Em um momento ímpar de exercício coletivo e fraterno do poder argumentativo um equilibrado caldeirão étnico de povos e ideologias mobilizou a plenária da Conferência Nacional de Educação, ocorrida de 28 de março a 01 de abril, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães em Brasília, na aprovação de TODAS as propostas que legitimam os grupos de menor representatividade política na configuração étnico-cultural e sócio-educacional do Plano Nacional de Educação do próximo decênio.
Ganhamos a primeira batalha. Que nossa unidade de luta torne-se cúmplice na utilização de novos mecanismos para mobilizar bases de sustentação no Congresso Nacional para a conseqüente aprovação de um novo Plano Nacional de Educação como política de estado. São as seguintes diretrizes do Eixo VI – Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade que foram contempladas:
279 I- Quanto às relações étnico-raciais:
a) Garantir a criação de condições políticas,pedagógicas, em especial financeiras,para a efetivação do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (Lei nº 10.639/03) no âmbito dos diversos sistemas de ensino, orientando-os para garantir a implementação das respectivas diretrizes curriculares nacionais, desde a educação infantil até a educação superior,obedecendo prazo e metas definidos no Plano Nacional de Educação e novo Plano Nacional de Educação e implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira (Lei n° 10.639/03) e dispondo de recursos provenientes de vinculação ou subvinculação definidas nas Leis nº. 10.639/03 e nº.11.645/2008.
b) Garantir o cumprimento integral dos artigos da Resolução 01/2004 do CNE/CP e que sejam considerados os termos do Parecer CNE/CP 03/2004.
c) Garantir que as instituições de ensino superior cumpram o Art. 1º, § 1º e o Art. 6º da Resolução 01/2004 do CNE/CP.
d) Construir um lugar efetivo no Plano de Desenvolvimento da Educação, para a educação das relações étnico-raciais, de acordo com a Lei n. 10.639/03 e suas modificações posteriores, bem como da Resolução CNE N.01/2004, do Parecer CNE N.03/2004 e do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras.
e) Implementar dentro da política de formação e valorização dos/das profissionais da educação a formação para de acordo com a Lei n. 10.639/03 e n.11.645/08 e suas diretrizes curriculares.
f) Ampliar a oferta,por parte das instituições de ensino superior públicas, de cursos de extensão, especialização,mestrado e doutorado sobre relações étnico-raciais, afro-brasileira, africana e indígena no Brasil, e a história e cultura afro-brasileira e africana.
g) Criar mecanismos que garantam acesso e permanência de populações de diferentes origens étnicas, considerando a composição étnico-racial da população,em todas as áreas e cursos da educação superior.
h) Garantir as condições institucionais de financiamento, para sensibilização e comunicação, pesquisa, formação de equipes, em regime de colaboração para a efetivação da Lei.
i) Implementar ações afirmativas como medidas de democratização do acesso e da permanência de negros/as e indígenas nas universidades e demais instituições de ensino superior públicas e garantir condições para a continuidade de estudos em nível de pós-graduação aos formandos que desejam avanço acadêmico.
j) Introduzir, junto a Capes e CNPq, a educação das relações étnico-raciais, afro-brasileira e indígena, e a história e cultura africana e afro-brasileira como uma subárea do conhecimento dentro da grande área das ciências sociais e humanas aplicadas.
k) Desenvolver políticas e ações, especialmente na educação básica e superior, que contribuam para o enfrentamento do racismo institucional, possíveis de existir nas empresas, nas indústrias e no mercado de trabalho,esclarecendo sobre as leis que visam combater o assédio moral, sexual e demais atos de preconceito e desrespeito à dignidade humana.
279 A- Quanto à Educação Quilombola
279 B- Garantir a elaboração de uma legislação específica para a educação quilombola, com a participação do movimento negro quilombola, assegurando o direito à preservação de suas manifestações culturais e à sustentabilidade de seu território tradicional.
279 C- Assegurar que a alimentação e a infraestrutura escolar quilombola respeitem a cultura alimentar, observando o cuidado com o meio ambiente e a geografia local.
279 D- Promover a formação específica e diferenciada (inicial e continuada) aos profissionais das escolas quilombolas, propiciando a elaboração de materiais didático-pedagógicos contextualizados com a identidade etnico-racial do grupo.
279 E- Garantir a participação de representantes quilombolas na composição dos conselhos referentes à educação, nos três entes federados.
279 F- Instituir um programa específico de licenciatura para quilombolas, visando garantir a valorização e a preservação cultural dessas comunidades étnicas.
279 G-. Garantir aos professores quilombolas a sua formação em serviço e, quando for o
caso, concomitantemente com a sua própria escolarização.
279 H- Instituir o Plano Nacional de Educação Quilombola, visando à valorização plena das culturas das comunidades quilombolas, a afirmação e manutenção de sua diversidade étnica.
279 I- Assegurar que a atividade docente nas escolas quilombolas seja exercida preferencialmente por professores/as oriundos/as das comunidades quilombolas.
Fonte: Arisia Barros
http://www.cadaminuto.com.br/
Quem sou eu
- ASSOCIAÇÃO CACHOEIRENSE DA CULTURA AFRO BRASILEIRA
- Cachoeira do Sul, Rs, Brazil
- Fundada em 19 de Junho de 2000, com objetivo de pesquisar, resgatar e incentivar a cultura e os costumes da raça negra através de atividades recreativas,desportivas e filantrópicas no seio no seu quadro social da comunidade em geral, trabalhar pela ascensão social, econômica e politica da etnia negra, no Municipio, Estado e no Pais.
domingo, 11 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Laudelina Campos de Mello
Sob o signo do inconformismo e da militância
A história da neta de escravos, Laudelina Campos Mello, que bateu de frente com políticos poderosos, infernizou a elite racista de toda uma cidade e eternizou seu nome como o grande ícone da luta das empregadas domésticas.
Embora os ocorridos em Montgomery, no primeiro dia de dezembro de 1955, sejam um marco da história da luta pela igualdade racial, poucos lembram com exatidão o que aconteceu na cidade do estado do Alabama, Estados Unidos. Porém, as dúvidas que envolvem a fatídica manhã de verão tornam-se quase nulas quando o nome Rosa Parks é lembrado. Batizada como Rosa Louise McCauley, a costureira nascida em Tugeskee fez história ao negar ceder seu lugar em um ônibus para que um homem branco sentasse. O ato pioneiro de insubordinação contra o apartheid levou Rosa à cadeia, mas serviu de estopim para a criação do Movimento dos Direitos Civis dos afro-descendentes norte-americanos. O que muita gente também não sabe é que enquanto, nos EUA, Rosa Parks eternizava seu nome entre as notáveis negras da história; no Brasil, ainda na década de 1950, uma outra negra de extremo senso de justiça e inquietação, semelhante ao da estadunidense, passava por cima de qualquer obstáculo e infernizava políticos e elitistas preconceituosos. Seu nome, Laudelina Campos de Mello, que veio ao mundo em 12 outubro de 1904, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais. Fruto da união de uma escrava doméstica e um lenhador, ela nasceu livre devido a Leia Áurea. Se no papel a situação parecia confortável para os negros, a realidade era
Aprendendo a lutar
A relação escravocrata ainda se fazia presente e desde muito cedo a pequena garota sentiu o gosto do racismo, pois vivia agarrada à mãe, Dona Sidônia, serviçal de uma renomada família da cidade. "A sinhá teve uma filha surda e que não andava. Então a minha mãe tinha que pajear a menina. Ela carregava pra dar banho, dava comida na boca. Na hora que ela tinha acesso (crise), ela jogava prato na minha mãe.
Minha mãe não podia falar nada, tinha que ficar quieta, aceitar, agradar". Os vexames e ofensas que a sua mãe recebia da patroa não eram as únicas manifestações de preconceito sofridas por sua família. Na escola, quando provocada por colegas brancas, a espevitada Laudelina não pensava duas vezes antes de revidar aos xingamentos racistas
Diferentemente de sua família que aceitava com resignação as humilhações constantes. Se por um lado, seus familiares mantinham um comportamento respeitoso diante da costumeira opressão, a falante menina deixava transparecer a personalidade forte que marcara sua trajetória. Em 1914, com apenas 10 anos de idade, ela pulo no pescoço e quase sufocou o capataz que, a mando da sinhazinha, tentara, em vão, aplicar chibatas na Dona Sidônia. "A minha mãe dizia para mim que eu deveria ter nascido homem, porque eu já nasci com aquela garra, com aquela coisa que tudo para mim eu não deixava passar, queria enfrentar".
Tempos idos, tempos difícies
A morte do pai Marco Aurélio, no ano de 1917, dificultou a vida dos Campos de Mello e Laudelina foi obrigada a abandonar os estudos na terceira série do primário para se dedicar à profissão de empregada doméstica. A rotina de trabalhadora somada à missão de cuidar dos irmãos menores não impediram que seu senso de liderança se manifestasse. Assim, aos 16 anos, obteve seu primeiro cargo administrativo: a presidência de um clube para jovens, algo até então raríssimo para uma mulher na década de 20, ainda mais negra. Próxima da maioridade, Laudelina conheceu o pedreiro Henrique Geremias por quem se apaixonou e passou a se encontrar secretamente, mas teve o relacionamento impedido por sua mãe.
Carioca radicado em Santos, Henrique deixou Poços assim que a construção do hotel que trabalhara foi concluída. Entristecida com o fim do namoro, Laudelina, empregada de Julia Kubtischek, mãe do jovem político que em algumas décadas iria mudar a história do país, mudou-se para São Paulo com a patroa. Na capital paulista, o destino fez com que a jovem doméstica cruzasse novamente o caminho de Henrique, com quem casou-se em Santos, logo após o término da Revolução de 1924. Depois de uma breve estada no litoral, Laudelina regressou a São Paulo, onde, no dia 13 de maio de 1925, concebeu Alaor.
Entre sonhos e trincheiras
A vida de mãe e dona de casa seguia calma até a Revolução Constitucionalista de 1932, quando oligarquias puseram em prática o plano de dar fim à ditadura imposta por Getúlio Vargas. Presságios anunciavam que São Paulo seria palco de um conflito armado, e às pressas, os Campos de Mello fugiram para Santos. Na volta à cidade portuária, Laudelina e seu marido ingressaram em Saudades de Campinas, associação de caráter cultural e um dos tentáculos da Frente Negra Brasileira (FNB), uma das maiores entidades não governamentais do movimento negro nacional. "Eu era oradora e vice-presidente. O meu marido era o secretário. A fundação foi criada assim que terminou a revolução. Nessa época, eu participava da Associação só por lazer e cultura. Era um espaço do negro, já que os brancos eram muito racistas e não queriam se misturar." Em 1936, a Frente encontrava-se dividida pela incompatibilidade política de seus membros. Entre os descontentes com os novos rumos da FNB estavam os professores Geraldo Campos de Oliveira e Vicente Lobato. Também insatisfeita com as mudanças, Laudelina uniu-se à dupla e deixou transparecer seu grande sonho: incluir as empregadas domésticas no ramo sindical, assim garantindo-lhes direitos trabalhistas. Laudelina via a precariedade das condições de trabalho dessas mulheres e dos preconceitos reinantes, que ela percebia como resíduos da escravidão.
Fonte: Roniel Felipe/ Revista Raça
A história da neta de escravos, Laudelina Campos Mello, que bateu de frente com políticos poderosos, infernizou a elite racista de toda uma cidade e eternizou seu nome como o grande ícone da luta das empregadas domésticas.
Embora os ocorridos em Montgomery, no primeiro dia de dezembro de 1955, sejam um marco da história da luta pela igualdade racial, poucos lembram com exatidão o que aconteceu na cidade do estado do Alabama, Estados Unidos. Porém, as dúvidas que envolvem a fatídica manhã de verão tornam-se quase nulas quando o nome Rosa Parks é lembrado. Batizada como Rosa Louise McCauley, a costureira nascida em Tugeskee fez história ao negar ceder seu lugar em um ônibus para que um homem branco sentasse. O ato pioneiro de insubordinação contra o apartheid levou Rosa à cadeia, mas serviu de estopim para a criação do Movimento dos Direitos Civis dos afro-descendentes norte-americanos. O que muita gente também não sabe é que enquanto, nos EUA, Rosa Parks eternizava seu nome entre as notáveis negras da história; no Brasil, ainda na década de 1950, uma outra negra de extremo senso de justiça e inquietação, semelhante ao da estadunidense, passava por cima de qualquer obstáculo e infernizava políticos e elitistas preconceituosos. Seu nome, Laudelina Campos de Mello, que veio ao mundo em 12 outubro de 1904, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais. Fruto da união de uma escrava doméstica e um lenhador, ela nasceu livre devido a Leia Áurea. Se no papel a situação parecia confortável para os negros, a realidade era
Aprendendo a lutar
A relação escravocrata ainda se fazia presente e desde muito cedo a pequena garota sentiu o gosto do racismo, pois vivia agarrada à mãe, Dona Sidônia, serviçal de uma renomada família da cidade. "A sinhá teve uma filha surda e que não andava. Então a minha mãe tinha que pajear a menina. Ela carregava pra dar banho, dava comida na boca. Na hora que ela tinha acesso (crise), ela jogava prato na minha mãe.
Minha mãe não podia falar nada, tinha que ficar quieta, aceitar, agradar". Os vexames e ofensas que a sua mãe recebia da patroa não eram as únicas manifestações de preconceito sofridas por sua família. Na escola, quando provocada por colegas brancas, a espevitada Laudelina não pensava duas vezes antes de revidar aos xingamentos racistas
Diferentemente de sua família que aceitava com resignação as humilhações constantes. Se por um lado, seus familiares mantinham um comportamento respeitoso diante da costumeira opressão, a falante menina deixava transparecer a personalidade forte que marcara sua trajetória. Em 1914, com apenas 10 anos de idade, ela pulo no pescoço e quase sufocou o capataz que, a mando da sinhazinha, tentara, em vão, aplicar chibatas na Dona Sidônia. "A minha mãe dizia para mim que eu deveria ter nascido homem, porque eu já nasci com aquela garra, com aquela coisa que tudo para mim eu não deixava passar, queria enfrentar".
Tempos idos, tempos difícies
A morte do pai Marco Aurélio, no ano de 1917, dificultou a vida dos Campos de Mello e Laudelina foi obrigada a abandonar os estudos na terceira série do primário para se dedicar à profissão de empregada doméstica. A rotina de trabalhadora somada à missão de cuidar dos irmãos menores não impediram que seu senso de liderança se manifestasse. Assim, aos 16 anos, obteve seu primeiro cargo administrativo: a presidência de um clube para jovens, algo até então raríssimo para uma mulher na década de 20, ainda mais negra. Próxima da maioridade, Laudelina conheceu o pedreiro Henrique Geremias por quem se apaixonou e passou a se encontrar secretamente, mas teve o relacionamento impedido por sua mãe.
Carioca radicado em Santos, Henrique deixou Poços assim que a construção do hotel que trabalhara foi concluída. Entristecida com o fim do namoro, Laudelina, empregada de Julia Kubtischek, mãe do jovem político que em algumas décadas iria mudar a história do país, mudou-se para São Paulo com a patroa. Na capital paulista, o destino fez com que a jovem doméstica cruzasse novamente o caminho de Henrique, com quem casou-se em Santos, logo após o término da Revolução de 1924. Depois de uma breve estada no litoral, Laudelina regressou a São Paulo, onde, no dia 13 de maio de 1925, concebeu Alaor.
Entre sonhos e trincheiras
A vida de mãe e dona de casa seguia calma até a Revolução Constitucionalista de 1932, quando oligarquias puseram em prática o plano de dar fim à ditadura imposta por Getúlio Vargas. Presságios anunciavam que São Paulo seria palco de um conflito armado, e às pressas, os Campos de Mello fugiram para Santos. Na volta à cidade portuária, Laudelina e seu marido ingressaram em Saudades de Campinas, associação de caráter cultural e um dos tentáculos da Frente Negra Brasileira (FNB), uma das maiores entidades não governamentais do movimento negro nacional. "Eu era oradora e vice-presidente. O meu marido era o secretário. A fundação foi criada assim que terminou a revolução. Nessa época, eu participava da Associação só por lazer e cultura. Era um espaço do negro, já que os brancos eram muito racistas e não queriam se misturar." Em 1936, a Frente encontrava-se dividida pela incompatibilidade política de seus membros. Entre os descontentes com os novos rumos da FNB estavam os professores Geraldo Campos de Oliveira e Vicente Lobato. Também insatisfeita com as mudanças, Laudelina uniu-se à dupla e deixou transparecer seu grande sonho: incluir as empregadas domésticas no ramo sindical, assim garantindo-lhes direitos trabalhistas. Laudelina via a precariedade das condições de trabalho dessas mulheres e dos preconceitos reinantes, que ela percebia como resíduos da escravidão.
Fonte: Roniel Felipe/ Revista Raça
Rumos do hip hop
Fruto das contestações dos moradores da periferia brasileira, o hip hop, introduzido no país, ganha respeito e visibilidade na sociedade, agora, com o apoio do governo federal
O prêmio de hip hop que será de 1,7 milhões, é iniciativa do governo federal, que consolida a cultura de rua, como uma das ferramentas mais importantes do terceiro setor no país e transforma o ano de 2010 no marco da história do hip hop no Brasil. Essa cultura nasceu na Jamaica, se solidificou nos EUA e ganhou o mundo, e em nosso país adquiriu características próprias, e a principal delas é sua forte atuação social, já que espelha as demandas de parte das periferias das nossas cidades. E esse ano o " Prêmio Cultura Hip Hop - Edição Preto Ghóez", realizado pelo Ministério da Cultura, vai prestigiar 128 ganhadores entre ações e ativistas, totali zando 1,7 milhões de reais em dinheiro. "Um grande incentivo pra quem precisa de um incentivo", disse Edi Rock, vocalista dos Racionais, considerado o principal grupo de Rap do país, e completou:
"Ainda mais quando se homenageia um grande ícone do Nordeste que foi Preto Ghóez". Essa iniciativa do Governo Federal para a "música da periferia" em geral, vai fortificar o movimento e suas ações. Além disso vai ajuda a manter viva a sua história, por homenagear o rapper/ativista Preto Ghóez, do grupo Clã Nordestino, que morreu em 2004. "O prêmio é uma forma de mostrar que ele estava certo quando invadia salas de ministérios para defender o hip hop" falou o rapper Gog.
O prêmio de hip hop que será de 1,7 milhões, é iniciativa do governo federal, que consolida a cultura de rua, como uma das ferramentas mais importantes do terceiro setor no país e transforma o ano de 2010 no marco da história do hip hop no Brasil. Essa cultura nasceu na Jamaica, se solidificou nos EUA e ganhou o mundo, e em nosso país adquiriu características próprias, e a principal delas é sua forte atuação social, já que espelha as demandas de parte das periferias das nossas cidades. E esse ano o " Prêmio Cultura Hip Hop - Edição Preto Ghóez", realizado pelo Ministério da Cultura, vai prestigiar 128 ganhadores entre ações e ativistas, totali zando 1,7 milhões de reais em dinheiro. "Um grande incentivo pra quem precisa de um incentivo", disse Edi Rock, vocalista dos Racionais, considerado o principal grupo de Rap do país, e completou:
"Ainda mais quando se homenageia um grande ícone do Nordeste que foi Preto Ghóez". Essa iniciativa do Governo Federal para a "música da periferia" em geral, vai fortificar o movimento e suas ações. Além disso vai ajuda a manter viva a sua história, por homenagear o rapper/ativista Preto Ghóez, do grupo Clã Nordestino, que morreu em 2004. "O prêmio é uma forma de mostrar que ele estava certo quando invadia salas de ministérios para defender o hip hop" falou o rapper Gog.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Jovem negro é alvo, segundo Mapa
Brasília - O risco que corre um jovem negro no país da democracia racial de ser assassinado é 130% maior que o de um jovem branco, segundo o Mapa da Violência, Anatomia dos Homicídios no Brasil, divulgado pelo Instituto Sangari, com base nos dados do Subsistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.
Os maiores índices de mortes violentas estão concentrados na população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total ocorrido no país. O Estado que apresentou o maior crescimento na taxa de assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170 mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%).
Por outro lado, São Paulo foi o Estado que apresentou a maior queda (- 60,6%), passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.
Tendências opostas
Segundo o sociólogo Julio Jacobo , autor do estudo, as diferenças no número de homicídios são o resultado de duas tendências opostas. “Nos últimos cinco anos, o número de mortes por assassinato entre a população jovem branca apresentou uma redução significativa: 31,6%.
Entre negros, o movimento na direção contrária, um aumento de 5,3% das mortes no período. Brancos foram os principais beneficiados pelas ações realizadas de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", afirmou.
O trabalho revela que em alguns Estados as diferenças de risco entre as populações são ainda mais acentuadas. Na Paraíba, por exemplo, o número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos. Em 2007, a cada cem mil brancos eram registrados 2,5 assassinatos. Entre a população negra, no mesmo ano, os índices foram de 31,9 homicídios para cada cem mil.
"As diferenças sempre foram históricas no Estado. Mas as mudanças nesses últimos cinco anos foram muito violentas", avalia Jacobo. Paraíba seguiu a tendência nacional: foi registrada a redução do número de vítimas entre brancos e um aumento do número de assassinatos entre negros.
Pernambuco vem em segundo lugar: ali morrem 826,4% mais negros do que brancos. Rio de Janeiro ocupa a 13ª posição, com porcentual de mortes entre negros 138,7% maior do que entre brancos. São Paulo vem em 21º lugar, onde morrem 47% mais negros do que brancos. O Paraná é o único Estado do País onde a população branca apresenta maior risco de ser vítima de homicídio - proporcionalmente morrem 36,8% mais brancos do que negros.
Homens
A esmagadora maioria dos assassinatos no País ocorre entre a população masculina. Em 2007, 92,1% dos homicídios foram cometidos contra homens. Na população de jovens, essa proporção foi ainda maior: 93,9%. O Espírito Santo foi o Estado que apresentou maior taxa de homicídios entre mulheres: 10,3 por cem mil, seguida de Roraima, com 9,6. O Maranhão foi o Estado com o menor indicador. Foram registradas 1,9 morte a cada cem mil mulheres.
O Estudo conclui ainda que não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Jacobo.
Os maiores índices de mortes violentas estão concentrados na população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total ocorrido no país. O Estado que apresentou o maior crescimento na taxa de assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170 mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%).
Por outro lado, São Paulo foi o Estado que apresentou a maior queda (- 60,6%), passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.
Tendências opostas
Segundo o sociólogo Julio Jacobo , autor do estudo, as diferenças no número de homicídios são o resultado de duas tendências opostas. “Nos últimos cinco anos, o número de mortes por assassinato entre a população jovem branca apresentou uma redução significativa: 31,6%.
Entre negros, o movimento na direção contrária, um aumento de 5,3% das mortes no período. Brancos foram os principais beneficiados pelas ações realizadas de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", afirmou.
O trabalho revela que em alguns Estados as diferenças de risco entre as populações são ainda mais acentuadas. Na Paraíba, por exemplo, o número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos. Em 2007, a cada cem mil brancos eram registrados 2,5 assassinatos. Entre a população negra, no mesmo ano, os índices foram de 31,9 homicídios para cada cem mil.
"As diferenças sempre foram históricas no Estado. Mas as mudanças nesses últimos cinco anos foram muito violentas", avalia Jacobo. Paraíba seguiu a tendência nacional: foi registrada a redução do número de vítimas entre brancos e um aumento do número de assassinatos entre negros.
Pernambuco vem em segundo lugar: ali morrem 826,4% mais negros do que brancos. Rio de Janeiro ocupa a 13ª posição, com porcentual de mortes entre negros 138,7% maior do que entre brancos. São Paulo vem em 21º lugar, onde morrem 47% mais negros do que brancos. O Paraná é o único Estado do País onde a população branca apresenta maior risco de ser vítima de homicídio - proporcionalmente morrem 36,8% mais brancos do que negros.
Homens
A esmagadora maioria dos assassinatos no País ocorre entre a população masculina. Em 2007, 92,1% dos homicídios foram cometidos contra homens. Na população de jovens, essa proporção foi ainda maior: 93,9%. O Espírito Santo foi o Estado que apresentou maior taxa de homicídios entre mulheres: 10,3 por cem mil, seguida de Roraima, com 9,6. O Maranhão foi o Estado com o menor indicador. Foram registradas 1,9 morte a cada cem mil mulheres.
O Estudo conclui ainda que não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Jacobo.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Em pleno 2010, negros lutam por igualdade na TV
SÃO PAULO - Fazer parte da história da televisão brasileira, que em 2010 completa 60 anos, não é tarefa fácil. Muitos aceitam o desafio de participar de reality shows, outros usam os mais diferentes artifícios para virar notícia e continuar na mídia. Mas há aqueles que realmente têm talento e enfrentam filas enormes em testes que duram o dia todo por uma pequena vaga na novela. Qualquer ator passa por esse tipo de situação.
Porém, quem é negro ainda tem ainda, infelizmente, um outro obstáculo. Invisível e dissimulado muitas vezes: o preconceito.
No domingo (21) é comemorado o Dia Mundial Contra a Discriminação Racial e, mesmo com tantas formas de entrar na telinha, para quem é negro as portas ainda não estão totalmente abertas.
Aliás, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), pouco mais de 50% da população brasileira é negra. E, em pleno 2010, 122 anos depois da Lei Áurea, em um país cheio de misturas raciais, ainda há certo preconceito. “Infelizmente não atingimos um nível ideal de humanização da sociedade. Isso também se inclui quando falamos de mídia. O pior de tudo é que a consciência humanista ainda é um desafio. Isso significa avaliar os seres humanos como apenas uma raça, a raça humana, não importando a sua cor, etnia ou estilo de vida”, afirma o sociólogo Cristiano Bassa.
Que o preconceito existe todo mundo sabe. Mas, e no mundo dos famosos? Segundo José Armando Vanucci, crítico de TV, aos poucos, a televisão começa a quebrar alguns convencionalismos e a se aproximar da realidade do País. Tanto isso é verdade que hoje podemos ver duas protagonistas descendentes de negros em novelas. Camila Pitanga, em “Cama de Gato”, e Taís Araújo, em “Viver a Vida”.
Mas, como tudo que é bom tem alguma ressalva, Vanucci lembra: “Infelizmente, ainda é preciso valorizar a presença de duas negras em papéis de destaque. O ideal seria olhar apenas para o trabalho e não para a raça, porque pouco importa a cor da pele para um personagem. Helena e Rose são mulheres fortes, com histórias que podem ser vividas por brancas, orientais, negras ou ruivas”.
É fato: há alguns anos atrás ser negro e fazer parte de uma novela em papel de destaque era muito mais difícil do que hoje. A atriz Dhu Moraes, que recentemente viveu a empregada Dirce em “Caras e Bocas”, conta que houve, sem dúvida nenhuma, muitas mudanças. Mas ainda não é o bastante. “A dificuldade para conseguir bons personagens sempre houve, mas, de uns anos para cá, as portas têm se aberto mais, reflexo de que a mídia tem mudado”, disse.
Dhu também contou que, mesmo com toda essa abertura, em 2008, quando estreou a peça “Divina Elizeth” em São Paulo, aconteceu algo bem curioso. “Quando o espetáculo estreou no Rio de Janeiro, o elenco foi mudado e tivemos uma ruiva fazendo Elizeth Cardoso. Será que se a Sheron Menezes colocasse uma peruca loira se passaria por Marilyn Monroe?”, contestou.
Empregadas, motoristas e escravos
Quando se fala em negros vivendo personagens em novelas é fácil lembrar de empregadas domésticas, motoristas ou assaltantes. Será que essa realidade mudou? Para Zezé Motta, que está de volta à telinha na pele da escrava Virgínea, na reapresentação de “Sinhá Moça”, o problema não é viver esse tipo de papel e sim como ele é tratado pelo autor. “Antigamente os negros não tinham família nas novelas. Eu fiz muitas empregadas domésticas e não há problema algum em interpretá-las, mas antigamente esse tipo de personagem entrava mudo e saía calado”, revelou.
A atriz, que viveu sua primeira empregada na televisão em “Beto Rockfeller”, diz que percebe hoje uma melhor diversidade na distribuição dos papéis. “Já fui até empresária e dona de restaurante”, brincou, aos risos, e lembrou que nas tramas de Manoel Carlos e João Emanuel Carneiro os negros estão incluídos em um contexto, com família e amigos, o que antes era bem raro.
Mesmo sabendo de todas as mudanças, José Armando Vanucci é categórico ao afirmar que não houve tanto avanço com relação à discriminação. “Marginais ainda são interpretados por atores negros. Será que não há brancos entre os criminosos? É preciso quebrar esse preconceito, definitivamente”, disse.
Está virando lei
Muita gente não sabe, mas um projeto do Senador Paulo Paim, o “Estatuto Racial”, está sendo votado no Senado para se tornar lei. O documento exige, entre outras coisas, cotas para negros em novelas, publicidade e filmes. Outro projeto de lei, da deputada federal Nice Lobão, pede que 20% do elenco seja de negros. O assunto é polêmico e causa diversas opiniões.
Zezé Motta que, além de atriz, abraçou a luta pela discriminação racial e em 1984 fundou o Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), diz ser a favor desse tipo de lei. “No Cidan temos 500 atores negros cadastrados e quantos estão nas novelas hoje? Ser artista no Brasil é difícil para todo mundo e eu sei que é questão de talento, mas podemos fazer mais parte do que fazemos hoje”, afirmou.
O Famosidades entrou em contato com o SBT, Record e Globo para saber se, mesmo informalmente, as emissoras já adotaram a possível legislação.
O SBT revelou que já tem o sistema de cotas, mas não fala sobre porcentagem. Já a Record afirmou ter negros trabalhando na casa, mas não segue nenhum tipo de cota porque a lei ainda não foi aprovada. Em comunicado oficial, a TV Globo respondeu: “Não segmentamos nem o elenco e nem o público por etnia, classe social, sexo nem religião”.
Há muito que ser feito
A discussão sobre negros na televisão é longa e necessária. O sociólogo Cristiano Bassa se afirma otimista com relação aos avanços que foram conquistados. “Aos poucos os negros têm tomado seus espaços na sociedade e com isso o quadro de discriminação tende a ser reduzido”, disse.
E qual será o próximo avanço sobre o assunto? Zezé deu uma dica: “O desafio agora é a igualdade de salários. A atriz branca ganha menos que o ator branco e o ator negro ganha menos ainda. A mulher negra, então, nem se fala. Nossa luta agora é pelo reconhecimento e pelo respeito ao salário igual para todos”, finalizou.
Calendário AFRO
ABRIL
01 - Primeiro Festival Mundial de Arte Negra, Dakar, Senegal / 1966
01 - Criação do Partido dos Panteras Negras, EUA / 1967
04 - Assassinato de Martin Luther King Jr., Memphis, EUA /1968
04 - Criação do bloco afro Agbara Dudu, Rio de Janeiro, RJ / 1982
04 - Independência do Senegal / 1960
05 - Nasce o grande capoeirista Vicente Ferreira Pastinha, "Mestre Pastinha" / 1888
05 - Nasce o compositor Joaquim Maria dos Santos, Donga, autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado
07 - Dia da Mulher Moçambicana
12 - Nasce Esmeraldo Tarquínio, deputado estadual e prefeito de Santos / 1927
15 - Nasce o compositor do Hino à Bandeira, o negro Antônio Francisco Braga / 1868
19 - Independência de Serra Leoa / 1961
19 - Dia do Índio
23 - Nascimento de Pixinguinha, músico / 1898
25 - O Bloco Afro Olodum é criado em Salvador, BA /1979
26 - Nasce Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar o cargo de governadora / 1942
26 - Iniciam-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul / 1994
27 - Independência do Togo
01 - Primeiro Festival Mundial de Arte Negra, Dakar, Senegal / 1966
01 - Criação do Partido dos Panteras Negras, EUA / 1967
04 - Assassinato de Martin Luther King Jr., Memphis, EUA /1968
04 - Criação do bloco afro Agbara Dudu, Rio de Janeiro, RJ / 1982
04 - Independência do Senegal / 1960
05 - Nasce o grande capoeirista Vicente Ferreira Pastinha, "Mestre Pastinha" / 1888
05 - Nasce o compositor Joaquim Maria dos Santos, Donga, autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado
07 - Dia da Mulher Moçambicana
12 - Nasce Esmeraldo Tarquínio, deputado estadual e prefeito de Santos / 1927
15 - Nasce o compositor do Hino à Bandeira, o negro Antônio Francisco Braga / 1868
19 - Independência de Serra Leoa / 1961
19 - Dia do Índio
23 - Nascimento de Pixinguinha, músico / 1898
25 - O Bloco Afro Olodum é criado em Salvador, BA /1979
26 - Nasce Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar o cargo de governadora / 1942
26 - Iniciam-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul / 1994
27 - Independência do Togo
Conae aprova cota de 50% nas universidades públicas
Depois de intensos debates entre representantes de movimentos negros e sociais, professores e estudantes, a proposta da Conferência Nacional de Educação (Conae) para reserva de vagas nas universidades públicas ficou definida: 50%.
Segundo o texto aprovado, elas serão destinadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas. Dentro desse percentual, as universidades terão de fazer reservas específicas para estudantes negros e indígenas, seguindo a proporção dessas populações em cada Estado ou município de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O projeto teria um prazo mínimo de duração de dez anos e deveria servir para todos os cursos das universidades públicas. Na proposta, os delegados enfatizaram que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é “importante” para garantir o acesso de candidatos ao ensino superior.
Vale lembrar que as diretrizes indicadas pela Conae não são leis. São propostas políticas que demonstram os anseios de quem pensa e vive a educação, desde a pesquisa à realidade da escola. Os documentos servirão de base para que os Poderes Executivo e Legislativo conheçam o que é considerado prioridade pela sociedade e a expectativa é de que essas diretrizes orientem as políticas e o próximo Plano Nacional de Educação.
Segundo o texto aprovado, elas serão destinadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas. Dentro desse percentual, as universidades terão de fazer reservas específicas para estudantes negros e indígenas, seguindo a proporção dessas populações em cada Estado ou município de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O projeto teria um prazo mínimo de duração de dez anos e deveria servir para todos os cursos das universidades públicas. Na proposta, os delegados enfatizaram que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é “importante” para garantir o acesso de candidatos ao ensino superior.
Vale lembrar que as diretrizes indicadas pela Conae não são leis. São propostas políticas que demonstram os anseios de quem pensa e vive a educação, desde a pesquisa à realidade da escola. Os documentos servirão de base para que os Poderes Executivo e Legislativo conheçam o que é considerado prioridade pela sociedade e a expectativa é de que essas diretrizes orientem as políticas e o próximo Plano Nacional de Educação.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Mandela e Martinho: das vilas para o mundo
Comemorou-se na África e em vários locais do mundo os 20 anos do fim do apartheid, sistema segracionista que perdurou na África do Sul por cinco décadas. E o marco do fim deste perverso e cruel regime foi a libertação, em fevereiro de 1990, do líder Nelson Rolihlahla Mandela. Principal representante do movimento anti-apartheid, considerado pelos povos um guerreiro em luta pela liberdade. Um herói que deu ao mundo lições de politica, resistência e determinação.
A sua perseverante luta emocionou o mundo, que até o reverencia. Talvez uma das duas personalidades mais marcantes do século passado, e que já marca também o século atual. Ao lado de Fidel Castro, líder cubano, sem dúvida nenhuma é um dos maiores líderes da nossa época.
De etnia Xhosa, Mandela nasceu na pequena vilao de Qunu, distrito de Umtata, na região do Trans kei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois, e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.
Como jovem estudante do direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA.
Depois da fajuta e contestada eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955), que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa anti-apartheid.
Mandela e seus camaradas foram obrigados a recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180.
Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para a Argélia para treinamento paramilitar.
Em agosto de 1962, Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964, foi condenado à prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por ser acusado injustamente de conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela negou e nega).
No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou um símbolo da oposição ao apartheid e o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas anti-apartheid em todo o mundo.
Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos.
Nelson Mandela recebeu o Prêmio Nobel da paz em 1993, em uma solenidade marcada pela polêmica divisão do prêmio com o seu algoz de quase três decadas. Provocado pelo seu antecessor na entrega do prêmio, Mandela respondeu a altura, sendo ovacionado pelos presentes.
Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição de forma exemplar, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. O que não foi fácil, pois o que ocorreu naquele país foi uma verdadeira revolução, nada pacifica, muito pelo contrário. Foi cruel e cruenta, muitas mortes e provocações que foram enfrentadas de forma firme e flexivél por Mandela e o CNA, que tinha em seu seio a forte presença dos comunistas do Partido da África do Sul.
Por esta razão, comemorar os vinte anos do fim do apartheid é comemorar a vitória incontestavél da maioria sofrida e explorada do povo daquele importante país da África, que animou todo o mundo progressista em pleno apogeu da crise do Socialismo
Mas também foi em fevereiro que nasceu o nosso Martinho José Ferreira, em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, veio para o Rio de Janeiro com apenas 4 anos. Cidadão carioca criado na Serra dos Pretos Forros, sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI.
Um pouco mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional.
Sua carreira de cantor profissional iniciou-se, na verdade, no início de 1969 quando lançou o LP intitulado Martinho da Vila, que foi o maior sucesso do Brasil em execução e vendagem, com grandes sucessos como Casa de Bamba e O Pequeno Burguês e outras que se tornaram clássicos - Quem é Do Mar Não Enjoa, Iaiá do Cais Dourado e Tom Maior.
Ai "nascia" Martinho da Vila, das vilas, dos sambas, das lutas.
Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB, com várias composições gravadas no exterior e considerado por muitos críticos como o melhor cantor do Brasil, interpretando músicas dos mais variados ritmos.
Embora compositor indutivo e cantor sem formação acadêmica, tem uma grande ligação com a música erudita e idealizou, em parceria com o maestro Leonardo Bruno o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita. Participou do projeto Clássicos do Samba, sob a regência do saudoso maestro Sílvio Barbato. Além de compositor e cantor, é escritor autor de 10 livros.
Mas a comemoração deste artigo que registra com alegria o 72º aniversário deste grande mestre que é na verdade um mito do samba e das causas da negritude. Todo sambista o reverencia e respeita, todos. Zeca Pagodinho ao grupo Revelação, do Jorge Aragão a Leci Brandão, de Alcione a Beth Carvalho e com razão, pois em um momento em que o samba era mal visto pelas elites e até por outras parcelas da população no Brasil, ele emplacou suas composições nos festivais e, a partir daí, o Brasil, ainda bem, jamais deixou de ouvir falar no Martinho da Vila.
Mas o que este humilde escrivinhador faz questão de registrar que é como militante de uma causa que este cidadão do mundo deixa exemplos em suas atitudes. Com sua música e através dela conheceu o mundo, chegou à África e lá encontrou suas origens e até hoje é figura fundamental nas lutas que travamos. Não só na aproximação do nosso país com o continente africano, notadamente Angola, mas também principalmente por alinhar sua sensibilidade poética com a nitidez de rumos. Sua capacidade artística com a consciência social.
Vida longa ao nosso Martinho, nós que somos companheiros de luta e de sonhos desejamos muitos, mas muitos anos de vida e muita felicidades.
A sua perseverante luta emocionou o mundo, que até o reverencia. Talvez uma das duas personalidades mais marcantes do século passado, e que já marca também o século atual. Ao lado de Fidel Castro, líder cubano, sem dúvida nenhuma é um dos maiores líderes da nossa época.
De etnia Xhosa, Mandela nasceu na pequena vilao de Qunu, distrito de Umtata, na região do Trans kei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois, e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.
Como jovem estudante do direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA.
Depois da fajuta e contestada eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955), que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa anti-apartheid.
Mandela e seus camaradas foram obrigados a recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180.
Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para a Argélia para treinamento paramilitar.
Em agosto de 1962, Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964, foi condenado à prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por ser acusado injustamente de conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela negou e nega).
No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou um símbolo da oposição ao apartheid e o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas anti-apartheid em todo o mundo.
Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos.
Nelson Mandela recebeu o Prêmio Nobel da paz em 1993, em uma solenidade marcada pela polêmica divisão do prêmio com o seu algoz de quase três decadas. Provocado pelo seu antecessor na entrega do prêmio, Mandela respondeu a altura, sendo ovacionado pelos presentes.
Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição de forma exemplar, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. O que não foi fácil, pois o que ocorreu naquele país foi uma verdadeira revolução, nada pacifica, muito pelo contrário. Foi cruel e cruenta, muitas mortes e provocações que foram enfrentadas de forma firme e flexivél por Mandela e o CNA, que tinha em seu seio a forte presença dos comunistas do Partido da África do Sul.
Por esta razão, comemorar os vinte anos do fim do apartheid é comemorar a vitória incontestavél da maioria sofrida e explorada do povo daquele importante país da África, que animou todo o mundo progressista em pleno apogeu da crise do Socialismo
Mas também foi em fevereiro que nasceu o nosso Martinho José Ferreira, em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, veio para o Rio de Janeiro com apenas 4 anos. Cidadão carioca criado na Serra dos Pretos Forros, sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI.
Um pouco mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional.
Sua carreira de cantor profissional iniciou-se, na verdade, no início de 1969 quando lançou o LP intitulado Martinho da Vila, que foi o maior sucesso do Brasil em execução e vendagem, com grandes sucessos como Casa de Bamba e O Pequeno Burguês e outras que se tornaram clássicos - Quem é Do Mar Não Enjoa, Iaiá do Cais Dourado e Tom Maior.
Ai "nascia" Martinho da Vila, das vilas, dos sambas, das lutas.
Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB, com várias composições gravadas no exterior e considerado por muitos críticos como o melhor cantor do Brasil, interpretando músicas dos mais variados ritmos.
Embora compositor indutivo e cantor sem formação acadêmica, tem uma grande ligação com a música erudita e idealizou, em parceria com o maestro Leonardo Bruno o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita. Participou do projeto Clássicos do Samba, sob a regência do saudoso maestro Sílvio Barbato. Além de compositor e cantor, é escritor autor de 10 livros.
Mas a comemoração deste artigo que registra com alegria o 72º aniversário deste grande mestre que é na verdade um mito do samba e das causas da negritude. Todo sambista o reverencia e respeita, todos. Zeca Pagodinho ao grupo Revelação, do Jorge Aragão a Leci Brandão, de Alcione a Beth Carvalho e com razão, pois em um momento em que o samba era mal visto pelas elites e até por outras parcelas da população no Brasil, ele emplacou suas composições nos festivais e, a partir daí, o Brasil, ainda bem, jamais deixou de ouvir falar no Martinho da Vila.
Mas o que este humilde escrivinhador faz questão de registrar que é como militante de uma causa que este cidadão do mundo deixa exemplos em suas atitudes. Com sua música e através dela conheceu o mundo, chegou à África e lá encontrou suas origens e até hoje é figura fundamental nas lutas que travamos. Não só na aproximação do nosso país com o continente africano, notadamente Angola, mas também principalmente por alinhar sua sensibilidade poética com a nitidez de rumos. Sua capacidade artística com a consciência social.
Vida longa ao nosso Martinho, nós que somos companheiros de luta e de sonhos desejamos muitos, mas muitos anos de vida e muita felicidades.
Que a Vila Isabel, cujo samba enredo que leva a avenida é de sua autoria, seja iluminada para como de costume estar à altura de Noel Rosa e de Marinho da Vila, sempre!!! A luta continua mas nós estamos acostumados com o balanço do mar e não enjoaremos.
Jairo Junior
Presidente Associação Brasil Angola (AABA); Diretor do Centro Cultural Africano (CCA); Coordenador do Congresso Nacional de Capoeira (CNC)
O Racismo e o Preconceito
O preconceito é tão antigo quanto a humanidade, mas o racismo parece não ter mais de quinhentos anos. Antes disso a discriminação era feita em relação á cultura e ao diferente.
Os gregos chamavam de “bárbaros” qualquer pessoa que não falasse sua língua, mas quem a aprendesse não teria complicações nenhuma.
O problema começou a mudar no final do século XV, quando a Inquisição espanhola obriga os judeus a se converterem ao catolicismo.
Muitos desses cristãos novos continuam a praticar os seus ritos, o que leva os católicos a acreditar que havia algo no sangue judeu que impedia a conversão. A solução era evitar a miscigenação para que esse sangue não se espalhasse pela população.
Na mesma época os europeus chegam a África e á América e encontram um tipo de ser humano completamente diferente do que eles conheciam. Até então a humanidade era a Europa, o conceito de branco não existia até eles conhecerem o negro.
O encontro, obviamente trouxe dilemas novos. Os Teólogos da época discutiam se os índios tinham alma com o objetivo de saber, por exemplo, se ter relações sexuais com eles era pecado. Eles também chegaram à conclusão de que escravizar africanos era natural, com base na passagem bíblica em que Canaã, filho de Noé, embriaga-se e é condenado à servidão (Gênesis 9,25).
A partir do século XVIII e principalmente do século XIX, as explicações bíblicas dão lugar a argumentos “científicos”. Os “pesquisadores associavam os traços físicos de cada “raça” a atributos morais para tentar eliminar características indesejáveis. Um deles foi o conde francês Joseph Arthur de Gobineau que em 1855 concluiu “brilhantemente” causa a decadência dos povos e que os alemães era uma “raça” superior as outras. Um de seus discípulos foi o médico brasileiro, Raimundo Nina Rodrigues, para quem os rituais do Candomblé era uma patologia dos negros.
Apesar de essa teoria ter caído em total descrédito no século XX, o tipo de descriminação que elas pregavam permanece vivo em muitas pessoas, pois é uma ideologia que se reproduz facilmente e que está sempre ligado a dominação de um grupo sobre o outro.
Além de qualquer aspecto psicológicos, o racismo tem motivos bastante práticos. Na verdade ele é um sistema de levar vantagens sobre outras pessoas e manter privilégios.
O Brasil Racista (?)
O nosso país me parece ser muito racista, embora o racismo por aqui tenha adquirido outras facetas, é racista. Por que a canção de ninar: “Boi, boi, boi... Boi da cara Preta” por que o Boi tem que ser da “cara preta”? Por que o cabelo crespo do negro tem que ser chamado de cabelo “ruim”? Estes são exemplos de o quanto está incorporado o racismo entre nós que atitudes aparentemente pequenas não nos incomodam.
Demoramos em perceber o racismo no Brasil por que durante bastante tempo acreditou-se no mito da “Democracia Racial”.
Cronistas do século XIX chegaram a dizer que por aqui a escravidão era mais branda do que o trabalho assalariado na Inglaterra. Da mesma forma, o índio brasileiro não teria sido conquistado, nem derrotado, mas sim “incorporado” a nação. A idéia ganhou força nos anos 30 do século passado, inspirada pela obra de Gilberto Freire, para quem não havia no Brasil distinções rígidas entre brancos e negros e a discriminação era “apenas” social, feita aos pobres.
O mito começou a cair no final dos anos 60, quando se descobriu que o Brasil não só tinha preconceito em relação aos pobres - o que em si já é terrível – como a descriminação era especialmente dirigida aos negros, pardos e índios.
Os dados sociais mais recentes mostram a força das diferenças raciais no Brasil. Mesmo quando se comparam pessoas da mesma região, sexo, idade e educação os negros têm enorme desvantagens no mercado de trabalho.
Mesmo quando existem dados favoráveis como, por exemplo, o aumento do nível de ensino na população brasileira, a distância entre negros e brancos permanece constante. Outro mito cai por terra, quando você observa os estudos recentes. Dizia-se que a pobreza dos negros é apenas um resquício da escravidão. É verdade que o passado de servidão forçada colocou a maioria dos negros em uma classe social mais baixa, mas desde então houve tempo suficiente para que tal diferença diminuísse e isto não acontece por que os negros não têm a mesma oportunidade que os brancos.
Uma pergunta pode ser feita. Se o racismo é tão forte por que a imagem de que éramos um paraíso racial durou tanto tempo?
Existem vários motivos...
Mas este é assunto para o próximo artigo...
Jairo Junior
* Presidente Associação Brasil Angola (AABA); Diretor do Centro Cultural Africano (CCA); Coordenador do Congresso Nacional de Capoeira (CNC)
Fonte: Portal Vermelho
Os gregos chamavam de “bárbaros” qualquer pessoa que não falasse sua língua, mas quem a aprendesse não teria complicações nenhuma.
O problema começou a mudar no final do século XV, quando a Inquisição espanhola obriga os judeus a se converterem ao catolicismo.
Muitos desses cristãos novos continuam a praticar os seus ritos, o que leva os católicos a acreditar que havia algo no sangue judeu que impedia a conversão. A solução era evitar a miscigenação para que esse sangue não se espalhasse pela população.
Na mesma época os europeus chegam a África e á América e encontram um tipo de ser humano completamente diferente do que eles conheciam. Até então a humanidade era a Europa, o conceito de branco não existia até eles conhecerem o negro.
O encontro, obviamente trouxe dilemas novos. Os Teólogos da época discutiam se os índios tinham alma com o objetivo de saber, por exemplo, se ter relações sexuais com eles era pecado. Eles também chegaram à conclusão de que escravizar africanos era natural, com base na passagem bíblica em que Canaã, filho de Noé, embriaga-se e é condenado à servidão (Gênesis 9,25).
A partir do século XVIII e principalmente do século XIX, as explicações bíblicas dão lugar a argumentos “científicos”. Os “pesquisadores associavam os traços físicos de cada “raça” a atributos morais para tentar eliminar características indesejáveis. Um deles foi o conde francês Joseph Arthur de Gobineau que em 1855 concluiu “brilhantemente” causa a decadência dos povos e que os alemães era uma “raça” superior as outras. Um de seus discípulos foi o médico brasileiro, Raimundo Nina Rodrigues, para quem os rituais do Candomblé era uma patologia dos negros.
Apesar de essa teoria ter caído em total descrédito no século XX, o tipo de descriminação que elas pregavam permanece vivo em muitas pessoas, pois é uma ideologia que se reproduz facilmente e que está sempre ligado a dominação de um grupo sobre o outro.
Além de qualquer aspecto psicológicos, o racismo tem motivos bastante práticos. Na verdade ele é um sistema de levar vantagens sobre outras pessoas e manter privilégios.
O Brasil Racista (?)
O nosso país me parece ser muito racista, embora o racismo por aqui tenha adquirido outras facetas, é racista. Por que a canção de ninar: “Boi, boi, boi... Boi da cara Preta” por que o Boi tem que ser da “cara preta”? Por que o cabelo crespo do negro tem que ser chamado de cabelo “ruim”? Estes são exemplos de o quanto está incorporado o racismo entre nós que atitudes aparentemente pequenas não nos incomodam.
Demoramos em perceber o racismo no Brasil por que durante bastante tempo acreditou-se no mito da “Democracia Racial”.
Cronistas do século XIX chegaram a dizer que por aqui a escravidão era mais branda do que o trabalho assalariado na Inglaterra. Da mesma forma, o índio brasileiro não teria sido conquistado, nem derrotado, mas sim “incorporado” a nação. A idéia ganhou força nos anos 30 do século passado, inspirada pela obra de Gilberto Freire, para quem não havia no Brasil distinções rígidas entre brancos e negros e a discriminação era “apenas” social, feita aos pobres.
O mito começou a cair no final dos anos 60, quando se descobriu que o Brasil não só tinha preconceito em relação aos pobres - o que em si já é terrível – como a descriminação era especialmente dirigida aos negros, pardos e índios.
Os dados sociais mais recentes mostram a força das diferenças raciais no Brasil. Mesmo quando se comparam pessoas da mesma região, sexo, idade e educação os negros têm enorme desvantagens no mercado de trabalho.
Mesmo quando existem dados favoráveis como, por exemplo, o aumento do nível de ensino na população brasileira, a distância entre negros e brancos permanece constante. Outro mito cai por terra, quando você observa os estudos recentes. Dizia-se que a pobreza dos negros é apenas um resquício da escravidão. É verdade que o passado de servidão forçada colocou a maioria dos negros em uma classe social mais baixa, mas desde então houve tempo suficiente para que tal diferença diminuísse e isto não acontece por que os negros não têm a mesma oportunidade que os brancos.
Uma pergunta pode ser feita. Se o racismo é tão forte por que a imagem de que éramos um paraíso racial durou tanto tempo?
Existem vários motivos...
Mas este é assunto para o próximo artigo...
Jairo Junior
* Presidente Associação Brasil Angola (AABA); Diretor do Centro Cultural Africano (CCA); Coordenador do Congresso Nacional de Capoeira (CNC)
Fonte: Portal Vermelho
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