S. Luiz - A técnica de enfermagem Dulcinéia Ribeiro Fonseca disse que entrará na Justiça para corrigir os desencontros e erros ocorridos no Vestibular deste fim de semana da Universidade Federal do Maranhão, no qual sua filha Ana Caroline Ribeiro Fonseca, mesmo sendo negra, foi impedida de concorrer a uma vaga pelo sistema de cotas para negros na Universidade.“Nós queremos entrar com um processo por danos morais e também recorrer ao Ministério Púbico”, garantiu Dulcinéia a repórter Suzana Beckman, do Jornal O Imparcial, de São Luiz.
Na sexta, ela e mais outras duas pessoas negras tentaram entrar com mandado de segurança para garantir que suas provas fossem incluídas no sistema de cotas, porém, desistiram, ao saberem que teriam de pagar R$ 250,00 para bancar o processo. “Eu não tinha esse dinheiro, então tivemos que desistir”, desabafou Dulcinéia.
Ana Caroline fez as provas no domingo no sistema universal e ficou de fora da classificação, mesmo tendo uma irmã com mesma tonalidade de pele que já entrou pelo sistema de cotas.
Não basta ser negro
Segundo o professor Carlos Benedito Rodrigues, chefe da Comissão de Validação do Apoio à Universidade, a cota no Maranhão, não é para comprovar a ancestralidade, mas sim uma avaliação da pessoa que se inscreveu. “Não basta ser negro para que a pessoa seja incluída no sistema. Isso vai da compreensão que o candidato tem do sistema de cotas, e da percepção da sua condição negra no dia-a-dia”, afirmou, sem explicar quem é que atribuiu poder a um grupo de dizer quem é negro ou não. A existência de racismo no Brasil é admitida por 87% da população, segundo Pesquisa da Fundação Perseu Abramo, de 2.003. Carlos Benedito, Carlão, é militante destacado no Movimento Negro maranhense.Mesmo assim, ele admite que pode ter havido engano no processo de seleção. “Temos que avaliar com cuidado a ficha dos examinadores e a situação das duas entrevistadas. Pode ser que os entrevistados tenham tido concepções diferentes das duas entrevistadas, ou pode até ter havido falha humana, ou erro na hora de se lançar a informação no computador”, justificou, admitindo a adoção de critérios subjetivos da comissão formada por pessoas negras - incluindo o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e entidades do Movimento Negro, nas entrevistas dos candidatos ao sistema.
Sistema no MA
Na UFMA, o sistema de cotas começou a ser aplicado a partir do ano passado. Inicialmente, foi chamado de “Sistema de Cotas para negros passíveis de discriminação”. A seleção era feita por foto, antes da primeira etapa do vestibular.Este ano, porém, a seleção dos cotistas passou a ser feita entre a primeira e a segunda etapa – assim, era exigido que o candidato obtivesse pelo menos a aprovação na etapa objetiva. Uma equipe de 25 pessoas composta por membros do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) e por diversas entidades ligadas ao movimento negro se encarrega de fazer a avaliação dos candidatos, através de entrevista. Além da cor negra, são considerados também aspectos como a realidade social do candidato e o fato de ele já ter sido ou não vítima de discriminação. ( fonte www.afropress.com.br)
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