Salvador – Com o pedido de desculpas feito nesta quinta-feira pelo prefeito de Salvador João Henrique, pela derrubada por funcionários da Prefeitura, do Terreiro Oyá Onipó Neto, em Imbuí, acabou a greve de fome iniciada na sexta-feira da semana passada pelo líder religioso e coordenador do Coletivo de Entidades Negras (CEN), Marcos Rezende.
A retratação era uma das condições impostas por Rezende para encerrar o protesto, além da garantia da reconstrução do Terreiro e a permanência do templo no local, o que também foi assumido pelo prefeito.
Rezende estava sem ingerir alimentação regular desde sexta-feira (29/02) e já sentia um pouco de cansaço e tonturas, além de está hipoglicêmico (baixo nível de glicose no sangue). “Sinto algumas dores nas articulações, mas isto é parte da luta e a disposição e fé aumenta a cada dia”, afirmou ele à Afropress na tarde de quarta-feira.
O Terreiro, que fica na Avenida Jorge Amado, no Imbuí, foi demolido na quarta-feira (27/02), por uma equipe da Superintendência e Controle do Uso do Solo da Prefeitura (Sucom). O prefeito exonerou a responsável pela demolição – a Secretária de Planejamento Kátia Carmelo -, porém, recusava-se, até então, a pedir desculpas públicas pela violência de seus funcionários.Desde que começou a greve, Rezende permaneceu deitado em esteiras estendidas no barracão na parte que sobrou, ingerindo apenas água e se alimentando de um acaçá por dia, alimento feito à base de milho branco e envolto em folha de bananeira.
Segundo ele, o acaçá é um dos principais alimentos votivos do povo do candomblé – o elo de ligação com Oxalá. Uma comissão que foi formada em defesa do Terreiro – composta por filhos de santo da Casa, do CEN, da Associação de Defesa da Preservação Afro-Ameríndica (AFA), o MNU e do Círculo Palmarino, além de entidades negras baianas - fez o elo de ligação com as autoridades.Mesmo sabendo dos riscos à saúde (uma ambulância da SAMU monitora seus sinais vitais e o nível de glicemia) Rezende resistia encerrar o protesto até a tarde desta quinta-feira, quando finalmente, aconselhado e por lideranças do candomblé julgou que o objetivo do protesto tinha sido plenamente atingido.
Veja na íntegra, a entrevista concedida por Rezende, no www.afropress.com.br
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