S. Paulo - O caso da ausência de modelos negros nas passarelas dos maiores eventos de moda do país, como a São Paulo Fashion Week, será investigado pelo Ministério Público de São Paulo, que abriu inquérito civil para apurar a eventual prática de racismo nos desfiles.
O ponto de partida da apuração serão os levantamentos feitos pelo Jornal Folha de São Paulo nos últimos dias 17 e 18 e reproduzidos pela Afropress sob o título “Passarela branca”, em que dos 344 modelos que desfilaram, apenas oito eram negros – 2,3% do total.
O número de negros nos 40 desfiles ocorridos durante a SPFW – que começou no dia 16 e terminou nesta segunda-feira, 21/01 – confirmam a exclusão.
De acordo com levantamento feito pela Folha, dos 1.128 modelos, apenas 28 eram negros – ou seja 2,5% do total.
Segundo a mais recente PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio do IBGE -, 49,5% da população brasileira é negra (preta e parda) contra 49,7% da população que se audodeclara branca.
O tema da edição deste ano foi, justamente, a diversidade racial, cultural e social, existente no país.
Segundo as promotoras Érika Pucci da Costa Leal e Cláudia Maria Beré, do Grupo de Inclusão Social do Ministério Público de São Paulo, “é necessário o combate à prática de todas as formas de discriminação, mais ainda quando ocorrem em eventos da magnitude e repercussão da SPFW”. Os promotores da feira de moda reagiram.
O diretor da SPFW, Paulo Borges, atribuiu a ação do MP a tentativa “de alguém querendo se promover às custas do evento”. "Esse problema existe há muito tempo, e a culpa não é dos estilistas, é de todo um sistema. Se quiserem resolver o problema da discriminação no mercado de trabalho, que comecem nas escolas, nos berçários, nas periferias. O Ministério Público que vá a esses lugares para obrigar que haja alimentação, educação e oportunidades para todos. No abrigo onde eu adotei o meu filho, tem 30 meninos iguais a ele", afirmou.
O diretor, que tem um menino negro de dois anos, adotado, disse que a falta de negros nas passarelas “é resultado da exclusão cultural, social e econômica”. "Mas o fato é que também há poucos negros preparados para a carreira de modelo. Não é preconceito, é uma herança. Quem tem que mudar isso é a sociedade", afirmou ele.
( Fonte www.afropress.com)
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