Rio - O jornalista Marcio Alexandre Martins Gualberto, da Comissão Executiva do Congresso de Negros e Negras do Brasil (CONNEB) e dirigente do Coletivo de Entidades Negras (CEN), disse que a Seppir - a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, "uma conquista do Movimento Negro” - ao invés de servir ao Movimento “serve como amortecedor de críticas desse setor ao próprio governo. “Os negros que ficam dentro dos partidos da base do governo, posando como se toda agenda do MN se resolvesse pela via partidária acabam também cumprindo esse papel e ajudam a fortalecer o discurso sem pé nem cabeça do presidente”, afirmou, referindo-se à declarações do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo as quais, o Estatuto da Igualdade Racial, que está no Congresso há 12 anos, ainda não foi votado por desunião das lideranças.
Respondendo à críticas feitas pela coordenação política do Congresso do Rio Grande do Sul, que recentemente lançou manifesto responsabilizando “pseudo-lideranças” pelos desacertos na organização do Congresso, Alexandre disse estranhar que a cobrança venha de onde está vindo de militantes de um modo geral, vinculados a organizações nacionais que fazem parte da direção do Congresso (CONEN, MNU e UNEGRO).
“Ora, a minha leitura é simples, há setores que estão usando o CONNEB para amplificar suas próprias disputas internas”, assinalou.
O jornalista, que é colunista de Afropress, chamou de cínica a fala do Presidente Lula, para quem o Estatuto só não foi ainda aprovado pela desunião das lideranças negras. “É uma fala cínica. É a fala da elite branca de dizer que como nós somos desunidos por isso não resolvemos nossos problemas". Na longa entrevista concedida ao editor de Afropress, Márcio falou ainda do Estatuto, da complexidade do Movimento Negro e sobre o CONNEB acrescentou: “Penso que temos que ser menos histéricos em algumas posições que assumimos. Precisamos entender o CONNEB como um processo amplo e que não se esgota em si mesmo”.
Veja entrevista completa no www.afropress.com
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