"Existem duas maneiras de se perder: por segregação, emparedado no particular ou por diluição no universal...""Minha concepção do universal é de um universo rico de todo um particular com a existência e aprofundamento de todos os particulares"
Essas palavras, que valem para qualquer grupo étnico, foram escritas por Aimé Césaire, que morreu no dia 17 de abril de 2008, com 94 anos. Aimé Fernand David Césaire, nasceu na Martinica, ilha do Caribe, em 1913.
Em 1931 ganhou uma bolsa de estudos e foi estudar em Paris.
Em 1934 fundou a revista "O Estudante Negro", com Léopold-Sedar Senghor (político e poeta senegalês, morto em dezembro de 2001) e outros militantes do movimento.
Em 1936 começou a escrever e três anos mais tarde retornou à Martinica. Fundou a revista "Trópicos" e a partir de 1945 iniciou carreira na política.
Aimé foi eleito prefeito da capital, Fort de France, chegando mais tarde a ser eleito também deputado. Manteve as duas carreiras até 2001.
Aimé foi um dos militantes negros mais importantes do século 20 e uma das figuras fundamentais na luta contra o racismo.
Foi na revista Estudante Negro, que a palavra “negritude” foi empregada por Aimé Césaire pela primeira vez designando a rejeição da assimilação cultural e de uma certa imagem do negro pacífico, incapaz de construir uma civilização. Como todo movimento reivindicador, a “Negritude” foi marcada por uma literatura que, mais do que um movimento literário, foi um ato político, uma afirmação de independência, um clamor por reconhecimento. Nessa época o objetivo era a união para combater a discriminação, dando-se ênfase à reflexão sobre a condição do negro e sua relação com o colonizador. Assim, intelectuais haitianos, senegalêses, caribenhos, criaram, em Paris, as revistas “La Légitime Défense” (A Legitima Defesa) e “La Revue du Monde Noir” (A Revista do Mundo Negro), considerado por Aimée Césaire, Sénghor e Damas(Guiana Francesa) como parte do movimento da “Negritude”.
O Movimento sofreu muitas contestações, a começar pelo nome. Alguns escritores ocidentais diziam que a negritude era um movimento racista. O que não era verdade porque para a "Negritude", foi importante no início falar da raça, realçar os seus valores, sua dignidade para poder afirmá-los. Senghor ia além, para ele a "Negritude" era um humanismo, porque todas as raças tinham lugar neste universo civilizacional de inspiração do homem.
É importante dizer que a "Negritude" não surgiu apenas para recuperar a dignidade e a personalidade do homem africano, mas também como um movimento que impulsionou a descolonização em África. Cesaire escreveu diversos ensaios, entre eles “Discursos sobre o Colonialismo e “Toussaint Louverture: a Revolução Francesa e o problema colonial”. Escreveu também inúmeras poesias e peças de teatro mas é pouco conhecido no Brasil, onde só esteve uma vez. Ainda assim, não se pode falar de promoção da igualdade sem citar seu nome.
Fonte: Assessoria Internacional da SEPPIR/ PR
Um comentário:
Obrigada pela postagem, estou fazendo um trabalho sobre Negritude e o artigo foi muito útil, devo usá-lo e citar as fontes com os devidos créditos.
Obrigada.
maria júlia
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