Defensores das cotas sociais e estudantes que deixaram de ingressar no Ensino Superior devido à reserva de vagas ficaram frente a frente por alguns minutos, ontem, na reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Depois de uma tentativa frustrada de diálogo, os dois grupos se exaltaram, bateram boca e entoaram palavras de ordem.
Programada desde a semana passada, a mobilização do movimento anticotas teve início às 14h reunindo cerca de 40 candidatos que não conseguiram vaga na universidade e mães de vestibulandos frustrados.
Enquanto ainda ajeitavam os narizes de palhaço que dariam o tom do protesto e discutiam os rumos da mobilização dos anticotas, foram surpreendidos pela chegada em bloco de manifestantes pró-cotas liderados por membros do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS.
Munidos de faixas, folhetos e de um potente megafone, o grupo entoava "ô abre alas, que eu quero passar, ô abre alas, o negro vai entrar". Logo, os dois grupos se encontraram diante da porta da reitoria, que se encontrava fechada.
Do lado de dentro, servidores acompanhavam o embate.- Estudem para entrar na universidade - gritou uma candidata reprovada, integrante da ala anticotas, apontando o dedo em riste na direção do grupo adversário.- Democracia - foi a resposta.
Vinte e nove ações contra reserva na Justiça Federal
Coordenador-geral do DCE, Rodolfo Mohr tentou serenar os ânimos para explicar que a intenção não era provocar atrito, mas "abrir um debate sobre para que serve a universidade".
Bastou um grito, emitido pelo líder do movimento contrário às cotas, Anderson Gonçalves, para reacender os ânimos:- Eu discordo dessa palhaçada - exaltou-se.
Em seguida, voltaram os brados de parte a parte e um apitaço.
Os opositores da reserva de vagas decidiram partir em marcha até o Ministério Público Federal para pedir o ingresso no Ensino Superior sob o argumento de que as cotas seriam inconstitucionais ao diferenciar os candidatos.
A procuradora regional dos Direitos do Cidadão, Suzete Bragagnolo, afirmou a uma comissão de representantes que o MPF ainda analisa a questão e deverá se posicionar sobre o assunto.
Na Justiça Federal, até ontem à tarde, já haviam entrado 29 ações contestando o resultado do vestibular na UFRGS.
Conforme a assessoria de imprensa, apenas uma liminar foi parcialmente deferida, garantindo provisoriamente a vaga para o reclamante enquanto não há uma decisão em definitivo.
A próxima manifestação anticotas será na quarta-feira, com saída da Praça da Matriz, às 14h, em direção ao Tribunal Regional Federal. ( Fonte Zero Hora 29/01/2008)
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