Grupo alerta que somos parte de um todo: cada um complementa o outro com suas diferenças
A Cor da Pele: grupo da Escola Angelina busca valorização das diferentes expressões culturais
Pluralidade cultural é a existência de várias culturas. Pode ser a pluralidade de religião (católicos, protestantes, islâmicos, entre outros), de nacionalidade (japoneses, italianos, brasileiros, entre outros) ou de cor (brancos, negros, mulatos, amarelos, vermelhos). É a pluralidade cultural que faz do mundo um lugar rico. Um mundo rico em cultura. Mas o que é a cultura? São as tradições, os costumes, os valores, as crenças, a educação, enfim, tudo o que é criado pelo homem. Mas não é preciso ir longe para perceber essa pluralidade. Cores, crenças, jeito de vestir, gostos musicais, faixa etária, olhos azuis, verdes e castanhos, condições socioeconômicas... Nossas diferenças estão em vários aspectos: em nossas ideias, na pele, nos traços, nas impressões digitais. Fascinante, não é mesmo? Pena que nem sempre encaramos assim.
Pelo noticiário vemos uma triste realidade: negros são maltratados, jesuítas injustiçados e palestinos isolados, pobres ameaçados. Conflitos, brigas, discussões, tudo por causa do preconceito. Tomemos como exemplo os constantes conflitos no Oriente Médio. Quantas pessoas morrem diariamente por culpa do preconceito? Para os integrantes do grupo A Cor da Pele, formado no início deste ano na Escola Estadual Angelina Salzano Vieira da Cunha, em Cachoeira do Sul, se existisse o respeito pelo diferente não haveria a perda desnecessária de tantas vidas. “O grupo nasceu devido ao fato dos integrantes terem observado a necessidade de trabalhar com os alunos a importância do respeito e igualdade. Não pensamos só na questão do negro, mas em conscientizar que somos todos parte de um todo: um complementa o outro com suas diferenças”, explicam as integrantes Rejane Conceição Rosa, Zaira Mazarém, Naura Lúcia Nunes da Silva e Sirlei Gonçalves da Silva, líderes do grupo e funcionárias da escola.
Na Escola Angelina, o grupo colabora na difusão do respeito à pluralidade através de um painel informativo permanente no pátio, palestras, eventos culturais e oficinas, como uma de percussão que ocorre atualmente, utilizando instrumentos alternativos, fabricados com materiais recicláveis conseguidos através de parceria com empresa local. Para os integrantes do A Cor da Pele, a única forma de combater o preconceito é o que eles chamam de atitude: aceitação pessoal, valorização de si mesmo, auto-estima. “A sociedade nos discrimina ou nos acolhe, cabe a nós escolher o que queremos”, finalizam as líderes.
DUAS PERGUNTAS
O que é preconceito? Como o nome já diz é o pré-conceito, ou seja, uma opinião formada antes de se ter os conhecimentos adequados. Há inúmeros tipos de preconceito, como em relação à outra cor, contra loiras, à outra religião, contra as mulheres, quanto à classe social, contra pessoas com outra orientação sexual, contra pessoas de outra nacionalidade, entre outros.Essa mania é uma herança milenar de nossos antepassados: é biologicamente natural sentir preconceito em relação a quem é diferente. O ser humano tem uma tendência a se agrupar e se aproximar de seus semelhantes. No começo, as pessoas se uniam pela sobrevivência e hostilizavam outros grupos. Depois de formar os “pré-conceitos”, normalmente passamos também a fazer classificações de acordo com algumas características principais que percebemos nos primeiros contatos com certas coisas, pessoas ou grupos. Vamos tomar o exemplo do Zeca: você ouviu falar que ele é um chato, e ele parece estar sempre com cara de bravo. Além disso, ele está um pouco acima do peso para a média da sua sala. A sua mente vai colocar todas essas “informações” (que, lembramos, podem fazer sentido ou não) no “liquidificador” e é bem provável que você passe a associar “gordinhos com cara de bravo” a “pessoas chatas”. A esse tipo de classificação dá-se o nome de estereótipo.Como vimos, é natural que você estranhe pessoas que são muito diferentes e até que você faça algumas classificações grosseiras, como, por exemplo, a de que todo garoto que está acima do peso é chato. Ou seja, é possível entender a dinâmica do preconceito, mas nada justifica atitudes discriminatórias. O preconceito machuca as pessoas e gera sofrimento real e desnecessário.
Dá para acabar com o preconceito? Todos temos preconceitos, em maior ou menor grau. Alguns de nós deixam esse sentimento transbordar para as atitudes, machucando as pessoas, discriminando abertamente ou de forma camuflada. Alguns conseguem lidar bem com esse sentimento, aceitando e respeitando ao máximo as diferenças dos outros. Leis e medidas judiciais podem servir para defender suas vítimas, mas não resolvem o problema na raiz. Então, qual será a saída? O combate ao (próprio) preconceito é uma luta constante que precisamos travar a cada contato, a cada nova amizade, a cada conversa, a cada decisão. Todo mundo pode fazer alguma coisa para ajudar a combater o preconceito.
PARA SABER MAIS
A Cor da Pele
O grupo é liderado por quatro funcionárias da Escola Angelina: Rejane Conceição Rosa, Zaira Mazarém, Naura Lúcia Nunes da Silva e Sirlei Gonçalves da Silva. Além das líderes, o A Cor da Pele também tem o apoio da supervisora escolar Alexandra Rosa da Silva e de três oficineiros voluntários: o músico Fábio Silva, que dá aulas de percussão, a acadêmica de Serviço Social Ana Lúcia Magalhães, que coordena o núcleo de dança afro, e a acadêmica de Educação Física, Juliana Santos, que dá aulas de dança de salão. O projeto envolve alunos de todo o ensino fundamental, pais e a comunidade. As oficinas são atividades permanentes com objetivo de levar os jovens a valorizarem diferentes expressões culturais.
(matéria extraída do JORNAL DO POVO de Cachoeira do Sul edição de 05/11/2007)
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