Brasília -
Matilde Ribeiro não é mais, desde a tarde desta sexta-feira (01/02) a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Cedendo as pressões para que renunciasse para evitar que o caso do uso dos cartões corporativos do Governo acabe numa CPI, - conforme adiantou a Afropress -, a ministra entregou a carta de demissão do cargo, numa audiência no início da tarde com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na audiência foi lacônica: “Diante dos fatos, solicito meu desligamento”, afirmou, depois de duas semanas em que virou foco e alvo por ter usado no ano passado 171,5 mil com pagamento de restaurantes, hotéis e aluguel de carros no cartão corporativo.
Na entrevista que se seguiu a audiência, porém, a ministra atribuiu a responsabilidade por ter usado indevidamente o cartão a dois dos seus assessores – o subsecretário de Planejamento e Formulação de Políticas, Carlos Eduardo Trindade Santos, e o assessor de Projetos Especiais, Antonio da Silva Pinto.
Ambos a teriam induzido a erro. "Assumo o erro administrativo no uso do cartão. Os fatos partiram da dificuldade com deslocamento e hospedagem fora de Brasília. Foi um erro administrativo que pode e deve ser corrigido.Não estou arrependida. Fui orientada a usar o cartão", disse anunciando a exoneração dos dois assessores, que deverá ser publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (06/02).Nem Trindade nem Pinto foram encontrados. Os celulares estavam na caixa postal e suas respectivas secretárias não tinham ainda conhecimento da exoneração.
Falta de estrutura
Matilde também culpou a falta de estrutura da pasta e destacou que outros ministros também fizeram uso do mesmo. "Este erro não foi cometido exclusivamente por mim", afirmou, evitando lembrar que enquanto gastou R$ 171,5 mil reais, a Secretaria da Administração da Presidência gastou R$ 4 milhões.
Parte desses gastos foram feitos pelo assessor especial de Lula, José Henrique de Souza, apontado como responsável pela dispensa do Presidente e família. Souza consumiu no ano passsado R$ 114.944,73 só com a compra, principalmente, de carnes e bebidas em casas de Brasília, especialmente para a Granja do Torto, residência oficial do Presidente.
No lugar de Matilde assume, interinamente, o sociólogo mineiro Martvs Chagas, 40 anos, que até aqui ocupava o cargo de Secretário adjunto.
No final da tarde, a Assessoria de Comunicação divulgou carta do Presidente à Matilde, em que o mesmo diz saber "das imensas dificuldades, arraigadas por séculos de preconceito, que Vossa Excelência teve de enfrentar no exercício de suas funções". "Por entender as razões políticas do gesto, aceitei seu pedido de demissão.
E estou seguro de que a companheira, por quem mantenho intactos o apreço e a confiança, continuará a ser uma das principais referências para todos aqueles que lutam contra o racismo, o preconceito e a exclusão social em nosso país", finaliza Lula. ( fonte www.afropress.com.br)
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