S. Paulo – Animados com a sentença da juíza substituta da 6ª Vara Criminal de Brasília, Geilza Fátima Cavalcanti Diniz, que absolveu o estudante Marcelo Valle Silveira Mello das acusações da prática de racismo na Internet em processo movido pelo Ministério Público, grupos racistas voltaram à carga e retomaram a campanha de terrorismo e intimidação contra os jornalistas da Afropress, em especial, contra o seu editor o jornalista Dojival Vieira.
Na nova etapa de terrorismo os racistas se utilizam das velhas táticas, como a postagem de informações falsas e difamatórias contra o jornalista, por intermédio de scraps no Orkut, de autoria fictícia.
No último dia 29 de julho, a juíza da 6ª Vara Criminal de Brasília, não apenas considerou inocente o estudante acusado pelos crimes da prática de racismo pela Internet, com base na Lei 7.716/95, como transformou a sentença em um libelo contra o sistema de cotas já adotado por mais de 50 Universidades brasileiras. O MP já recorreu da sentença que provocou revolta e indignação entre lideranças negras e anti-racistas.
O advogado processualista Renato Borges Rezende, que acompanhou o processo representando a ONG ABC sem Racismo, disse que a sentença causou perplexidade porque "é tecnicamente equivocada e politicamente uma senha para a impunidade”.“A juíza absolveu o acusado como se o mesmo fôsse mentalmente incapaz, o que já ficou demonstrado que não é, conforme ficou demonstrado em laudo do IML de Brasília.
O laudo provocado por ele próprio, que alegou insanidade mental, não deixou dúvidas: ele é mentalmente capaz e, portanto, responsável criminalmente”, afirmou.
O jornalista Dojival Vieira repeliu a nova etapa de terrorismo e intimidação dos racistas, que agora agem com a certeza da impunidade depois da sentença da juíza de Brasília, e adiantou que as as ameaças aos jornalistas da Afropress serão denunciadas internacionalmente por meio à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Para o jornalista o direito à informação e à liberdade de expressão estarão gravemente ameaçadas caso a sentença de Brasília – que na prática representa um incentivo a ação de racistas na Rede Mundial de Computadores - não seja reformada. Ele anunciou que também encaminhará ofícios com a denúncia a Associação Brasileira de Imprensa, ao Centro para a Justiça e Direito Internacional e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.“É preciso dar um paradeiro para que cessem as ameaças e os seus responsáveis sejam imediatamente identificados e exemplarmente punidos. Se isso não ocorrer, estaremos expostos aos delinquentes que usam a Internet para a prática de crimes com a certeza da impunidade”, concluiu.
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