Porto Alegre/RS - A gaúcha Deise Nunes, 40 anos, a primeira Miss Brasil negra, diz a repórter Vivian Whiteman, para a coluna da Mônica Bergamo, da Folha, que algo está mudando para os negros. Ela acrescenta que está na hora de outra miss Brasil negra.
A ex- miss Brasil e atualmente modelo e apresentadora de TV, além de jurada em concursos, foi descoberta para o Miss Brasil quando, em 1.984, concorreu ao concurso Rainha das Piscinas, realizado em Porto Alegre. O concurso era considerado uma das vitrinas para mulheres que ambicionavam ao título de a mais bonita do Brail.
A ex- miss Brasil e atualmente modelo e apresentadora de TV, além de jurada em concursos, foi descoberta para o Miss Brasil quando, em 1.984, concorreu ao concurso Rainha das Piscinas, realizado em Porto Alegre. O concurso era considerado uma das vitrinas para mulheres que ambicionavam ao título de a mais bonita do Brail.
Ela conquistou o título mas a coroação, ela lembra, foi tumultuada. As famílias das demais candidatas reclamaram e a votação teve de ser repetida por três vezes para confirmação da vitória de Deise. O motivo, era mais do que previsível, considerando-se que Deise, sendo negra, concorria ao título de Miss, em um dos concursos mais representativos do Rio Grande do Sul, conhecido pela beleza das mulheres loiras, em virtude da forte presença da imigração européia. Eleger uma negra era um absurdo, achava o coro dos inconformados.
Comentários maldosos
“No dia, percebi alguns comentários maldosos, mais só fui saber dos detalhes depois. Foi uma passagem lamentável”, lembra Deise que, dois anos depois, – em 1.986 – foi coroada a primeira - e até hoje única – Miss Brasil negra.No Concurso Miss Universo ela ficou entre as finalistas, terminando em sexto lugar. “As outras concorrentes estranhavam.
Geralmente as negras do concurso vinham só da África. Hoje isso já mudou um pouco”, acrescenta.O incidente na primeira competição em Porto Alegre, por pouco não fez Deise desistir da carreira de modelo. Segundo ela isso só não aconteceu por conta dos conselhos recebidos da mãe. “Ela me mostrou que o racismo existia, mas que eu não poderia aceitá-lo calada. Muitos negros se resignaram, aceitaram a vitimização. Eu não me conformo com isso. É tudo difícil, mas é preciso insistir e insistir mais, até o fim”, acrescentou.
Hoje, casada, mãe de dois filhos, morando em Porto Alegre e trabalhando como modelo e apresentadora de programas de TV, ela está otimista com os sinais de mudança. “Os negros deixaram de ganhar só os papéis de pobres e de marginais nas novelas e nos filmes. O novo presidente dos EUA é negro. Algo está mudando de fato. Já está na hora de aparecer outra miss Brasil negra. Espero que ela possa chegar mais longe do que eu”, conclui.
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