Lutar pelos direitos do negro e pelo respeito a sua ancestralidade faz parte da história de Vanda Menezes desde os seus 18 anos de idade. Foi um episódio de racismo contra um amigo seu, Marcelino Dantas, que fora impedido de entrar em um clube privado de Maceió por ser negro o estopim para levar a jovem Vanda a sair às ruas e participar de palestras contra o racismo.
Foi também fundadora, em 1979 da Associação Cultural Zumbi, Regulamentada em 1981 foi a primeira entidade do estado a promover a militância do Movimento Negro.
Das lutas da negritude, Vanda, perita da Polícia Civil de Alagoas há mais de 20 anos, chegou então a outra base de mobilização. Começava a sua inserção no movimento feminista, na década de 80. Mais uma vez sua árdua capacidade de mobilizar e aglutinar mulheres alagoanas a levou a ser titular do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.
Mas o que move Vanda a seguir na batalha pela igualdade e respeito as mulheres. "O feminismo me traz uma visão de confirmação, de ser mulher. O movimento negro sim me completa, me conscientiza sobre a eqüidade, a organização para a conquista da igualdade. Na luta pelos negros e também pelas mulheres, digo que consegui todos os ganhos profissionais que tive na vida, além de um intenso amadurecimento político", explica Vanda.
O que mudou na conjuntura de lutas do Movimento Negro dos anos 80 até os dias atuais? Para Vanda Menezes a conjuntura a qual se vive no país hoje é outra. "Passamos por uma época de silêncio. Hoje, vimos que a inauguração deste Memorial do Quilombo dos Palmares é resultado de nossa batalha anterior, de uma geração que soube o que quis e que saiu as ruas em busca da igualdade racial. Cito também, com imensa satisfação, a presença jovem na CIAD, realizada em 2006 na Bahia. Jovens gritando e protestando em defesa da política de cotas e de acesso à universidade", cita.
A militante não deixa ainda de dizer que tem em seu compromisso de luta - porque ainda está na militância negra não só em Alagoas, mas também presente em vários eventos pelo Brasil - de passar e trocar experiências com os mais jovens acerca de uma visão democrática de mundo, uma visão africanista a qual propõe a união, a solidariedade e o coletivo.
Desafios? Claro, e são muitos. Vanda ainda lembra com tristeza, a visão eurocêntrica ainda presente em todos os segmentos sociais brasileiros. "Somos mais de 45% da população brasileira (negros) e ainda não conseguimos quebrar os paradigmas machistas e racistas de nossa sociedade. O que temos que fazer, como militantes, é trabalhar pela conscientização e pelo fazer coletivo junto aos nossos quilombolas e população negra em geral". Como mensagem, Vanda deixa um importante saber a todos, no alto dos seus 26 anos de Movimento Negro. "Ninguém nasce odiando ninguém pela sua cor de pele, ideologia e religião. Nòs aprendemos a odiar e também aprendemos a amar. Lembro que nossa resistência é africana. Nossa alegria e nosso viver é africano", finaliza Vanda Menezes, mais uma Personalidade Negra homenageada e contada pelo Portal Palmares. ( fonte www.palmares.gov.br)
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