S. Paulo – Enquanto o projeto que declara feriado nacional o 20 de Novembro, dia dedicado à memória de Zumbi dos Palmares, continua parado no Congresso, no Brasil, o número de cidades, que adotaram o Dia Nacional da Consciência Negra como feriado municipal, passou de 276 para 303 - um aumento de 91% em relação ao ano anterior.
O Brasil tem 5.664 municípios.E
m S. Paulo, com 645 municípios – e que tem a maior população negra do país em números absolutos com 12,5 milhões de afro-brasileiros - o número de cidades pulou de 66, em 2007, para 90 este ano – um aumento de 73% em relação ao ano anterior. O aumento do número de cidades que adotaram o feriado municipal, reflete o crescente avanço da consciência da sociedade civil, que andou na frente do Congresso Nacional e tomou a iniciativa de reconhecer a data por meio das suas Câmaras Municipais.
No Congresso, o projeto do senador Paulo Paim, que declara a data feriado nacional – a exemplo do Estatuto da Igualdade – continua parado, sem previsão de ser levado à plenário para votação.CapitaisEntre as 27 capitais do país, apenas São Paulo, Rio, Manaus, Cuiabá e Maceió instituíram o feriado. No nordeste, com uma população majoritariamente negra ou parda, são apenas seis o número de cidades que celebram a data.
Em Salvador, por exemplo, onde 80% da população é negra, o dia é lembrado por entidades e organizações do Movimento Negro, porém, não é feriado.Parada NegraEm São Paulo, onde nos últimos dois anos, de 20 a 30 mil pessoas tomaram a Avenida Paulista na Parada Negra – realizada simultaneamente à Marcha da Consciência Negra – este ano haverá apenas a V Marcha, organizada pela UNEGRO, a CONEN e o CNAB – Congresso Nacional Afro-Brasileiro -, entidades ligadas, respectivamente ao PC do B, PT e PMDB.
A V Marcha sairá da Avenida Paulista com quatro trios elétricos, seguindo pela Consolação até o Vale do Anhangabaú, onde se dispersará. A manifestação, a exemplo do ano passado, tem o apoio da Prefeitura.
Na praça da Sé, a Assessoria de Gênero e Etnia da Secretaria de Cultura do Estado programou shows musicais que que terão como ponto alto o show de Seu Jorge e da cantora Paula Lima.
A decisão dos organizadores da Parada, convocada pelo Movimento Brasil Afirmativo – articulação de lideranças negras e anti-racistas -, segundo um dos seus coordenadores, João Bosco Coelho, se deveu aos incidentes ocorridos no ano passado, quando entidades ligadas aos partidos, com infra-estrutura obtida em negociações com o prefeito Gilberto Kassab, do DEM, monopolizaram a manifestação chegando a proibir a presença nos carros de som de ativistas da Parada, obrigados a trocar as camisetas para subir nos carros de som.Segundo Bosco, a proposta é estimular entidades e ativistas que defendem um movimento negro independente de partidos e de governos, a realizarem a Parada nas próprias cidades, descentralizando a manifestação. “Não vamos disputar o metro quadrado na Paulista com quem não consegue se unir nem prá fazer uma manifestação numa data tão importante para os negros e para o Brasil. E depois é importante mesmo que a manifestação seja assumida pelo interior”, disse João Bosco.Baixada Santista.
No interior paulista, 17 municípios terão programações próprias em homenagem à data. Santos, pela primeira vez, terá feriado da Consciência Negra. Durante a próxima semana, diversos eventos homenageiam a comunidade, como exposições e workshops.Haverá uma caminhada com saída da igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, às 9 horas, e a apresentação da Escola de Samba X-9, na praça Mauá, ao meio-dia, ambos no dia 19. No dia 20, o busto de Zumbi, na praça Palmares, receberá flores às 11h30.
Em Cubatão, haverá ato público contra o racismo, antecedido de palestra do jornalista Dojival Vieira, editor de Afropress e da coordenação do Movimento Brasil Afirmativo sobre "Políticas Públicas para a População Negra". A palestra e o ato acontecem a partir das 20h, na Av. Nove de Abril, 2328 - sala 21 - Centro.
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