Brasília – No mesmo dia em que o Brasil lembrou a passagem dos 120 anos da Abolição, estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada, órgão ligado ao Ministério do Planejamento do Governo, afirma que o país levará pelo menos 32 anos para igualar salários de negros e brancos e 50 para igualar as oportunidades.
Hoje os negros ganham menos, trabalham mais sem carteira assinada e são a maioria em serviços domésticos, agricultura e construção civil, de acordo com a pesquisa “Desigualdades raciais, racismo e políticas públicas: 120 anos após a abolição”, divulgado pelo IPEA.
Segundo Mário Lisboa Teodoro, diretor de cooperação de desenvolvimento do Instituto, as políticas universais não são suficientes para resolver a questão racial."A diferença entre brancos e negros com acesso à universidade triplicou, saindo de 4,3% em 1976 para 13%em 2006", disse.Para Teodoro, ao contrário dos EUA, que construíram escolas após o fim da escravidão, no Brasil historicamente não houve investimento de dinheiro público na população negra.
O estudo também prevê que ainda este ano, a população negra, que hoje corresponde a 49,5% da população, se tornará maioria, porém, permanecerá convivendo com a desigualdade no acesso a bens, a serviços e a direitos fundamentais, como Educação, por exemplo.
Os pesquisadores analisaram variáveis agregadas para todo o país sobre população, escolaridade e renda e compararam por faixas etárias entre negros e brancos a partir de dados primários do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).O trabalho, que será transformado em livro a ser lançado ainda este ano, foi realizado por técnicos da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, entre os quais Sergei Soares, Luciana Jaccoud e André Campos.
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