Com os resultados obtidos nas últimas prévias, para a escolha do candidato ou candidata democrata na corrida pela Casa Branca, Obama reafirma a sua real possibilidade de sentar na cadeira mais cobiçada da terra.
Incontestável! É o vocábulo mais apropriado para definir a vitória de Obama, na madrugada de sábado 09/02, sobre Hillary Clinton, com larga margem de percentual, nos Estados de Louisiana, Nebraska, Washington e nas Ilhas Virgens, locais onde houve prévia. No discurso proferido por Hillary, levado ao ar pela CNN, ficou nítido o desapontamento da candidata em saber que: mesmo utilizando a sua maior artilharia, o ex-presidente Bill Clinton, não conseguiu impedir o avanço de seu oponente, sofrendo uma dupla derrota e vendo escorregar por entre os dedos, a possibilidade de sua indicação para a disputa em novembro.
Por outro lado, o candidato Obama se vê aliviado do temor que rondava a sua campanha, primeiro pela força política que a Hillary representa, influenciada pelo posto de Primeira Dama, exercido nos anos noventa. Além do êxito que poderia obter o ex-presidente, na conquista dos votos dos afro-americanos, principalmente nos estados do sul – de maioria negra – pela atuação em seu governo na implantação de políticas de ação afirmativa, por meio de leis equivalentes a medida provisória, artifício bastante utilizado pelos governos brasileiros.
A dupla vitória de Obama se concretiza, na medida em que, além de derrubar a candidata franca favorita para as prévias de seu partido, está derrotando o prestígio, o poder e a simpatia do ex-presidente Clinton.A vitória de Barack Obama para Presidente dos Estados Unidos, caso aconteça, será uma fonte de argumentos para muitas discussões sobre o modelo de discriminação racial praticado nos Estados Unidos, em contraste com o modelo brasileiro.
Muitas pessoas repudiam o formato norte-americano e defendem o modelo, dissimulado, praticado aqui; sustentam a idéia de que o negro brasileiro tem total inserção na sociedade; usam os casamentos inter-raciais alegando uma integração étnica e mencionam que as oportunidades são para todos, independentemente da cor da pele, como se vivêssemos em uma democracia racial. Quando é que vamos perceber que no Brasil, a cor da pele sobrepõe-se à capacidade intelectual? E que a etnia pode ser o fator preponderante, para se ascender a um cargo de chefia? O preconceito brasileiro não permitiria jamais, que um negro chegasse no estágio ao qual o Senador Barack Obama chegou.
Basta olhar para o nosso quadro político, para se ter uma idéia do que isso significa.Qual o número de negros ocupando as cadeiras de deputado (estadual e federal), senador, prefeito, governador....? Fique atento para o número de vereadores negros em sua cidade!
As diferenças culturais, sociais e econômicas, provocadas por modelos diferentes de escravização, abolição e pós-abolição, entre o Brasil e os Estados Unidos, sugerem que não façamos comparações entre as formas de preconceitos étnico-raciais existentes entre eles, correndo o risco de defender uma, em detrimento da outra, quando o mais correto seria abominá-las.A era Obama pode provocar uma mudança na postura dos eleitores e lançar uma luz sobre a inconsciência coletiva do povo brasileiro. Não podemos esquecer que a população negra norte-americana é de 13% e a brasileira, segundo o IBGE, 45%.
(Fonte www.afropress.com.br )
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