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Fundada em 19 de Junho de 2000, com objetivo de pesquisar, resgatar e incentivar a cultura e os costumes da raça negra através de atividades recreativas,desportivas e filantrópicas no seio no seu quadro social da comunidade em geral, trabalhar pela ascensão social, econômica e politica da etnia negra, no Municipio, Estado e no Pais.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

UNESP DE ASSIS LANÇA CATÁLOGO DA IMPRENSA NEGRA

O Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP), da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), da Unesp, campus de Assis, lança Catálogo da Imprensa Negra, que traz os resultados de um projeto realizado a partir da organização de 37 títulos de periódicos, em microfilme, existentes no acervo do CEDAP, produzidos pelas lideranças negras de São Paulo, da capital e do interior, entre os anos de 1903 a 1963.

A iniciativa de homens e mulheres de ampliarem sua voz, a partir de imprensa própria, sinaliza para o desejo dessas lideranças negras de organizarem sua comunidade e divulgarem para a sociedade mais ampla as suas perspectivas e projetos em prol do grupo. Para isso, definiram datas, fatos e personagens de renome, a exemplo de Zumbi, José do Patrocínio, Luiz Gama, cuja importância e trajetórias seriam capazes de funcionar como parâmetros e modelos a serem seguidos, no difícil caminho de sua inserção na sociedade brasileira.

De acordo com Zélia Lopes da Silva, coordenadora geral do projeto, esses periódicos eram publicações simples, de poucas páginas, embora estruturados no formato de seções. "Muitos deles utilizaram fotografias, ilustrações e anúncios. Estes últimos visavam à continuidade do jornal", explica. "Sua principal característica era divulgar acontecimentos da vida social e política da comunidade negra, nas suas diversas formas de expressão, manifestas no lazer, nas artes, nos esportes, nas festas, nas comemorações cívicas atinentes ao grupo, no dia-a-dia (aniversários, casamentos e mortes) e nos carnavais", acrescenta Zélia.

O primeiro periódico, Baluarte (1903), surgiu no início da República. Somente em 1915 apareceu O Menelik. A partir da década de 20, tem-se notícia, com mais freqüência, da emergência de outras publicações. Porém, a característica mais marcante desses jornais é a descontinuidade e a curtíssima duração.

Alguns deles tiveram duração maior, como foi o caso de O Clarim d'Álvorada, que surgiu em 1924, sob o nome de O Clarim, e se manteve na ativa até 1932, seguido de Novo Horizonte (1946-1961), Progresso (1928-1931) e A Voz da Raça (1933-1937). O jornal O Clarim d'Alvorada congregava um grupo de jovens negros que se destacou por suas propostas voltadas para o campo político-cultural.

Esse grupo, liderado por Correia Leite, organizou a primeira versão desse periódico, em 1924, sob o nome de O Clarim. Merece destaque, igualmente, o grupo de o Progresso (1928-1931), liderado por Argentino Celso Vanderlei que desde 1919, atuava no carnaval da cidade de São Paulo, ao criar o Grupo Carnavalesco Campos Elyseos. "Essa agremiação era identificada pelas cores roxo e branco e por trazer para as ruas de São Paulo a sonoridade que tanto faltava em seu cotidiano, segundo pensavam os fundadores", comenta Zélia.

A coordenadora ainda explica as dificuldades de organizar os verbetes que acompanham a ficha técnica de cada jornal, que também trazem uma pequena biografia de seus diretores e editores principais. Zélia explica que estes dados foram conseguidos com dificuldade, apesar da vasta pesquisa realizada.

"Os empecilhos para conseguir informações sobre esses sujeitos foram significativos, em decorrência da falta de registros sobre o papel que ocuparam no período, além do engajamento nos 'periódicos da raça'", salienta. O material coletado, segundo, a pesquisadora, traz uma rica contribuição para ilustrar a projeção de homens e mulheres negros, em suas profissões, demarcando, assim, a tão sonhada inserção na sociedade brasileira.

"As cores dessa página (roxo e branco) prestam uma homenagem aos grupos liderados por Correia Leite, Lino Guedes, Jaime Aguiar e por Argentino Celso Vanderlei, que atuaram de forma diversificada no campo cultural e tiveram como suporte O Clarim d'Alvorada e Progresso, jornais que divulgaram as realizações culturais e atividades das várias associações negras, em seus saraus, bailes, leituras de poesia, representações teatrais, e nas homenagens aos seus líderes nas festas cívicas organizadas pela comunidade negra, nos desfiles de suas agremiações nos carnavais da cidade de São Paulo, nos piqueniques, nas serestas e nas participações em festas gerais da cidade, ou nas de Nossa Senhora Aparecida, entre outras", analisa Zélia.

O projeto, financiado pela Pró-reitoria de Extensão Universitária (Proex) da Unesp, contou com o trabalho de alunos bolsistas do curso de graduação em História, da FCL de Assis, que organizaram fichas que contemplam os dados essenciais sobre cada jornal, cujo objetivo é permitir aos pesquisadores e demais interessados as informações fundamentais sobre essa imprensa. Além das fichas técnicas, foram feitas pesquisas em fontes diversas (sites que poderiam trazer informações, já acessíveis ao público, sobre esses protagonistas, Enciclopédias, produções historiográficas e de memorialistas), para elaboração de pequena biografia dos editores e diretores desses periódicos. "Todos os passos de construção desse instrumento de pesquisa foram cuidadosamente supervisionados", lembra Zélia.

Informações:
Catálogo da Imprensa Negra (1903 a 1963)
Coordenadora do projeto: Zélia Lopes da Silva
Fone: (18) 3302-5835
E-mail: cedap@assis.unesp.br

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