S. Paulo - Na crise da economia que afeta o mundo - a maior desde 1.929, segundo todos os analistas - e atinge o Brasil com a perda de milhões de postos de trabalho, quem “dança” primeiro são os negros, jovens e mulheres, segundo dados da Pesquisa Mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a pesquisa, encomendada pelo Jornal Folha de S. Paulo, pretos e pardos já representavam 52,4% dos 1.606 milhões de desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do país, em dezembro de 2.008.
Para o gerente da Pesquisa, Cimar Azeredo Pereira, os impactos da crise sobre o mercado de trabalho, ainda não estão totalmente claros, uma vez que se mostraram muito sutis na pesquisa de dezembro. Ele lembra que a concessão de férias não aumentou fora do padrão histórico em dezembro, diferentemente do que poderia se esperar diante das notícias de férias coletivas em empresas como a Vale e montadoras e fabricantes de autopeças.
Segundo o economista Fábio Romão, da LCA, especializado em mercado de trabalho, no entanto, a piora nos indicadores da pesquisa do IBGE vai aparecer com mais nitidez em janeiro. Em dezembro, o Cadastro Geral de Empregados (Caged) indicou 655 mil demissões. Embora, não exista recorte de raça nos dados, sabe-se agora qual a cor dos que romperam o ano vendo a crise bater à porta.
Também as mulheres, mais voltadas para o trabalho doméstico e recebendo 70% do salário dos homens, representaram na média de 2.008, 58,1% dos desempregados, percentual que já era de 58,4% em dezembro quando a crise já havia se instalado. Em 2.003 era de 54,6%.
De acordo com o economista, o retrato mais marcante da atual crise é seu impacto no emprego industrial, que já registrou queda de 2,4% (90 mil pessoas) em dezembro. Romão acrescenta que, ao afetar mais a indústria e menos os serviços, o emprego fora dos grandes centros urbanos terá um desempenho relativamente melhor neste ano e este é o motivo do descompasso entre os dados da pesquisa do IBGE e os do Caged, situação que deve se repetir nos próximos meses
Desvantagem
Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão do Ministério do Planejamento, mostram que um branco no Brasil tem 30% mais chances do que um negro de conseguir emprego e que a probabilidade de um branco ascender na profissão é 120% maior que a de um negro. O mesmo estudo revela que o negro é o primeiro a entrar no mercado de trabalho e o último a sair e que a expectativa de vida dos negros é de apenas 59 anos, contra 64 anos dos brancos.
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