O "debate" foi esquentado na véspera do Carnaval e certamente vai prosseguir na Quaresma porque outro ministro enredado na farra do cartão corporativo, Orlando Silva (Esportes), também é afrodescendente.
"Matilde Ribeiro foi vítima da tradição racista do Estado brasileiro e tratada como bode expiatório da farra dos cartões corporativos." Esta é a opinião do Coordenador do Movimento Brasil Afirmativo, Dojival Vieira.
O tratamento seria diferente no caso de envolvimento de um ministro branco: "O chefe do mensalão, José Dirceu, só saiu quando foi cassado pelo Congresso. Já a Benedita Silva, por irrisórios quatro mil reais que utilizou para ir a Buenos Aires participar de um culto evangélico, também foi execrada e colocada no ostracismo político" (Agência Brasil, 3/2).
A mídia apenas serviu-se de um mecanismo recentemente introduzido pelo governo para tornar mais transparentes os seus próprios gastos.
A mídia apenas serviu-se de um mecanismo recentemente introduzido pelo governo para tornar mais transparentes os seus próprios gastos.
O Portal da Transparência, administrado pela Controladoria Geral da União (CGU), pode ser acessado por qualquer cidadão.
Se os gastos da ministra Matilde Ribeiro tiveram mais destaque do que os de seus colegas isso nada tem a ver com racismo, mas com o volume (ela foi a campeã das irregularidades). A argumentação do militante é visivelmente inconsistente: José Dirceu deixou o ministério muito antes de ser cassado pela Câmara Federal. Os "irrisórios" quatro mil reais tirados do bolso do contribuinte para cobrir despesas pessoais da ex-ministra Benedita da Silva configuram uma infração.
Status ministerial
O que o coordenador do Movimento Brasil Afirmativo não quer enxergar é que a ministra Matilde Ribeiro foi levada a pedir demissão não porque seja negra, mas porque o governo precisava abortar a pressão da sociedade por uma devassa no uso dos cartões corporativos por parte de altos funcionários. Esta devassa fatalmente chegaria à Presidência da República e o estrago seria fatal, mesmo que parte das despesas nesta área esteja protegida por cláusulas de segurança.
Neste caso dos cartões corporativos, a mídia está cumprindo com as suas atribuições. Se o ministro Orlando Silva, não obstante a celeuma, não hesita em gastar R$ 2.154,50 do Erário no aluguel de uma sala de reuniões no luxuoso Hotel Renaissance (São Paulo) para convocar uma entrevista coletiva e defender-se de acusações no tocante ao seu comportamento pessoal, evidencia-se o nível de confusão entre o público e o privado que ainda reina nos altos escalões da República.
É evidente que a saída da ministra Matilde Ribeiro deve alimentar a discussão sobre a necessidade de manter o status ministerial da Seppir. Uma secretaria dentro do poderoso Ministério da Justiça, além de menos onerosa, talvez fosse mais eficaz. E se a imprensa aproveitar o episódio para discutir o excesso de ministérios não estará sendo racista ou elitista.
Se os gastos da ministra Matilde Ribeiro tiveram mais destaque do que os de seus colegas isso nada tem a ver com racismo, mas com o volume (ela foi a campeã das irregularidades). A argumentação do militante é visivelmente inconsistente: José Dirceu deixou o ministério muito antes de ser cassado pela Câmara Federal. Os "irrisórios" quatro mil reais tirados do bolso do contribuinte para cobrir despesas pessoais da ex-ministra Benedita da Silva configuram uma infração.
Status ministerial
O que o coordenador do Movimento Brasil Afirmativo não quer enxergar é que a ministra Matilde Ribeiro foi levada a pedir demissão não porque seja negra, mas porque o governo precisava abortar a pressão da sociedade por uma devassa no uso dos cartões corporativos por parte de altos funcionários. Esta devassa fatalmente chegaria à Presidência da República e o estrago seria fatal, mesmo que parte das despesas nesta área esteja protegida por cláusulas de segurança.
Neste caso dos cartões corporativos, a mídia está cumprindo com as suas atribuições. Se o ministro Orlando Silva, não obstante a celeuma, não hesita em gastar R$ 2.154,50 do Erário no aluguel de uma sala de reuniões no luxuoso Hotel Renaissance (São Paulo) para convocar uma entrevista coletiva e defender-se de acusações no tocante ao seu comportamento pessoal, evidencia-se o nível de confusão entre o público e o privado que ainda reina nos altos escalões da República.
É evidente que a saída da ministra Matilde Ribeiro deve alimentar a discussão sobre a necessidade de manter o status ministerial da Seppir. Uma secretaria dentro do poderoso Ministério da Justiça, além de menos onerosa, talvez fosse mais eficaz. E se a imprensa aproveitar o episódio para discutir o excesso de ministérios não estará sendo racista ou elitista.
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