S. Paulo - Porta-vozes de um “esquerdismo irresponsável que faz coro com a direita reacionária”. Foi dessa forma que o coordenador geral da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), Edson França (foto) reagiu ao movimento desencadeado por mais de uma centena de entidades do Movimento Negro, que hoje se reúne em Brasília para uma Assembléia Popular que tem como objetivo pedir ao próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva o veto ao Estatuto aprovado pelo Senado.
“Fingem desconhecer o jogo político no parlamento, a correlação de forças que se chocaram na defesa do Estatuto da Igualdade Racial e de todas as propostas que visam promover socialmente a população negra. Baseados numa (afro) ideologia que não se sustenta teoricamente, propõem o sepultamento das conquistas. São forças que sofrem de um profundo autismo político e querem levar o movimento negro ao caminho do isolamento”, afirmou.
França disse que é legítimo perguntar qual a seriedade “dos interlocutores de um movimento social, que apóia 10 anos de luta por uma lei, a rejeita porque não foi atendido na integralidade?”.
“São sérios? Estão em consonância com a base social representada? Qual a garantia de que pleitos futuros serão considerados, visto que a principal bandeira recebeu um tratamento inadequado? Desafio eles a apresentar todos os artigos do Estatuto da Igualdade Racial para população negra e verificar se os negros e negras brasileiras aceitam ou vetam o Estatuto”, concluiu.
Na entrevista que concedeu ao editor de Afropress, o coordenador da UNEGRO, articulação de lideranças negras filiadas ao próximas ao PC do B, aproveitou além de acusar o que chama de “esquerdismo irresponsável”, “sem base social real, que aposta no tudo ou nada”, criticou o que definiu o que chamou de “postura política e ideológica que não reconhece o caminho da promoção da igualdade racial percorrido nesses últimos 30 anos, sob um arsenal teórico frágil, propõe uma espécie de OLP no Brasil”, numa alusão direta ao Movimento Negro Unificado, a principal organização o movimento pelo veto, que teria essa proposta como meta política.
Também em entrevista à Afropress, Reginaldo Bispo, coordenador nacional de organização do MNU, negou que seu movimento proponha a formação de um organismo semelhante à OLP no Brasil. "Esta não é a compreensão e pratica política dos negros e do MNU. Somos pela construção do Projeto Político do Povo Negro para o Brasil e da Reparação Histórica e Humanitária de acordo com convenções internacionais da qual o Brasil é signatário. Nossa opção é a luta direta e política de convencimento e de organização das massas", disse Bispo.
Para o coordenador da UNEGRO, há também os que agem por “revanchismo porque não foram chamados pela SEPPIR para discutir antes da aprovação agora propõem jogar a água e a criança fora”.
Leia, na íntegra, a entrevista concedida por Edson França, coordenador geral da UNEGRO, ao editor de Afropress, jornalista Dojival Vieira no http://www.afropress.com.br/
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