se inaugura. O presidente Lula aprova o decreto 4.887/2003. que regulamentou a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes dos quilombos. Assim, a FCP já certificou 1.170 comunidades, dos 3.500 territórios quilombolas já identificados no país.
Comprometimento e responsabilidade - Em mais uma comparação, Zulu Araújo conta que em quinze anos, de 1988 até 2003, da FCP reconheceu apenas 13 territórios, com visita a 12. Nos últimos cinco anos, a Fundação já visitou 326 territórios. "Isso é revelador de que, apesar da legislação, ela por si só não dá a garantia dos direitos. É preciso comprometimento, ação e responsabilidade. Isso é o que estamos fazendo", garantiu Zulu.
O presidente da FCP, atento ao interesse pelas informações dos jovens estudantes, continua sua explanação ainda com críticas ao que ele considera ainda obstáculos para a implementação soberana das políticas públicas encaminhadas pelo governo Lula. Ou seja, embora o perfil racial do Brasil seja muito diverso, muito mestiço, em contrapartida, suas referências civilizatórias e de poder são euro-descendentes. "Isso faz com que toda política pública que leve ao protagonismo dos setores negros e indígenas leve essa sociedade a considerar como algo perigoso. E por conta dessa concepção, os avanços nas áreas quilombolas não é bem-visto".
Esse conflito, segundo Zulu Araújo, deve-se ao atraso do Brasil na questão fundiária. A legislação brasileira ainda é regida por uma lei de 1950, a Lei da Terra, vista como conservadora. "Ainda hoje, em pleno século 21, lutas por reforma agrária são vistas pela elite como coisa de comunistas", alerta ele. Zulu explica que para os quilombolas, o direito à terra vai além do aspecto econômico; é cultural e detalha: "A relação deles com a terra é a relação com a vida, é estar no mundo.
Ao final, entusiasmada com tudo que ouviu e com os projetos da Fundação Cultural Palmares, a professora Karen propõe trabalharem juntos em um programa destinados aos estudos afros na América Latina.
Para os interessados em conhecerem os relatórios e pesquisas de campo desenvolvidos pelos membros do Rapoport Center, é só acessar www.rapoportcenter.org/publications.html